Movimento dos Focolares

Na Índia: um diálogo de corações e mentes

Fev 17, 2016

Concluiu-se a viagem de Maria Voce e Jesùs Morán à Índia (15 de janeiro – 11 de fevereiro), caracterizada por um marcante valor no diálogo inter-religioso. A narramos em três etapas, começando por Nova Déli.

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Foto © Donald Dsouza

«Viajei esperando encontrar um mistério. Voltei com a impressão de ter encontrado um mistério maior de quanto havia pensado». «Os sentimentos nessas primeiras horas: de um lado, um grande desejo de absoluto, de interioridade; depois um amor forte pelo pluralismo, não ter medo das diversidades; enfim, a beleza do povo, especialmente dos jovens como futuro». São as primeiras impressões, durante o Collegamento CH de 13 de fevereiro, de Maria Voce e Jesús Morán, presidente e copresidente do Movimento dos Focolares, no retorno de uma longa viagem à Índia para encontrar as comunidades espalhadas neste imenso país asiático. Uma viagem complexa, de um mês de duração, 16 mil quilômetros percorridos em 13 voos, com paradas em Nova Déli, Bangalore, Coimbatore, Trichy e Mumbai. Um subcontinente caracterizado pelo diálogo inter-religioso que o Movimento dos Focolares desenvolve desde a sua chegada ali, nos anos 1980. As estradas que haviam sido abertas em 2001 e em 2003, nas duas viagens de Chiara Lubich a Mumbai e Coimbatore, com o passar dos anos levaram ao crescimento dos relacionamentos com acadêmicos e com gandhianos. Ainda que acomunados em alguns momentos e experiências compartilhadas, como os simpósios realizados em Roma, 2002 e 2004, e em 2011, na Índia, as duas vertentes  desenvolveram-se com características próprias, suscitando tipos de diálogo diversificados, ainda que caracterizados pelo mesmo espírito. Para todos, com efeito, permanece verdadeira a definição dada, em 2001, por alguns amigos hindus que descreveram o diálogo entre os Focolares e o mundo hindu como um “diálogo de corações e de mentes”. Em Mumbai, em 2001, Chiara disse a um grupo de hindus: «Vim à Índia antes de tudo com o desejo de escutar, de aprender de vocês, para, possivelmente, abrir um diálogo cordial com vocês, em quem vejo muitos meus irmãos e irmãs». E a quem lhe perguntava sobre a atitude a assumir para dialogar, Chiara respondia: «Nós miramos na, assim chamada, “regra de ouro”, que está presente em todas as religiões, inclusive no hinduísmo: “não fazer aos outros o que não gostarias que fosse feito a ti». E em uma entrevista concedida à Rádio Vaticana, naqueles dias: «Dialogar significa, antes de tudo, colocar-se no mesmo plano, não ter ideias de prioridade, de ser melhor do que os outros, e abrir-se para escutar o que o outro possui interiormente, deixar de lado tudo para entrar no outro. Depois, pedir naturalmente ao outro que nos escute. E de tudo isso colhem-se aqueles elementos comuns que existem, e nos colocamos de acordo para vive-los juntos. Este é o diálogo concreto».
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Na primeira fase da viagem, em Nova Déli, realizou-se um interessante e intenso encontro, no India International Center, com a participação de cerca de 60 pessoas, de diferentes credos e culturas. Tendo como moderadores o Sr. Merchant, representante ilustre da comunidade Baha’i, da capital indiana, e a Dra. Vinu Aram, diretora do Shanti Ashram, em Coimbatore, a programação desejava oferecer respostas diversificadas aos desafios que o diálogo é chamado a enfrentar na atualidade. “A importância do diálogo na sociedade hodierna” foi o título do evento no qual foi apresentada a experiência do Movimento dos Focolares no campo do diálogo, antes dos dois discursos principais. Nestes, Maria Voce e Jesús Morán afrontaram, no contexto da sociedade hodierna, a questão da tensão entre o progresso rumo à unidade – que surge como um dos elementos que caracterizam a nossa época – e a tendência a defender e a delinear as respectivas identidades. Precisamente nesta tensão, típica dos processos de globalização e que, ao mesmo tempo, vê o mundo mudar rapidamente devido aos fluxos migratórios e os conflitos em âmbito regional, situa-se a experiência carismática de diálogo proposta por Chiara Lubich, que abriu estradas de diálogo originais e articuladas. Maria Voce salientou como a Regra de Ouro, presente em cada cultura e religião, garante um ponto de encontro que assegura a possibilidade de atuar aquela que Chiara definia como “a arte de amar”, verdadeira metodologia dialógica. Já Jesús Morán apresentou o aspecto antropológico do diálogo, definindo algumas de suas características que revelam uma consonância surpreendente precisamente com a experiência feita nestes anos entre hindus e cristãos. Durante o encontro alternaram-se ainda outros discursos, todos de grande atualidade e profundidade espiritual. Entre estes o do Prof. Satyavrat Shastri, famoso especialista de língua sânscrita, e das Professoras Uma Vaidya e Shashi Prabhakumar, que evidenciaram a analogia entre aquilo que afirmam e sugerem as escrituras tradicionais do hinduísmo – especialmente Veda e Upanishad – e o carisma dialógico de Chiara Lubich. Loppiano (Florença), 7 de fevereiro de 2001: https://vimeo.com/155673803  

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