«A vida matrimonial é como uma barca – comenta uma família do Peru -: se remamos sozinhos fazemos um esforço enorme e não avançamos. É preciso aprender juntos a arte da reciprocidade». «Nós viemos porque sentimos a exigência de crescer na vida de família e poder ajudar a outras», continua um casal da República dos Camarões ao chegar ao encontro de Loppiano, “Family Hightlights”, de 10 a 12 de março de 2017. O evento, por ocasião dos 50 anos de Famílias Novas, recebe cerca de mil famílias, de culturas e religiões diferentes, provenientes de 50 países, coligado com muitas manifestações que ocorrem pelo mundo e que recordam Chiara Lubich, no 9º aniversário de seu falecimento. “Amar o outro como a si mesmo, amar a todos, ter a iniciativa no amor, fazer-se um com o outro”, são regras simples que as famílias da Escola Loreto, internacional, de Loppiano (Florença, Itália), colocam em evidência ao dar as boas vindas. Esta “arte de amar” dá força para a família restaurar a si mesma, por meio da confiança, do perdão, da responsabilidade, da criatividade e da acolhida. Sementes de comunhão que iluminam situações de sofrimento, desafios e dramas, e que demonstram que «a raiva e a angústia não tem a última palavra», como conta Gianni, coordenador de um grupo de 50 pessoas separadas. As histórias e iniciativas aparecem também durante os vivos diálogos no decorrer de seis workshops: um dirigido a 150 crianças e adolescentes, outros dedicados ao relacionamento do casal nas várias fases da vida, às relações educativas pais-filhos, à acolhida e à solidariedade para com situações difíceis e povos empobrecidos. Algumas famílias provenientes da Síria encontram energias positivas para enfrentar o medo e as inúmeras dificuldades causadas pela guerra. «Aquela flor que pregamos do lado de fora, na conclusão do encontro, vamos levar simbolicamente às outras famílias e à humanidade que nos rodeia, como sinal de esperança e de fraternidade». Ser pais e mães da humanidade, oferecendo uma contribuição pessoal para “sustentar e encorajar a fraternidade universal” é o convite de Maria Voce, presidente dos Focolares, em seu discurso. As famílias, justamente a partir de suas fragilidades e imperfeições próprias da condição humana, mas «renovadas interiormente, podem oferecer ao mundo aquela luz e aquele amor que o cura». Testemunho disso é o empenho de 50 anos do Movimento Famílias Novas, nos cinco continentes, a partilha nos vários grupos, as atividades de animação para casais jovens ou em dificuldades, casais separados e novas uniões, viúvos, iniciativas e projetos para ir ao encontro das necessidades dos mais frágeis e no apoio à infância. «Continuem a fazer tudo isso, não percam a coragem quando é difícil ou lhes parece estar sozinhos». Exorta ainda Maria Voce. A família é chamada a dar uma resposta às problemáticas sociais, talvez olhando ao mundo justamente com o olhar das crianças, como afirma a Dra. Vinu Aram, diretora do Shanti Ashram, com quem há tempos os Focolares estabeleceram intensas relações de amizade e colaboração, em favor de numerosas crianças e famílias na Índia, através da AFNonlus. «O esforço que vocês estão fazendo aqui – comenta Pe. Paulo Gentili, diretor do Escritório Nacional para a pastoral da família – é o de contribuir para construir uma igreja atenta ao bem que o Espírito espalha no meio da fragilidade» (AL 308). Isso significa «reescrever a Amoris Laetitia nas páginas vivas da história». Após todos esses anos sente-se a necessidade de instituir um “Centro de Estudos Avançados”, internacional e interdisciplinar, onde se possa conjugar vida e pensamento. Nascerá no Instituto Universitário Sophia, com o objetivo de aprofundar o tema da família à luz do carisma de Chiara Lubich. «Da pergunta “alguém me ama?”, necessidade primordial de amor, é preciso passar a uma vontade de amor: “eu amo alguém?”», afirma o Prof. Michele De Beni, um dos coordenadores do Seminários de Estudos “O pacto da reciprocidade na vida familiar”, dirigido a um grupo de acadêmicos de várias disciplinas, sempre no contexto de Family Hightlights. «É o desafio da reciprocidade – conclui De Beni – premissa fundamental de um grupo que, antes de começar a fazer pesquisa, se possa reconhecer em tal identidade». Giovanna Pieroni Foto galeria em Flickr (SIf Loppiano)
Colocar em prática o amor
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