Movimento dos Focolares

Escola Abbà: uma flor com quatro pétalas

Dez 14, 2021

Após a Assembléia Geral do Movimento dos Focolares, no início de 2021, a Escola Abbà (Centro de Estudos do Movimento dos Focolares) recomeçou com uma nova configuração. Para saber mais, entrevistamos seu diretor, Dom Piero Coda, ex-reitor do Instituto Universitário Sophia em Loppiano (Itália), recentemente nomeado pelo Papa Francisco como Secretário Geral da Comissão Teológica Internacional.

Após a Assembléia Geral do Movimento dos Focolares, no início de 2021, a Escola Abbà (Centro de Estudos do Movimento dos Focolares) recomeçou com uma nova configuração. Para saber mais, entrevistamos seu diretor, Dom Piero Coda, ex-reitor do Instituto Universitário Sophia em Loppiano (Itália), recentemente nomeado pelo Papa Francisco como Secretário Geral da Comissão Teológica Internacional. Você estava no primeiro grupo convocado por Chiara Lubich para formar a Escola Abba: quais são os objetivos deste grupo de estudo? Como tem sido sua experiência intelectual e espiritual em contato com o pensamento e a vida da Lubich? Certamente, por uma dádiva singular de Deus, eu me vi participando do início desta experiência com Monsenhor Klaus Hemmerle, em 1989, antes do início oficial da Escola Abba, em 1990. O objetivo que Chiara Lubich confiou a este Centro de Estudos original, desde o início, foi o de estudar e analisar as implicações teológicas, culturais e sociais do carisma da unidade. Mas, antes de tudo, o de ter uma experiência vivida e compartilhada do Evangelho de Jesus na luz que flui do carisma. Tanto que uma das últimas instruções que Chiara deu à Escola Abba em 2004 foi: «Sejam um cenáculo de santidade!» Esta é a dádiva e a tarefa da Escola Abba: aprender a habitar com a própria vida, e assim também com o próprio pensamento, naquele lugar onde a presença de Jesus ressuscitado no meio nosso meio no coloca, aquele lugar que é a vida de Deus, o seio do Pai. Esta vida – Chiara nos ensinou de acordo com o Evangelho e a fé da Igreja – é a própria vida da Santíssima Trindade, não somente no céu, mas no nosso meio: “na terra como no céu”. Para mim foi e é uma experiência única. Eu poderia descrevê-la com as palavras da primeira carta de João: «meus olhos viram, minhas mãos tocaram, meus ouvidos ouviram… a Palavra da vida»: os sentidos da alma se acenderam e experimentaram a luz de Jesus abandonado e ressuscitado, com a qual olhar para a realidade de uma nova maneira. Assim, mais do que antes, a teologia tornou-se para mim um fato vital e fascinante e, ao mesmo tempo, uma vez que especialistas de todas as disciplinas estão presentes na Escola Abbà, visando viver a unidade também na comunhão de pensamento, abriu-se o horizonte da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade, ou seja, da descoberta da raiz e do objetivo comum de todas as formas de conhecimento que, portanto, são chamadas concretamente a dialogar umas com as outras. A teologia que pratico tem sido extraordinariamente enriquecida neste diálogo conduzido não apenas no plano interpessoal, mas também no plano das relações entre disciplinas. Recentemente, a Escola Abba passou por algumas mudanças e você se tornou o novo diretor em março de 2021. Poderia nos dizer em que consistem estas mudanças? A Escola Abba tem agora mais de 30 anos e, ao longo deste tempo, ela foi se desenvolvendo e enriquecendo. Quase 50 pessoas ingressaram na Escola em diferentes momentos, até 2004, com a presença constante e decisiva de Chiara. Em seguida, nasceram grupos de várias disciplinas em torno de seus membros: psicologia, sociologia, política, economia, ciências naturais, arte, diálogo… atualmente mais de 300 pessoas no mundo inteiro. Em conjunto com a Assembléia Geral da Obra de Maria e como fruto de um dia inteiro de discernimento comunitário, foi observado que a “flor” da Escola Abba nestes anos floresceu com “quatro pétalas”: e assim procuramos dar-lhes uma configuração unitária e distinta, que reconhece e promove este desenvolvimento a serviço da missão da Obra de Maria. Uma “pétala” é formada por aqueles (cerca de quinze pessoas) que são chamados a continuar o estudo específico do significado carismático e cultural do evento de 1949, como expressão peculiar do carisma da unidade na experiência vivida por Chiara, Foco (Igino Giordani), as primeiras companheiras e depois gradualmente por todos aqueles que participam do carisma, um evento de graça do qual guardamos um precioso testemunho escrito pela própria Chiara. Uma segunda “pétala” é aquela comprometida com a transmissão deste patrimônio de luz e doutrina para as novas gerações: um grupo de 27 jovens estudiosos, com diferentes habilidades disciplinares, de várias partes do mundo. A terceira “pétala” reúne aqueles que fizeram parte da Escola Abba até agora, e que continuam fazendo parte dela (um bom grupo de 29 pessoas), com o objetivo de realizar projetos de pesquisa inspirados no carisma e a serviço da Obra, com base em suas respectivas habilidades e experiência. Finalmente, a quarta “pétala” é a dos grupos disciplinares com alcance internacional. Que projetos vocês têm para o futuro? Estamos colocando projetos sobre a mesa para discernir o que fazer e como fazê-lo. Algumas coisas interessantes já estão surgindo. A primeira é dar forma a um “léxico” da vida da unidade: uma espécie de vademecum, no qual as idéias e as forças liberadas pelo carisma da unidade são apresentadas de forma universal e enriquecidas à luz de todos os progressos realizados até o momento. Uma outra coisa é oferecer uma contribuição, partindo da especificidade do carisma, para o caminho sinodal da Igreja que o Papa Francisco acabou de lançar. De fato, acreditamos que neste sentido há algo importante: porque Chiara, em 1949, disse que a «Alma» – este novo sujeito, pessoal e comunitário ao mesmo tempo, que nasce do pacto de unidade – está «vestida de Igreja» que é acolhida no seio da Trindade e é um «grupo» que caminha. E sínodo, de fato, é o nome da Igreja que caminha lado a lado com todos, começando pelos mais pobres e descartados e com todos aqueles em quem reconhecemos o rosto e o grito de Jesus Abandonado. Depois, há o grande tema antropológico que desafia nosso tempo: em particular, a relação entre as pessoas e, especialmente, entre os homens e as mulheres e entre culturas diferentes. E, finalmente, a relação entre as religiões: um sinal dos tempos e um propósito específico do carisma da unidade. Uma pessoa que faz parte do Movimento dos Focolares poderia perguntar: como posso participar da Escola Abba? Toda a Obra de Maria é uma Escola Abba! Como Chiara mesma dizia, o Movimento nasceu como uma escola. Na Escola Abba, e portanto também na Obra, é preciso colocar-se naquela mesma atitude de aprender algo novo e viver, como Deus fez com Chiara, Foco, as primeiras focolarinas e os primeiros focolarinos, especialmente em 1949. O compromisso, portanto, é que a Escola Abba não seja uma casa com as portas fechadas, mas que seja toda ela de janelas e portas, para que todos possam participar. Vejo, por exemplo, a pequena experiência que estamos tendo em Loppiano em oferecer alguns insights para que todos possam participar dessa luz. É algo extremamente positivo: também porque quando esta luz chega às pessoas em suas diferentes situações, em suas diferentes habilidades, em suas diferentes sensibilidades, desperta alegria e criatividade. A Escola Abba não é uma realidade unidirecional: no sentido de que ela parte apenas da luz que é oferecida. Não! A luz começa e retorna enriquecida pela experiência, pelas perguntas, pelas soluções que a vida do povo de Chiara ganha e oferece. Uma circularidade virtuosa, portanto, que deve ser cada vez mais e cada vez melhor ativada e promovida.

Carlos Mana

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