Movimento dos Focolares

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Mar 7, 2024

Na sexta-feira, 01 de março, na cidade histórica de Augsburg, na Alemanha, concluiu-se o 40º Encontro ecumênico dos Bispos amigos do Movimento dos Focolares. Eram 60 participantes provenientes de 26 países e pertencentes a 29 Igrejas cristãs. O título era “Dare to Be One. A call from Jesus to live the future, now”, e mais ainda a realidade do encontro.

Na sexta-feira, 01 de março, na cidade histórica de Augsburg, na Alemanha, concluiu-se o 40º Encontro ecumênico dos Bispos amigos do Movimento dos Focolares. Eram 60 participantes provenientes de 26 países e pertencentes a 29 Igrejas cristãs. O título era “Dare to Be One. A call from Jesus to live the future, now”, e mais ainda a realidade do encontro.  1518 – Em Augsburg (Alemanha), o cardeal romano Caetano, notável teólogo tomista, e o monge agostiniano Martinho Lutero, docente de Sagrada Escritura na universidade de Wittenberg (Alemanha), estavam discutindo sobre 95 teses sobre indulgências que Lutero propunha. Nada a fazer. Não se entendiam. Lutero, temendo pela sua vida, fugiu durante a noite. 1530 – A Dieta do Sagrado Império Romano conduziu o imperador Carlos V a Augsburg. Ele pretendia juntar protestantes e católicos, que estavam divididos. Na ocasião, Felipe Melanchton, teólogo amigo de Lutero, preparou a Confessio Augustana, uma confissão de fé redigida para chegar a um acordo. A tentativa falhou. 1555 – Durante uma Dieta posterior em Augsburg, é assinada a Paz religiosa que assegurou a coexistência entre católicos e luteranos. Cada príncipe do Império estabeleceu qual confissão seria seguida em seu território, uma decisão que se resumia na expressão latina cuius regio eius religio (a religião é de quem é a região). 1650 – Depois da guerra sangrenta dos 30 anos, que também atingiu Augsburg, foi sancionada a liberdade de expressão religiosa e a paridade entre protestantes e católicos em todas as repartições públicas. Nasceu o Alto Festival da Paz, que ainda hoje é celebrado no dia 8 de agosto. Foi nesse lugar cheio de história, Augsburg, que, a convite do bispo católico de Bertram Meier, aconteceu, de 27 de fevereiro a 01 de março, o 40º Encontro ecumênico dos Bispos amigos do Movimento dos Focolares. Participaram 60 bispos de 26 países, pertencentes a todas as grandes famílias de Igrejas: ortodoxas, Igrejas ortodoxas orientais, anglicanos, metodistas, evangélicos, reformados, católicos de rito latino, armênio e bizantino. Nunca antes participaram tantos e de proveniência tão universal, que foi observada também pela prefeita da cidade, Eva Weber, quando recebeu os bispos no município. Desde a chegada, foi tocante ver o relacionamento entre esses bispos, entre os quais estavam também duas mulheres, bispos de Igrejas nascidas da Reforma. Cada Igreja foi acolhida como é. Um espírito simples de fraternidade permeou os dias, sem subestimar as feridas e os pontos de desacordo entre as Igrejas que existem até hoje. Mas tudo foi sustentado por aquele pacto de amor recíproco que caracterizou desde o início esses Encontros e que os Bispos renovaram solenemente também este ano, prometendo compartilhar as alegrias e as cruzes um do outro. Nasceu uma sinodalidade ecumênica, como foi definido por vários participantes. Dare to Be One. A call from Jesus to live the future, now (Ousar ser um. Um chamado de Jesus a viver o futuro agora) foi o mote do encontro e, mais ainda, do caminho do qual participaram também a presidente e o copresidente do Movimento dos Focolares, Margaret Karram e Jesús Morán. Foram três temas principais aprofundados, cada um ilustrado por experiências: o ecumenismo receptivo como metodologia ecumênica que leva a aprender um com o outro; o chamado comum a testemunhar o Evangelho em um mundo dividido em busca de paz; Jesus crucificado e abandonado como caminho para enfrentar a noite do mundo e responder de modo generativo. E mais uma data: 31 de outubro de 1999. São 25 anos desde que a Federação Luterana Mundial e a Igreja católica assinaram justamente em Augsburg a “Declaração conjunta sobre a doutrina da justificação”, reconhecendo que, sobre esse ponto-chave da dissidência no século XVI, hoje não há mais motivo de separação. Uma oração ecumênica comemorou o evento histórico no lugar da assinatura: a igreja evangélica de Sant’Anna. No dia seguinte, uma mesa redonda aprofundou a importância. O reverendo Ismael Noko, na época secretário geral da Federação Luterana Mundial, ilustrou o caminho humilde e tenaz que tornou possível a assinatura e viu a sucessiva adesão de outras Comunhões Mundiais (metodista, reformada e anglicana). O doutor Ernst Öffner, na época bispo católico evangélico regional de Augsburg, contou como lutou-se, junto ao Bispo católico da época, para envolver a população e toda a cidade ficou em festa. O bispo católico Bertram Meier falou dos desafios e das oportunidades do caminho que está agora diante de nós. Durante todo o encontro, sempre olhou-se de novo para as ameaças atuais à paz e à justiça. Sobre isso, foi muito importante a mensagem em vídeo sobre a situação que se vive na Terra Santa, mensagem esta enviada pelo cardeal Pizzaballa para os bispos participantes do encontro. Nesse contexto, duas realidades deram uma esperança particular: o desenvolvimento da rede ecumênica “Juntos pela Europa” que inclui cerca de 300 Movimentos e comunidades de várias Igrejas, e a visita à Mariápolis permanente ecumênica de Ottmaring (Alemanha), onde, há 56 anos, católicos e luteranos de diversos Movimentos testemunham a unidade na diversidade, um caminho não sempre fácil no qual, de cada crise, nasceram novos desenvolvimentos. Para o futuro, mira-se no crescimento das redes locais, na ligação entre todos por meio de contatos online periódicos e newsletters, em vista de um próximo encontro internacional em dois ou três anos.

Hubertus Blaumeiser

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