É uma frase magistral, que projeta a nossa vida em Deus; e de lá, com a luz e a força que irradia, ela nos lança a serviço da humanidade. É a resposta que Jesus dá a uma pergunta formulada por um grupo de fariseus e por alguns homens de Herodes: deve-se ou não pagar o tributo às forças de ocupação romana? Essa pergunta era um estratagema para fazê-lo cair numa cilada. Se Jesus respondesse que sim, os fariseus o acusariam de colaboracionismo com o inimigo e assim Ele perderia a confiança do povo. Se respondesse que não, os herodianos, ligados à autoridade romana, diriam que Ele é um subversivo e o acusariam de ser agitador. Então Jesus pede para ver a moeda de prata com a qual se pagava o imposto e pergunta de quem são a imagem e a inscrição gravadas nela. Eles respondem que são do imperador. Se são do imperador, continua Jesus, que devolvam então a César aquilo que é de César. Desta forma Ele reconhece o valor do Estado e de suas instituições. Porém, sua resposta vai bem mais além, indicando aquilo que realmente é importante: devolver a Deus o que já é dele. Da mesma forma que na moeda romana está gravada a imagem do imperador, também no coração de cada ser humano está impressa a imagem de Deus: Ele nos criou à sua imagem e semelhança! Portanto, nós lhe pertencemos e a Ele devemos voltar. Somente a Ele deve ser dado o tributo total e exclusivo da nossa pessoa. O mais importante não é pagar o imposto ao imperador romano, mas dar a Deus a própria vida e o próprio coração.
“Devolvei, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus.”
Como podemos, então, viver esta Palavra de Vida? Renovando o apreço, o senso de responsabilidade e o empenho pela “coisa pública”, respeitando as leis, protegendo a vida, conservando os bens da coletividade: prédios públicos, ruas, meios de transporte… Mas, também, oferecendo a contribuição ativa, crítica e decidida de idéias, propostas, sugestões para um desenvolvimento cada vez melhor do bairro, da cidade, do país, sem ficar esperando de braços cruzados; prestando a nossa ação de voluntariado nas estruturas de saúde, de cidadania; fazendo o nosso trabalho com maior perfeição. Se executarmos as nossas tarefas com competência e amor, poderemos realmente servir Jesus nos irmãos e nas irmãs, e contribuir para que o Estado e a sociedade respondam ao projeto de Deus para a humanidade e estejam plenamente a serviço do homem.
“Devolvei, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus.”
André Ferrari, um contador de Milão (Itália), soube fazer do escritório, no Banco onde trabalhava, o lugar de atuação dessa Palavra de Vida. Ele escreveu: “Toda manhã, quando faltam poucos minutos para as 8:30h, bato o meu cartão, entro no prédio, e começo ali a minha labuta diária. Mas, como é estranho o meu trabalho: ir e vir, subir escadas, esperar diante de portas fechadas, receber e entregar fichas; e isso há tantos anos… Se eu mantiver a caridade, apesar dos contratempos, das cartas a serem refeitas três vezes, terei feito toda a minha parte, porque sinto que foi Jesus mesmo quem me colocou aqui”. “Sou um contador” – dizia ele, dirigindo-se com simplicidade a Jesus – “e te sirvo como contador. Eis a minha vida, Senhor, quero fazer com que ela se torne inteiramente Amor!”. Um dia, uma senhora idosa que, diante do seu guichê, sempre se sentiu tratada não como uma cliente anônima, mas como uma “pessoa”, desejando demonstrar a própria gratidão, lhe trouxe um saquinho de ovos. André morreu aos 31 anos, num hospital de Turim, após um acidente de moto. “Tenho mesmo que morrer assim, sozinho, sem ver ninguém dos meus?” A freira respondeu que era preciso aceitar a Vontade de Deus. Ao ouvir esta palavra, André se reanimou e disse, sorrindo: “Aprendemos a reconhecê-La sempre como nosso Ideal, mesmo nas pequenas coisas,” – e acrescentou, dando uma piscadela com aquele humor que lhe era característico – “inclusive no vermelho de um semáforo”. Ele obedeceu a Deus e naquela obediência de amor foi ao seu encontro. Chiara Lubich
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