Movimento dos Focolares

Armas? Não, obrigado!

Mar 23, 2016

Jovens e parlamentares em diálogo sobre o “possível desarmamento”. Um evento que ocorreu no dia 16 de março, no Parlamento italiano, e que foi promovido pelas Escolas de participação do Movimento Político para a Unidade e pelos Jovens para um Mundo Unido, em homenagem a Chiara Lubich, artífice da paz.

20160322-02Perante a situação de conflito armado alargado, que se torna cada vez mais injustificável, amplos sectores da sociedade civil continuam a manifestar-se para travar a acção dos governos que, com as suas opções, alimentam o tráfico de armas que é reconhecidamente uma das causas que impedem qualquer solução para os conflitos. Desde há muito tempo que também o Movimento dos Focolares em Itália se tem empenhado neste domínio, através da revista Città Nuova e pela ação do Movimento Político para a Unidade, especialmente com as suas “escolas de participação política”, bem como com a denúncia do envolvimento da Itália na produção bélica. Com efeito, o nosso País, onde estão sediadas várias bases militares estratégicas, continua a produzir armas de alta tecnologia que são vendidas também para os Países do Médio Oriente – como já denunciou a Città Nuova. Pelos portos da Sardenha passam bombas destinadas à Arábia Saudita, país interessado no conflito sírio e que lidera uma coligação envolvida na guerra no Yemen, com milhares de vítimas, já condenada pela ONU. 20160322-01Que fazer então? Durante um ano, os jovens, acompanhados por peritos em geopolítica internacional, trabalharam na elaboração de uma petição com propostas concretas, a qual foi apresentada aos deputados e senadores interessados:

  • Cumprimento da lei 185/90 sobre o «controlo da exportação, importação e trânsito de armamento». Solicita-se especialmente que se interrompa a exportação e o trânsito de armas em território nacional, para países em conflito ou onde se cometam graves violações dos direitos humanos.
  • Alocação de fundos para a reconversão da indústria bélica para fins civis, com referência do estabelecido no artº 1, nº 3, da lei 185/90.
  • Transparência e controlo das transacções bancárias relacionadas com importações, exportações e trânsito de armamentos.

A estas exigências acrescem ainda o pedido para que sejam inseridos na agenda política os temas da integração e do acolhimento, bem como o investimento de maiores recursos na cooperação internacional. Os jovens promotores deste encontro de 16 de março estão perfeitamente conscientes dos interesses e poderes em jogo, e sabem bem que as suas diligências serão, com alguma benevolência, consideradas como ingénuas. Mas, como eles mesmos dizem, «temos a consciência da nossa responsabilidade, que advém precisamente dos ideais que nos movem, e portanto não podemos calar nem olhar passivamente a realidade que nos circunda. Trabalhamos no nosso dia-a-dia para construir a fraternidade e é este o nosso ponto de partida para interpelar os governantes». A reflexão no Parlamento foi enriquecida com o contributo de Pasquale Ferrara, diplomata e docente universitário de Relações Internacionais; de Shahrzad Houshmand, teóloga islâmica, docente na Pontifícia Universidade Gregoriana; do director de Città Nuova, Michele Zanzucchi; e ainda do professor Maurizio Simoncelli, co-fundador do Istituto di ricerche internazionali archivio disarmo. 20160322-03Na raiz de tudo isto está a espiritualidade de Chiara Lubich que, na sua cidade de Trento, presenciou os horrores da II Guerra Mundial, e que, durante toda a sua vida, através do diálogo com pessoas de crenças e culturas diferentes, lançou as sementes de uma convivência pacífica. Em 1948, com 28 anos apenas, Chiara foi recebida no Parlamento italiano, onde se encontrou com Igino Giordani. «Fazemos votos de que os jovens consigam influenciar a agenda política, como habitantes que são do presente e do futuro» – declara Silvio Minnetti, presidente do Movimento político para a Unidade em Itália (MPPU). «Os jovens colocam-nos questões, provocatórias, exigentes, e aqueles que trabalham no campo político querem acolhê-las e comprometer-se, em primeira pessoa, nas próprias decisões de voto, mas também dando viabilidade a uma reflexão séria, para que as respostas sejam concretas». Com a finalidade de influenciar ainda mais a agenda política, o MPPU-Itália apresentou um plano para a organização, nos próximos meses, no Montecitorio, de um Laboratório de auscultação recíproca e diálogo sobre o apelo dos jovens, com a participação de parlamentares, peritos, jovens e representantes do Governo. Ler também: Construir a paz, cada dia (texto do apelo em italiano)

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