“Jesus foi a manifestação do amor plenamente acolhedor do Pai Celeste para com cada um de nós – escreveu Chiara Lubich – e do amor que, de consequência, devemos ter uns para com os outros. (…) A acolhida do outro, de quem é diferente de nós, alicerça o amor cristão. É o ponto de partida, o primeiro degrau para a construção daquela civilização do amor, daquela cultura de comunhão, à qual Jesus nos chama, principalmente hoje”[1]. Trabalho de pesquisa Eu estava trabalhando numa pesquisa, com um prazo determinado, quando minha vizinha bateu à porta: pedia que eu fizesse companhia ao seu marido, muito doente, enquanto ela ia fazer as compras. Eu conhecia a situação e não pude me negar. Ele começou a falar do seu passado, dos anos que lecionava… Enquanto escutava, de vez em quando me distraía pensando no trabalho que tinha interrompido. Até quando lembrei do conselho de um amigo: conseguir escutar um próximo por amor é uma arte que exige o vazio de si. Procurei fazer este exercício, estando inteiramente presente para o outro. Num certo momento, o doente passou a se interessar por mim, perguntando sobre o meu trabalho. Quando soube o que eu estava fazendo sugeriu que procurasse na biblioteca um caderno seu, com anotações feitas numa conferência justamente sobre o tema que eu estava tratando. Eu o encontrei e começamos a conversar sobre o assunto. Em pouco tempo adquiri novos elementos para visualizar com mais clareza como concluir a minha pesquisa. E pensar que tinha medo de perder tempo! (Z. I. – França) Preparar-se para… viver Quando o médico me anunciou que não havia mais nada a fazer foi como se todas as fontes de luz se fechassem e sobrasse a escuridão. Voltando para casa tomei o caminho da igreja. Fiquei lá, em silêncio, enquanto os pensamentos turbinavam a minha cabeça. Depois, como uma voz, um pensamento tomou forma na mente: “Você não deve preparar-se para a morte, mas para a vida!”. Desde aquele momento tentei fazer tudo bem feito, ser gentil com todos, sem deixar-me distrair pelo meu sofrimento, mas disposto a acolher os outros. Tiveram início dias plenos. Não sei quanto tempo me resta, mas o anúncio da morte foi como me despertar de um sono. E estou vivendo com uma serenidade que não esperava. (J. P. – Eslováquia) Transfusão direta Sou enfermeira. Por acaso vim a saber de uma pessoa internada em condições desesperadoras. Para tentar salvá-la era preciso sangue de um tipo que há vários dias não se encontrava. Comecei a agir, com os vários amigos e conhecidos, para depois continuar a busca no ambiente de trabalho. Nada adiantava. Eu estava para depor as armas. Foi então que dirigi o pedido a Jesus. “Tu sabes que procurei fazer a minha parte, mas, se queres, tu podes tudo”. Terminado o turno de trabalho no meu departamento, o médico que eu assisto tinha acabado de sair quando chegou uma jovem senhora buscando uma consulta. Não poderia mandá-la embora, quem sabe de onde vinha. Corri para chamar o médico que, ao contrário de outras vezes, se dispôs a voltar ao ambulatório. Comecei a preparar a receita e quando pedi um documento de identidade a senhora me entregou a carteirinha da Associação de voluntários doadores de sangue. Quase sem fôlego me assaltou uma pergunta: e se ela fosse daquele grupo sanguíneo? Se estivesse disponível? Foi exatamente assim e, poucas horas depois, a senhora estava na cabeceira da doente para fazer a transfusão direta. (A. – Itália)
Aos cuidados de Stefania Tanesini
(retirado de “Il Vangelo del Giorno”, Città Nuova, anno VI, n.3, maio-junho 2020) [1] Cf. C. Lubich, Palavra de Vida, dezembro de 1992, in eadem, Palavras de Vida, de Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5; Città Nuova, Roma 2017) pp. 513-514.
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