Movimento dos Focolares

Junho 2012

Mai 31, 2012

“Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará” (Jo 6,27) .

O “alimento que não perece” é a própria pessoa de Jesus e é também o seu ensinamento, pois o seu ensinamento e a sua pessoa constituem uma só coisa. E lendo mais adiante outras palavras de Jesus, percebe-se que esse “pão que não perece” se identifica também com o corpo eucarístico de Jesus. Podemos afirmar, portanto, que o “pão que não perece” é Jesus em pessoa, que se doa a nós na sua Palavra e na Eucaristia.  “Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará”. A imagem do pão, bem como a da água, é muito empregada na Bíblia. Ambos representam os alimentos básicos indispensáveis para a vida humana. Ora, Jesus, aplicando a si mesmo a imagem do pão, quer dizer que a sua pessoa, o seu ensinamento, são indispensáveis para a vida espiritual do homem, assim como o pão é imprescindível para a vida do corpo. O pão material, sem dúvida, é necessário. Tanto que Jesus mesmo o providencia de forma milagrosa para as multidões. Porém, só o pão material não é suficiente. O homem traz dentro de si – talvez sem ter plena consciência disso – uma fome de justiça, de verdade, de bondade, de amor, de pureza, de luz, de paz, de alegria, de infinito, de eterno, fome que nada no mundo pode saciar. Jesus se propõe a si mesmo como o único capaz de saciar essa fome interior do homem. “Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará”. No entanto, apresentando-se como o “pão da vida”, Jesus não se limita a afirmar a necessidade de nos nutrirmos dele – ou seja, que precisamos acreditar nas suas palavras para termos a vida eterna – mas quer nos fazer experimentar a sua vida. De fato, ao afirmar: “Trabalhai não pelo alimento que perece”, ele nos faz um convite insistente. Diz que é necessário ir atrás, imaginar de tudo para conseguir esse alimento. Jesus não se impõe, mas quer ser descoberto, quer que experimentemos a sua vida. É claro que o homem, unicamente com as suas forças, não é capaz de chegar até Jesus. Só por um dom de Deus isso é possível. Mas Jesus está sempre convidando o homem a colocar-se na disposição de acolher o dom Dele mesmo, um dom que Jesus deseja lhe fazer. E é justamente se esforçando por colocar em prática a sua Palavra que a pessoa chega à plena fé Nele, a saborear a sua Palavra como se saboreia um pão cheiroso e gostoso. “Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará”. A Palavra de Vida deste mês não tem por objetivo um ponto determinado do ensinamento de Jesus (como, por exemplo, o perdão das ofensas, o desprendimento das riquezas, etc.), mas nos conduz de volta à própria raiz da vida cristã, que é o nosso relacionamento pessoal com Jesus. Acredito que todo aquele que começou a viver com empenho a sua Palavra, sobretudo o mandamento do amor ao próximo – síntese de todas as palavras de Deus e de todos os mandamentos –, percebe ao menos um pouco que Jesus é o “pão” de sua vida, capaz de saciar os desejos de seu coração, que é a fonte de sua alegria e de sua luz. Colocando-a em prática, experimentou, ao menos um pouco, que a Palavra de Deus é a verdadeira resposta aos problemas do homem e do mundo. E uma vez que Jesus, “pão da vida”, faz o dom supremo de si mesmo na Eucaristia, o cristão procura espontaneamente recebê-la com amor, e ela ocupa um lugar importante em sua vida. Então, é preciso que aquele que já fez essa fantástica experiência não guarde para si a sua descoberta, mas, com a mesma insistência com que Jesus exorta a buscar o “pão da vida”, a comunique aos outros, a fim de que muitos encontrem em Jesus aquilo que seu coração procura desde sempre. É um enorme gesto de amor que ele fará aos irmãos para que também eles possam conhecer o que é a verdadeira vida já a partir desta terra, e tenham a vida que não morre. E o que haveria de melhor para desejar?

Chiara Lubich


Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em agosto de 1985.       

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