Movimento dos Focolares

Bartolomeu I, paixão pela unidade

Out 27, 2015

No clima da cerimônia de outorga do doutorado h.c. em Cultura da unidade ao Patriarca Bartolomeu I, Gabriella Ceraso da Rádio Vaticana entrevistou a presidente do Movimento dos Focolares, Maria Voce.

 20151027-04«Todos os presentes ficaram muito tocados ao perceber o afeto fraterno que une o Santo Padre, Papa Francisco a Sua Santidade, o Patriarca Bartolomeu. O Papa reconhece o seu empenho no caminho da unidade, que define ser um caminho comum. Não só, mas afirma muito corajosamente que neste caminho comum este reconhecimento constitui um passo à frente». A senhora conhece muito bem o Patriarca, viveu e vive intensamente este momento da longa história de amizade entre o Movimento dos Focolares e a Igreja ortodoxa e os Patriarcas. Qual é o seu parecer sobre esta figura e sobre o significado deste reconhecimento? «O Patriarca Bartolomeu herdou do grande Patriarca Atenágoras a sua mesma paixão pela unidade e que nele era, de certo modo, uma visão profética que não conseguiu realizar. O Patriarca Bartolomeu, imbuído desta mesma paixão, não perde a ocasião de solicitar a unidade no seio das Igrejas ortodoxas justamente para poder dialogar em conjunto, com uma voz já em certo sentido sinodal, primeiramente com a Igreja de Roma, pela qual tem um amor e uma estima especiais, e também por Papa Francisco. O Patriarca enfatiza, de muitas maneiras, quanto é vivo este caminho que percorrem juntos. Tenho a impressão de que estamos vivendo um momento feliz, porque existe um impulso que vem dos dois chefes das nossas duas Igrejas e é impossível que não traga frutos. Haverá também resistências, como afirmou o Papa Francisco na conclusão do Sínodo, mas, no final, o Espírito Santo sempre ajuda e, sem dúvida, impulsiona na direção da unidade das Igrejas. Cremos que é um momento feliz e que este reconhecimento é um passo importante, concreto, neste caminho». No seu discurso, o Patriarca afirmou que a unidade é diferente da união, da unicidade, evidenciando algo que, de certa forma, se apresenta hoje à humanidade: formar uma cultura da unidade na diversidade, diversidade entendida como riqueza, um conceito muito presente no carisma vivido por Chiara Lubich. Como realizar isso? 20151027-05«Chiara sempre nos lembrou que o caminho das Igrejas é conduzido pelo Espírito Santo e que Ele certamente fez amadurecer em cada Igreja dons propícios à unidade das Igrejas e de toda a cristandade; dons que podem ser úteis quando colocados em comum. Estes dons não nivelam mas respeitam a diversidade. Isso exatamente porque se reconhece nestas diversidades uma grande riqueza que não fez outra coisa a não ser tornar a Igreja mais bela, como Jesus a desejava. Portanto, não uniformidade, mas unidade na diversidade. Chiara nos dizia que o modelo altíssimo está na unidade da Santíssima Trinidade, na qual o Pai é pai porque não é Filho, o Filho é tal porque não é o Pai, mas o amor que existe entre o Pai e o Filho gera até mesmo o Espírito Santo, que é terceiro nesta dimensão trinitária, mas que é também primeiro porque une o Pai e o Filho. E isso se verifica porque cada uma das três Pessoas da Santíssima Trindade se perde completamente na outra. E é o que se deseja que aconteça no caminho percorrido pelas Igrejas, ou seja, que cada uma seja capaz de se perder completamente nas outras Igrejas. Isso significa doar até o fim toda a própria riqueza   e deixar-se enriquecer com a riqueza das outras. Portanto saber ser amor, para construir a Igreja de Cristo na qual cada cristão, de qualquer comunidade, se sinta realmente partícipe do corpo de Cristo». A partir deste reconhecimento surgem novas perspectivas, ou podem se abrir outras? «Conversamos justamente com o Patriarca sobre a eventual possibilidade de instituir na Universidade Sophia uma cátedra e juntos, parte católica e parte ortodoxa, estudemos as grandes figuras de Chiara Lubich e do patriarca Atenágoras, para compreender a contribuição que essas figuras, no encontro dos seus respectivos carismas, trouxeram e podem trazer para este caminho de unidade». (Da Radio Vaticana)

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