Movimento dos Focolares

Evangelho vivido: humildade

Out 15, 2020

Como escreve Chiara Lubich: “Ser humilde não significa apenas não ser ambicioso, mas ser consciente do próprio nada, sentir-se pequeno diante de Deus e, portanto, colocar-se em suas mãos, como uma criança”.

Como escreve Chiara Lubich: “Ser humilde não significa apenas não ser ambicioso, mas ser consciente do próprio nada, sentir-se pequeno diante de Deus e, portanto, colocar-se em suas mãos, como uma criança”. Uma escola de vida Durante a pandemia, eu também fui obrigado a ficar isolado em casa. Apesar do contato com alguns dos meus pacientes ter continuado pela internet, o verdadeiro trabalho foi comigo mesmo. Não podia mais me eximir de ajudar meus filhos a fazer as tarefas, pensar em formas de preencher o tempo deles, cuidar dos meus pais idosos, ajudar minha esposa na cozinha, inventar novos menus… Eu tinha subestimado o valor que os pequenos gestos cotidianos podem ter para o conhecimento de si mesmo e agora eu tinha a oportunidade de descobrir dimensões fundamentais da existência. Mas talvez, a descoberta mais importante nesse período tenha sido a oração, o relacionamento pessoal com Deus. Eu tinha me descuidado dessa parte, colocado-a de lado juntamente com outras coisas, quando estava empenhado nas minhas pesquisas e nos meus trabalhos. Ao gerenciar um tempo mais apertado, refleti sobre a vida, a morte, a esperança… Não sei como foi para os outros, mas para mim esse exílio forçado tornou-se uma verdadeira escola, mais eficaz que muitos livros e cursos de especialização. (M.V. – Suíça) Envelhecer juntos Depois de dezenas de anos de vida matrimonial no amor, percebi que me tornei impaciente com a minha esposa. Ela não concorda com muitas coisas que eu faço e me repreende sempre pelos mesmos motivos. Um dia, depois de tê-la escutado pela primeira e pela segunda vez, respondi com raiva que eu sabia o que deveria fazer: ela já havia me falado. Naturalmente, minha esposa ficou mal, e eu também fiquei. Pedi desculpas, mas dentro de mim uma grande dor permaneceu por não ter respeitado, aceitado que ela estava envelhecendo. Se isso acontece com ela, refleti, quem sabe quantas coisas eu faço que fazem mal à minha esposa. Estávamos contando isso a uma neta que veio nos encontrar com seu companheiro quando, sem nenhum motivo aparente, ela começou a chorar enquanto ele segurava suas mãos acariciando-as. Depois de um período em silêncio, nos contaram que tinham decidido não ficar juntos por causa da diversidade de caráter entre eles. Porém, nos escutando, se comoveram com a beleza de envelhecer juntos e tentar reconstruir o amor sempre. (P.T. – Hungria) Escutar, entender Se penso nos vinte e cinco anos que passei cuidando da saúde dos meus pacientes, parece-me que não fiz outra coisa senão escutá-los. Sempre me lembro, nos meus primeiros dias como médico de família, daquela mulher que havia passado por não sei quantos hospitais da Suíça e da Itália. Estava me contando um particular de sua história pessoal que poderia ser a chave dos distúrbios de que sofria há mais de quinze anos. Quando perguntei: “Mas a senhora já falou com os médicos sobre isso?”, ela respondeu: “Doutor, é a primeira vez que isso me vem à cabeça. Agora que o senhor está me escutando, eu me lembrei disso”. A experiência dessa visita me serviu mais do que uma atualização profissional. Sim, porque escutar, principalmente hoje que fazemos tudo com pressa, deveria corresponder sempre a “entender”. Todos esses anos foram para mim uma escola com relação a isso… e com certeza não parei de aprender! Escutar não é nada mais do que uma expressão do amor do qual Cristo nos deu o exemplo: esvaziar-se para poder acolher o outro em si. (Ugo – Itália) Saborear Quando o médico me anunciou que o câncer havia voltado depois dos últimos exames, meu primeiro pensamento foi na minha família, nos nossos filhos e netos. Meu marido e eu conversamos serenamente e decidimos viver o período que me resta como o tempo mais bonito para deixar a eles a herança de um amor fiel até o fim. Começaram dias que, por mais pesados e dolorosos que fossem, têm cor e calor novos. Não apenas aumentou o amor entre todos, mas eu diria que estamos aprendendo a “saborear” o tempo que passamos. Todo gesto é único porque poderia ser o último, e também todo telefonema, toda palavra dita. A atenção ao outro, ao tom de voz, a criar harmonia entre nós… tudo tomou valor. Meu marido se surpreende com como nossos dias estão plenos de alegria e frequentemente repete: “É o único bem que podemos deixar aos nossos filhos!”. Nos momentos dedicados à oração, sentimos o céu se abrir, porque transformou-se em um ato de agradecimento (G.C. – Itália)

Por Stefania Tanesini

(tirado de Il Vangelo del Giorno, Città Nuova, ano VI, n.5, setembro-outubro de 2020)

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