Já está em andamento o percurso do Sínodo 2021-2023, com o título: “Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão”. Nesta primeira fase, além do envolvimento de cada um na própria comunidade paroquial ou diocesana, somos convidados a dar uma contribuição também como Movimento dos Focolares. O porquê da nossa participação “Considerando que as Associações dos fieis são ‘academias de sinodalidade’ (…), sou um sócio particular nesta fase de consulta; no início desta aventura eclesial, desejo estar próximo a todos vocês para encorajá-los e apoiá-los neste caminho junto com o povo de Deus”, disse o cardeal Mario Grech, secretário geral do Sínodo dos bispos, na carta endereçada a Margaret Karram em maio de 2021, convocando o Movimento dos Focolares a viver com toda a Igreja o percurso em direção ao Sínodo dos Bispos de 2023. Como resposta a esse convite da secretaria do Sínodo dos Bispos, a presidente do Movimento dos Focolares nomeou uma equipe internacional para preparar a primeira etapa, ou seja, o tempo de escuta. Como Movimento, somos convidados, portanto, a buscar oportunidades de debater sobre o tema da sinodalidade na perspectiva do carisma da unidade. Uma Igreja sinodal Na comemoração do 50º aniversário da instituição do Sínodo dos bispos (2015), o papa Francisco havia lembrado que “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio. (…) Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, ciente de que escutar é mais do que ouvir”. Em seu discurso do dia 18 de setembro de 2021 feito para os fieis da diocese de Roma (Itália), o papa encorajou fortemente a seguir a voz do Espírito Santo, que não conhece fronteiras, a escutar todos os que pertencem ao único povo de Deus e também os que vivem às margens da comunidade. “Os pobres, os mendigos, os jovens toxicodependentes, todos esses que a sociedade descarta são parte do Sínodo? Sim, caro, sim, cara. (…) A sinodalidade expressa a natureza da Igreja, a sua forma, o seu estilo, a sua missão.” Três fases Essa visão riquíssima nos oferece uma chave de leitura importante para “entrar” na realidade do processo sinodal em andamento, com abertura no dia 10 de outubro de 2021 no Vaticano, e mais tarde nas Igrejas locais, no domingo, dia 17 de outubro de 2021. É um processo trienal, articulado em três fases, formado pela escuta, pelo discernimento e pela consulta. E se apresenta como uma novidade absoluta seja na modalidade seja na fase de desenvolvimento. Não acontece apenas no Vaticano, mas em cada Igreja dos cinco continentes. É a primeira vez, na história dessa instituição, que um Sínodo ocorre na modalidade descentralizada. A primeira etapa (outubro de 2021 – abril de 2022) é a que envolve todas as Igrejas diocesanas, em que o caminho sinodal pretende responder a várias perguntas sobre a vida e sobre a missão da Igreja. E em particular, como nos recorda o Vademecum publicado pela Secretaria geral do Sínodo, tem uma questão de fundo: “Como se realiza hoje, em níveis diversos (do local ao universal), o ‘caminhar juntos’ que permite que a Igreja anuncie o Evangelho, em conformidade com a missão que lhe foi confiada; e quais são os passos que o Espírito nos convida a dar para crescer como Igreja sinodal?”. Depois da consulta das dioceses, as Conferências episcopais farão a síntese que será enviada à secretaria geral do Sínodo com as contibuições diocesanas. E, então, a secretaria geral redigirá o primeiro Instrumentum laboris até setembro de 2022. A finalidade da fase seguinte, aquela continental (setembro de 2022 – março de 2023) é dialogar sobre o texto do primeiro Instrumentum laboris em sete reuniões continentais: África, Oceania, Ásia, Oriente Médio, América Latina, Europa e América do Norte. Esses sete encontros internacionais produzirão, por sua vez, sete Documentos finais que servirão como base para o segundo Instrumentum laboris, que será utilizado na Assembleia do Sínodo dos Bispos em outubro de 2023. A última fase do caminho sinodal é aquela da Igreja universal (outubro de 2023). Uma etapa fundamental desse percurso é a celebração da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2023, à qual se seguirá a fase de implementação, que envolverá novamente as Igrejas. O carisma da unidade por uma espiritualidade sinodal Com qual atitude nos colocamos diante do processo sinodal em curso? Durante a Assembleia Geral do Movimento dos Focolares, o papa Francisco convidou os participantes a privilegiar a sinodalidade: “Sobre o compromisso no interior do Movimento, os encorajo a promover sempre mais a sinodalidade, a fim de que todos os membros, enquanto receptores do mesmo carisma, sejam responsáveis e participem da vida da Obra de Maria e de seus fins específicos”. Refletindo sobre a experiência dentro do Movimento, a presidente Margaret Karram recordava os pontos de referência na espiritualidade do Movimento dos Focolares que podem ajudar na atuação de um processo sinodal. O Pacto do amor recíproco, renovado e colocado como base de cada processo de discernimento, representa o comprometimento de estarmos prontos a nos amar. A mútua e contínua caridade pede que aprendamos a Arte de amar evangélica: escutar, colocando-nos em posição de aprender; falar com respeito, com sinceridade e clareza. Podemos compartilhar tudo com liberdade, colocando-nos diante de Deus e mantendo viva a realidade do mandamento novo.
Liliane Mugombozi (Yaoundé, Camarões),
da equipe internacional pelo caminho sinodal do Movimento dos Focolares.
Para facilitar o caminho de reflexão, partilha e escuta, a equipe começou o “caminho sinodal” em julho de 2021. Além de um vídeo de entrevistas publicado no canal do Movimento dos Focolares no YouTube, foi realizada uma série de aprofundamentos para ajudar os pertencentes ao Movimento a viver o processo sinodal, recolher e elaborar contribuições a serem oferecidas à secretaria do Sínodo. Link ao vademecum em português https://www.youtube.com/watch?v=5SFbJEAAlmA&list=PLKhiBjTNojHpVNzhRRVCRJ-2BDdMzArXH&index=5
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