Movimento dos Focolares

A caminho da Rússia

Mai 10, 2011

De 13 a 18 de maio, Maria Voce visitará a Rússia. Será uma ocasião única para viver momentos de família com a comunidade dos Focolares, em sua maioria ortodoxa. Liliana Cosi, uma bailarina italiana, entre os primeiros a testemunhar a espiritualidade da unidade nessas terras, por meio da dança, conta brevemente a sua aventura.

Liliana Cosi

Estamos nos anos de 1960, Liliana Cosi, jovem bailarina, está no início da sua carreira. Por meio desta entrevista percorreremos aquele período em Moscou.

Eu estava em Moscou para fazer o segundo ano de estágio no Teatro Bolshoi, fazia pouco tempo que os históricos tratados culturais entre o Scala de Milão e o Bolshoi de Moscou tinham sido assinados, e eu estudava sob a direção de Irina Tichomirnova. Ela teve a ideia de ensinar-me o papel da primeira bailarina do Lago dos Cisnes. Para mim foi uma experiência muito nova e duríssima – era muito exigente, literalmente ‘esculpia’ cada passo meu, cada gesto meu – mas consegui!

Aproximando-se a estreia (creio que ela estava mais emocionada do que eu) Irina me disse as seguintes palavras: “De agora em diante esqueça tudo aquilo que lhe ensinei e dance com a sua alma italiana!” Poucos minutos antes de entrar em cena, ainda no camarim, ela pegou a minha cabeça entre as suas mãos e fez sobre a minha fronte três sinais da cruz… ela não sabia que eu era cristã, não trazia comigo sinal algum que indicasse a minha fé.

Liliana Cosi e Rudolf Nureyev

O Ideal de Chiara Lubich – que eu tinha conhecido fazia pouco tempo – tinha me ensinado que o amor a Deus devia ser vivido, não exposto. No dia seguinte no jornal soviético Isvietzia, na resenha sobre o balé estava escrito que o meu modo de dançar era cheio de ‘espiritualidade‘. Disseram-me que uma palavra do gênero nunca tinha sido impressa naquele jornal! Aquela estreia marcou o início da minha carreira.

Naquela época você estava sozinha em Moscou?

Não. Além do grupo de bailarinas italianas que viviam no internato da Escola do Bolshoi do qual eu era a responsável, estava lá Valeria Ronchetti – Vale –, uma das primeiras companheiras de Chiara, que veio a Moscou para me acompanhar. As palavras não conseguem exprimir o significado daqueles meses para mim: uma radical mudança de mentalidade que influiu em toda a minha vida, profissional, espiritual, humana, até hoje.

Em Moscou com Valeria Ronchetti

Talvez uma frase de Vale, que eu escrevi no meu diário, possa dizer alguma coisa: “Você não deve dançar por Jesus, mas deve ser Jesus, em você, a dançar”.

Você retornou à União Soviética outras vezes?

Visitei regularmente à União Soviética até 1989, convidada pelo governo soviético para muitas turnês não apenas em Moscou, mas também em outras capitais de todo o país. Foram mais de 130 espetáculos, e três vezes participei do corpo de jurados nos concursos internacionais de balé em Moscou.

O que essa experiência representou para você?

De um ponto de vista puramente profissional representou muito para mim. Tive grandes professores e trabalhei com artistas de altíssimo nível no Bolshoi. Ainda hoje quando ensino, quando corrijo os bailarinos da nossa Companhia ou da Escola, tenho diante de mim o exemplo deles. Para a minha vida, essa experência ensinou-me que onde quer que eu esteja é possível viver o Evangelho, e que esse estilo de vida fascina também aqueles que não o conhecem.

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