Amar Jesus no seu abandono na cruz significa amá-lo nas dores e nas renúncias que a atenção ao próximo requer. Este é um verdadeiro caminho para a perfeição na vida cristã, como Chiara Lubich nos comunica com a sua experiência. […] Para encorajar-nos sempre mais no caminho da nossa santificação coletiva […] penso que vocês gostarão de conhecer uma recente experiência espiritual minha. Como talvez vocês já saibam, estou dedicando alguns dias do mês […] para aprofundar um ponto central da nossa espiritualidade: […] Jesus Abandonado, chave da unidade. Este tema me tocou profundamente, pareceu-me tão interessante e atraente que me impeliu a vivê-lo imediatamente, no momento presente, levando-me quase a esquecer o empenho da “tensão à santidade” como tal. Em resumo, pus-me a amar Jesus Abandonado, abraçando-o sob os seus mais variados aspectos. Mas, justamente naqueles dias, durante a meditação da manhã, caíram-me sob os olhos o que para S. João da Cruz são as “Doze estrelas da perfeição”[1], isto é, o amor a Deus, o amor ao próximo, a castidade, a pobreza, a obediência, a paz, o silêncio, a humildade, a mortificação, a penitência, a oração em comum e a individual. Eu já as conhecia bem, ou melhor, de tanto meditar sobre elas, já havia decorado. Mas aqueles dias realmente não pensava nelas porque estava totalmente absorvida no empenho de amar somente Jesus Abandonado. E então tive uma surpresa, uma alegre surpresa, como uma luminosa redescoberta. Relendo estas “estrelas”, durante a meditação, percebi que amando Jesus Abandonado tinha feito com que estas doze estrelas brilhassem um pouco mais em minha alma. Eu havia amado a Deus um pouco mais porque havia amado a Jesus que é Deus. Havia amado mais o próximo porque por amor a Jesus Abandonado tinha me esforçado para fazer-me um com todos. Havia aperfeiçoado a castidade, porque o amor a Jesus Abandonado nos leva à mortificação. Igualmente com relação à pobreza porque, por Ele, havia me esforçado para eliminar qualquer apego. A obediência, porque, por Ele, esforcei-me em fazer calar o meu eu para escutar melhor [a voz de Deus que fala à alma, na interioridade]. Amando Jesus Abandonado nas dores, consegui manter a paz. Amando-O, pude também observar melhor o silêncio, mortificando palavras inúteis. A humildade ganhou com a morte do ‘eu’ que o amor a Jesus provoca. Da mesma forma a mortificação e a penitência. Estive mais atenta às orações em comum que, para nós, significa fazer as orações juntas em focolare[2], e assim, a oração pessoal torna-se mais plena. Portanto, tudo melhorou por causa do amor a Jesus Abandonado. Eu sabia que Jesus Abandonado é, como nós dizemos, um monumento de santidade, mas ainda não havia experimentado, com tanta evidência, que vivê-lo significa verdadeiramente tender, com frutos, à santidade. […] Não posso desejar-lhes nada melhor do que isto: façam vocês também esta experiência. Provem! Amem Jesus Abandonado nas dores, nas renúncias, no morrer para fazer-se um com o próximo […] Que Jesus Abandonado se torne tudo para nós. E a nossa santidade coletiva estará garantida.
Chiara Lubich
(em uma conexão telefônica, Rocca di Papa, 16 de junho de 1982) Tirado de: “Gesù Abbandonato e le dodici stella della perfezione”, in: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, Città Nuova Ed., 2019, pag. 85. [1] Cf. São João da Cruz, Obras completas, Vozes, Petrópolis. [2] Assim se domina as pequenas comunidades do Movimento, sejam masculinas ou femininas.
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