Depois do histórico encontro da Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica, no dia 3 de outubro passado em Lund, na Escócia, a comemoração dos 500 anos da Reforma suscita multíplices iniciativas no mundo inteiro. O encontro com o tema “A unidade em caminho” foi realizado no dia 18 de março e foi promovido pela Associação Católica para o Ecumenismo Athanasios en Willibrord e pelo Movimento dos Focolares. A data escolhida foi a durante a semana do aniversário de morte de Chiara Lubich da qual é muito conhecido o grande empenho pela unidade dos cristãos. Para a ocasião reuniram-se na Mariápolis permanente do Focolare em Marienkroon, Nieuwkuijk (100 km de Amsterdam), 380 pessoas, entre as quais líderes das principais denominações cristãs. Um povo em caminho, como evidenciava também o lugar do evento: um toldo branco cobria uma grande sala, completamente ocupada até os últimos lugares e outra sala da qual se podia seguir a transmissão do evento. Durante cinco horas, com a pausa para o almoço, houve uma sequência de reflexões, testemunhos, cantos e manifestações artísticas. O ápice do encontro foi o momento comum de oração, seguindo o mesmo estilo daquele acontecido em Lund. A grande participação, mas, especialmente, a atmosfera fraterna que havia entre os participantes, inclusive líderes das Igrejas, fez deste dia uma etapa histórica, como afirmou o diretor da associação Católica para o Ecumenismo, Geert van Dartel. Ao mesmo tempo foi uma “festa ecumênica”, como afirmou um dos participantes. “A unidade na diversidade não é algo que nós podemos ‘fabricar’; mas, é um dom de Deus’, com essas palavras iniciou o conferencista principal do encontro, Hubertus Blaumeiser, católico, estudioso da vida de Lutero e membro do centro de estudos interdisciplinares do Focolares, a “Escola Abba”. Levando em consideração a agenda ecumênica após o evento de Lund, ele acrescentou, citando Chiara Lubich: “A partitura está escrita no Céu”. Toca a nós saber ler esta partitura. E, sendo assim – prosseguiu – desde que, na cruz, Jesus deu a vida por todos, já nos foi doada a unidade. A nossa parte é corresponder a essa unidade. Assim se explica o primeiro dos cinco “imperativos ecumênicos” selados em Lund, que recomenda iniciar sempre pela perspectiva da unidade e não da separação. Mas como fazer para que esta unidade se concretize, em meio a situações às vezes difíceis, depois de séculos de divisão? Seguindo Deus trinitário e seguindo Jesus todos nós somos chamados a um êxodo – disse Blaumeiser – somos chamados a sair de nós mesmos e a aprender a “pensar e viver partindo do outro”, isto é “não só como indivíduo, mas, também, como Comunidade de fé.” Praticamente o ecumenismo é um trajeto a ser percorrido com Jesus: da morte à ressureição. “A unidade nasce ali, quando temos a coragem de não fugir diante das dificuldades, mas, de entrar com Jesus na ferida da separação, acolhendo-nos uns aos outros também quando isto causa fadiga ou é doloroso.” A este propósito afirmam os “imperativos ecumênicos”, deixar-nos transformar pelo encontro com o outro e, desta forma, buscar a visível unidade e testemunhar juntos a força do Evangelho. A responder essas perspectivas foi o bispo Van den Hende, presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Holanda; o Dr. De Reuver, secretário geral das Igrejas Protestantes dos Países Baixos e Peter Sleebos, ex-coordenador nacional das Comunidades Pentecostais. Comentando as orientações expostas nos próprios discursos eles expressaram ulteriores estímulos e elementos de reflexão, cada um a partir da própria tradição. No início da tarde, testemunhos ecumênicos demonstraram praticamente o que Chiara Lubich denominou “diálogo da vida”. Depois houve um fórum com os conferencistas. Um dos participantes disse: “Neste sábado, nós fomos capazes de ‘tocar’, juntos, notas maravilhosas da partitura que está no Céu.” O pastor René De Reuver, em uma entrevista a um jornal católico, disse: “Este encontro foi muito especial. Eu experimentei a presença de Cristo no entusiasmo, na comunhão e na paixão pela união com Ele. Não anula as diversidades, mas nos faz enriquecer-nos reciprocamente”.
Colocar em prática o amor
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