Movimento dos Focolares

Rumo ao Genfest: um ano no Líbano

Out 5, 2017

Logo GenfestO testemunho de Lisa, jovem italiana, que passou um no Líbano. Superar os preconceitos é mais forte que abrir-se a outra cultura, até ao ponto de apaixonar-se por ela. O mundo sem fronteiras torna-se uma exigência.

20171005-01 (1)Depois que me formei em Letras e Relações Internacionais, fui para o Líbano para continuar o estudo de árabe e mergulhar, finalmente, naquela situação do Oriente Médio que tanto me fascinava. Parece estranho iniciar o relato de uma experiência começando pelo final, pelo momento da despedida, mas, é justamente nesses momentos que mais se entende o real significado de uma experiência vivida. Preparando a viagem de volta à Itália o meu pensamento foi até ao momento da chegada e me perguntei como é possível que o meu tão amado, tão esperado ano no Oriente Médio tivesse já terminado. Lembrei-me daquela jovem que dava os primeiros passos na caótica Beirute com a impressão de que todos a observassem porque é estrangeira. Porém, passado pouco tempo, as pessoas me paravam na rua e pediam informações falando árabe, pensando que eu fosse libanesa. Era, talvez, o meu olhar prevenido em relação a eles e não o contrário! No início surgia involuntariamente a desconfiança em relação ao novo ambiente, que me impedia de sair de mim mesma e querer bem as pessoas que passavam ao meu lado. Eu não havia ainda entendido que o ambiente que me circundava era simplesmente diferente, e não perigoso. Eu percebi o quanto a minha maneira de ver o Líbano mudou durante aquele ano. Antes eu notava especialmente as diferenças em relação à Itália; depois, me apaixonei rapidamente por aquele país, pela riqueza e variedade das religiões, das paisagens, da história: um povo que, não obstante o recente passado doloroso teve a capacidade de voltar a viver, cristãos e muçulmanos, lado a lado. Muito rápido me apaixonei pela espontaneidade e pela acolhida daquele povo e… Pela sua fantástica culinária! Tanto que me custou recuperar um pouco de objetividade para ver um país que, como todos os outros, vive as próprias contradições, como grande pobreza e riqueza ostensiva convivendo muito próximas. 20171005-01 (2)Lembrando-me daquele ano que passei no Líbano, durante o qual muitos aspectos da vida que, estando na Itália, parecem perigosos ou estranhos, difíceis ou desventurados, tornaram-se parte da minha vida cotidiana (por nada infeliz; ao contrário!) até o momento da despedida. Quando eu disse às crianças sírias, refugiadas – eu as ajudava nas tarefas escolares – que voltaria para a Itália, elas me responderam com um simples “Até a vista!”, fazendo-me entender que somos todos importantes e ninguém é indispensável. Dar-me conta de que, provavelmente, não saberei mais o que será da vida delas foi uma grande dor. Eu tive que me despedir dos amigos que conheci lá, a quem eu devo muito, esperando com todo coração de revê-los, sem poder ter certeza disto. Foi uma dilaceração entender que entre nós, de novo, existiria a distância, não só geográfica, mas, especialmente burocrática. Deixá-los sabendo que entre nós, novamente, existiria uma fronteira com vistos cujas exigências burocráticas, às vezes, são irritantes foi uma sensação insuportável. Mas hoje eu sei que esta dor é o preço a ser pago para ser “homem-mundo”, como nós, gen, dizemos. Agora, depois de ter deixado pedaços do coração em alguns lugares do mundo, o mundo unido não é mais somente algo que seria belo se existisse: um mundo sem fronteiras torna-se uma exigência.

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