Movimento dos Focolares

Deus ama a vida

Mar 27, 2020

Nestes dias de pandemia que afligem a humanidade, muitos se perguntam onde está Deus. O seguinte escrito de Chiara Lubich nos convida a acreditar que nada do que vivemos, embora muito doloroso, escapa ao seu amor e que por detrás de cada situação existe um objetivo positivo, mesmo que no momento não o vejamos.

Nestes dias de pandemia que afligem a humanidade, muitos se perguntam onde está Deus. O seguinte escrito de Chiara Lubich nos convida a acreditar que nada do que vivemos, embora muito doloroso, escapa ao seu amor e que por detrás de cada situação existe um objetivo positivo, mesmo que no momento não o vejamos. Falamos em Santa Viagem, encorajamo-nos reciprocamente a percorrer a vida como uma Santa Viagem. (…) E muitas vezes a imaginamos como uma série de dias que nos propomos viver com perfeição cada vez maior; com o nosso trabalho bem feito, com o estudo, o repouso, as horas que passamos em família, o esporte e os momentos de lazer vividos em ordem e em paz. Nós pensamos deste modo. Somos levados humana e instintivamente a esperar que seja assim, pois a vida é um contínuo tender à ordem, à harmonia, à saúde, à paz. (…) E agimos assim porque todo o resto é, sem dúvida, imprevisível, mas também porque, no coração humano, há sempre uma esperança de que tudo corra dessa forma, somente dessa forma. Na realidade, a nossa Santa Viagem se mostra diferente porque Deus a quer diferente. Ele mesmo pensa em introduzir, no nosso programa, outros elementos desejados ou permitidos por Ele, a fim de que nossa existência possa adquirir seu verdadeiro sentido e alcance o objetivo para o qual foi criada. São os sofrimentos físicos e espirituais, as doenças, as mil e uma dificuldades que falam mais de morte do que de vida. Por quê? Será que Deus quer a morte? Não! Porque Deus ama a vida, mas uma vida tão plena, tão fecunda, que nunca seríamos capazes de imaginar, apesar de toda a nossa tendência ao bem, ao positivo, à paz. A Palavra de Vida (…) nos esclarece a este respeito: “[…] Se o grão de trigo que cai na terra não morrer permanecerá só; mas se morrer produzirá muito fruto” (Jo 12, 24). Se não morre, o grão permanece bonito, sadio, mas fica só. Porém, se morre, multiplica-se. Deus quer que durante a vida experimentemos algum tipo de morte ou, às vezes, vários tipos de morte. Para Ele é este o sentido da Santa Viagem: produzir frutos. Fazer obras dignas d’Ele, é este o sentido da nossa vida. Uma vida rica, plena, superabundante, reflexo da sua vida. É preciso, assim, prever estas mortes, e nos dispormos a aceitá-las da melhor maneira. É um gesto inteligente, indispensável, genuinamente cristão escolhermos Jesus abandonado e renovarmos essa escolha cada dia; renovar aquele amor por ele, que desejamos seja preferencial. Isto nos dispõe […] a aceitar as grandes e pequenas mortes e também a ver aquilo que tínhamos programado ser enormemente superado, potencializado e fecundado. (…) São purificações passivas(…): doenças, morte de entes queridos, perda dos bens, da fama, dificuldades de todo tipo. São noites dos sentidos e do espírito, onde o corpo e a alma se purificam de mil maneiras, com tentações, aridez espiritual, dúvidas, sensação de abandono por parte de Deus, com as virtudes da fé, esperança e caridade que vacilam. São verdadeiros purgatórios antecipados, quando não chegam quase a ser infernos. O que fazer? Abandonar a Santa Viagem, pensando que muitas, ou ao menos algumas, destas provações possam ser evitadas com a vida mais “normal”, seguindo a correnteza do mundo? Não! Não podemos voltar atrás! Além disso, eu falei apenas das purificações, mas existem também as consolações, as “bem-aventuranças” (cf. Mt 5,3-11) que uma vida, vivida como uma Santa Viagem, traz já aqui na terra. A morte de Jesus evoca a ressurreição; a morte do grão de trigo evoca “muito fruto”. E “ressurreição” e “muito fruto” significam, de certo modo, paraíso antecipado, plenitude de alegria, da alegria que o mundo não conhece. Então, prossigamos! Olhemos para além da dor. Não vamos nos deter diante da suspensão, não vejamos somente a angústia, a doença, a provação. Vejamos os frutos que delas sobrevirão, (…) prevendo e já saboreando antecipadamente o fruto abundante que está às portas!

Chiara Lubich

(em uma conferência telefônica, Rocca di Papa, 25 de fevereiro de 1988) Extraído de: “Olha as frutas: Chiara Lubich, Conversas ao telefone, p. 318. Città Nuova Ed., 2019.

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