Movimento dos Focolares

A ousada utopia de Nedo Pozzi

Ago 21, 2021

A recordação de Anna e Alberto Friso, com os quais Nedo Pozzi, com criatividade e grande competência, compartilhou seu compromisso como focolarino casado a serviço do mundo da família durante décadas. 

A recordação de Anna e Alberto Friso, com os quais Nedo Pozzi, com criatividade e grande competência, compartilhou seu compromisso como focolarino casado a serviço do mundo da família durante décadas.  “Duas ideias motoras condicionaram toda a minha juventude: a necessidade de consagração total a Deus e um amor instintivo e criativo pela beleza e pela arte, com a certeza inabalável de que em minha vida eu teria que fazer algo realmente importante”. O projeto de Nedo Pozzi era ambicioso, e ele não hesitou em confiá-lo a nós que, durante quase quarenta anos, compartilhamos com ele o privilégio de fazer parte do Centro Internacional dos Focolares. No início, estávamos engajados juntos na área “Família”, devido a seus talentos marcados como comunicador e sua vasta cultura – o núcleo de uma rara sensibilidade interior. Depois, Nedo foi chamado a tarefas mais árduas e complexas: contribuir para o nascimento, em 2000, da rede que liga operadores e especialistas em comunicação do Movimento (NetOne) e, mais tarde, com Vera Araújo, para coordenar o diálogo dos Focolares com a cultura contemporânea. Nedo nasceu em Mântua (Itália), em 6 de julho de 1937, cresceu às margens do Lago Maggiore e nunca perdeu sua ousadia de sonhador. Foi autor de artigos e publicações para a Editora Città Nuova, palestrante em conferências internacionais e contribuiu para discursos públicos de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. Conheceu Angela com vinte e poucos anos: um caso de amor avassalador que os faria declarar abertamente em muitos cursos de noivos que eles é que tinham inventado o amor. Casaram-se de manhã bem cedo, apenas com a presença das testemunhas. Para eles não importavam as riquezas e o conforto: o primeiro almoço do casal foi um lanche com uma cerveja na estação em Milão (Itália). A aventura deles juntos toma forma com muita alegria sob aqueles arcos que ainda hoje evocam a imagem de uma catedral secular. Logo, no entanto, o sonho não corresponde à realidade. E aqui estão os sinais de uma crise que a princípio parece irremediável. É neste ponto que, por meio de um casal, Nedo conhece os Focolares: é a descoberta do verdadeiro amor, aquele com um A maiúsculo, feito de gratuidade, perdão, viver para os outros, um amor enraizado em Deus. A partir daí, o ideal de unidade torna-se a essência de amor recíproco entre eles. Descobrem que a entrega a Deus e aos irmãos e irmãs também abre a possibilidade de pessoas casadas se consagrarem a Deus e, em momentos diferentes, Nedo e Angela respondem ao chamado para se tornarem focolarinos casados. Foi o cumprimento do primeiro dos dois grandes anseios da Nedo: ser todo de Deus. Ele não queria se preocupar com a beleza, em parte porque não conseguia imaginar como conciliar estes dois chamados aparentemente contrastantes. Sua vida é um crescendo de amor em seu compromisso diário com a humanidade. E é neste sentimento, em suas próprias palavras, “direta e vitalmente envolvido em pagar por uma pessoa a cada momento”, que Nedo sacia sua sede de beleza, descobrindo, escondido em cada próximo, seja ele famoso ou abandonado, a Beleza com um B maiúsculo. Todos nós que tivemos a dádiva de viver ao seu lado, de poder penetrar – graças às suas intuições – o mistério de sua vida e da nossa, podemos testemunhar que em Nedo a reconciliação das tensões profundas que dominaram sua adolescência ocorreu de fato. Com a sua morte, em 12 de agosto de 2021, após oito anos de uma doença que gradualmente reduziu suas capacidades intelectuais e relacionais, perdemos um gigante de sabedoria e caridade, um homem de profunda fé e extraordinária abertura. Mas nós, assim como sua filha Paola testemunhou, juntamente com Angela, em nome de seus irmãos Pierpaolo e Daniela, queremos lembrá-lo também como um marido e pai muito terno, como um amigo de confiança, como um intelectual que viveu e trabalhou para abrir – como ele mesmo disse – “um vislumbre do Absoluto”.

Anna e Alberto Friso ex-coordenadores do Movimento Famílias Novas

   

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