Na entrevista com Stefania Papa, nova responsável de EcoOne, a iniciativa cultural do Movimento dos Focolares na área do meio ambiente, abordamos a adesão do Movimento dos Focolares ao “Tempo da Criação” e várias iniciativas no campo ambiental. De 1° de setembro a 4 de outubro, acontece todos os anos no mundo todo o “Tempo da Criação”, iniciativa de oração e ações concretas para defender e proteger nossa casa comum. Stefania Papa é a nova responsável de EcoOne, a iniciativa cultural do Movimento dos Focolares que promove uma rede de docentes, acadêmicos, pesquisadores e profissionais que atuam na área do meio ambiente. Nós a entrevistamos sobre a adesão dos Focolares ao “Tempo da Criação” e as várias iniciativas no campo ambiental. O que é o “Tempo da Criação”? É um período específico que vai de 1° de setembro, Jornada Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, a 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, o santo patrono da ecologia. É um período em que diversas Igrejas do mundo todo se reúnem para orar e promover ações concretas para defender e proteger a nossa casa comum. Neste ano, o tema é “Uma casa para todos? Renovando o Oikos de Deus”, e Oikos vem do grego e significa casa. Por que é importante que se torne cada vez mais um evento das diversas Igrejas? Para responder essa pergunta, me vem à mente um antigo provérbio africano que diz: “Se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá junto com os outros”. E o papa Francisco diz na encíclica “Laudato Sì”: “Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”. Precisamos “unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral”[1]. Só podemos fazer isso nos unindo, procurando sempre mais uma colaboração e comunhão próximas inclusive entre as várias Igrejas cristãs que vivem no mundo. Estamos no sexto ano da “Laudato Sì” do papa. E ainda temos tanta estrada a percorrer… Há muitas outras iniciativas que nasceram e estão sendo levadas para frente, mas ainda há muito a fazer. A tarefa a ser desenvolvida pode parecer árdua, mas ainda podemos inverter algumas tendências negativas, adaptar-nos para reduzir ao mínimo os danos, recuperar ecossistemas cruciais e proteger melhor o que temos, repensando as soluções habitacionais e de mobilidade social, a reciclagem diferenciada do lixo e muitas outras áreas. Mas o caminho que tomamos é o correto. E a encíclica do papa Francisco assinala o ponto sem volta. Tem inclusive uma petição para assinar: em que consiste? É uma oportunidade importante que nos é oferecida para pedir com força aos líderes mundiais que se comprometam com urgência com a crise climática e a crise da biodiversidade. De fato, há dois eventos importantíssimos se aproximando: de 11 a 24 de outubro de 2021, a Conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade (COP15), em que os líderes mundiais poderão fixar objetivos significativos para proteger a criação; e de 31 de outubro a 12 de novembro de 2021, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), em que os países anunciarão seus planos para alcançar os objetivos do Acordo de Paris. O Movimento dos Focolares tem uma parceria com o Movimento Laudato Sì. Qual é o comprometimento dos Focolares com o “Tempo da Criação”? O Movimento dos Focolares desde sempre se comprometeu com o meio ambiente. Para o “Tempo da Criação”, em particular, o Movimento participou e está participando das iniciativas da Igreja Católica, como a Laudato si’ action platform do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (por meio de Famílias Novas) e dos eventos promovidos pelo Movimento Laudato Sì, ex-Global Catholic Climate Movement, ao qual aderiu. Na última Assembleia Geral do Movimento dos Focolares, concluída em fevereiro de 2021, além do relançamento da conversão ecológica de membros e estruturas, com atividades pequenas, médias e grandes (como os projetos internacionais financiados, também em cooperação ao desenvolvimento: Ação para Famílias Novas, Ação Mundo Unido, etc). Ao mesmo tempo, há um empenho constante por parte de todos os membros do Movimento dos Focolares pelo desinvestimento nos combustíveis fósseis. Além disso, justamente neste ano, os jovens do Movimento estão comprometidos com o Pathway intitulado DareToCare, uma campanha que significa “ousar cuidar”, ou seja, responsabilizar-se, interessar-se, dedicar-se ativamente, dar importância aos mais frágeis, ao planeta, às Instituições, à nossa cidade, aos nossos vizinhos, aos problemas da nossa sociedade. E desde maio passado, a ONG New Humanity recebeu a autorização para ser observadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Amviente, PNUMA, ou United Nations Environmental Programme, a agência das Nações Unidas que cuida de todas as questões ambientais globais. Humanidade Nova exerce suas atividades de tutela do meio ambiente em particular por meio da iniciativa cultural EcoOne. Além disso, gostaria de lembrar a parceria que nasceu entre o Movimento dos Focolares e a FaithInvest, uma organização internacional que se ocupa de ajudar as religiões a desenvolver planos estratégicos para o meio ambiente a longo prazo. No âmbito cultural/educativo, há diversos congressos no programa promovidos por EcoOne, a participação de EcoOne no ECEN (European Christian Environmental Network) e os projetos nas escolas como aquele reconhecido pelo Ministério de Instrução italiano “Dar para proteger o meio ambiente”.
Lorenzo Russo
[1] Papa Francisco, Encíclica Laudato si’, 13-14.
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