Movimento dos Focolares

Notícias de Kerala

As enchentes em Kerala, estado do sul da Índia, provocou mais de 400 vítimas e cerca de 750 mil desalojados. As operações de socorro e assistência prosseguem em meio a grandes dificuldades devido à impossibilidade de acesso a algumas das regiões atingidas. Em alguns casos é preciso jogar os alimentos na água, dos helicópteros, porque as estradas e as pontes foram destruídas pelas devastadoras inundações. Da comunidade local dos Focolares escrevem: «Voltamos de Trichy (cerca de 300 km de Kerala), aonde se realizou a Mariápolis com as pessoas dos grupos da Palavra de Vida, que estão espalhados num raio de 120 km. No coração, porém, tínhamos as pessoas de Kerala atingidas pelas chuvas fortíssimas. Estamos ainda no período das monções, vento quente que provoca estes tufões tropicais. Por enquanto sabemos que as pessoas do Movimento estão bem. Estava programado um retiro para sacerdotes em Trivadrum (sul de Kerala), mas precisamos cancelá-lo porque as viagens não são seguras e muitos sacerdotes inscritos foram envolvidos na tragédia. No fim de semana as nossas comunidades locais trabalharam para recolher gêneros alimentícios e objetos de primeira necessidade para enviar às regiões atingidas. Contamos com as orações de vocês». Também o Papa Francisco rezou pelas vítimas e para que “não falta a estes irmãos a nossa solidariedade e o apoio concreto da comunidade”.

O amor é maior que tudo

O amor é maior que tudo

Cinquenta anos atrás nem nós conhecíamos a proveniência do nosso amor. Para nós era suficiente saber que nos encaminhávamos a uma aventura sem fim, maravilhados que as nossas diferenças fossem tão calibradas, agradáveis e complementares que faziam com que nos sentíssemos, embora diferentes, maravilhosamente iguais. Estávamos dispostos a tudo, convictos que ninguém se amasse tanto quanto nós, porque nós tínhamos inventado o amor. Não tinha passado um ano do fatídico sim e já alguma sombra começava a obscurecer o nosso horizonte. Trabalho, cansaço, rotina… todos sabem, o enamoramento a um certo ponto acaba. Foi então que alguém nos revelou que a fonte do amor é Deus, que é amor. Nós deveríamos saber disso, porque ao pronunciar o pacto nupcial Ele estava conosco, e desde então havia até se estabelecido entre nós. Mas nós éramos ignorantes de possuir tanta fortuna, não sabíamos que esta Sua presença fazia parte do “pacote”! Ele, só depois entendemos, nos dá tudo de si, pedindo em troca somente uma pequena cifra diária: que nos amemos com o seu mesmo amor. O enamoramento acaba? No seu lugar deve entrar o amor. Porque, se a fé é uma virtude, por assim dizer, interior, o amor é a sua realização exterior, visível. O amor é maior que tudo: mais que a fé, mais que a esperança. Na outra vida não precisamos dessas duas virtudes. Mas o amor, ao contrário, permanece também no paraíso. É o amor que faz dos dois uma só carne, uma única entidade intocável e indissolúvel, um “nós” aberto ao absoluto. O amor deve chegar ao paradoxo de saber fazer-se nada para viver o outro. Somente assim o nosso amor pode espelhar o seu desígnio originário. O “nós” do casal é o primeiro e vital fruto da fecundidade do nosso amor. A complementariedade do masculino com o feminino que se expressa nos milhares de gestos cotidianos de serviço recíproco e de ternura, até a plenitude da intimidade dos corpos, e se atua também na partilha dos espaços, dos tempos, dos compromissos: um nós que sabe mover-se em saída, primeiramente na direção dos filhos, e na direção dos outros. O “nós” é um modo típico dos esposos de evangelizar, colocando-se diante dos outros como um exemplo entre tantos, nunca como um modelo de família ideal, que não existe. A nossa única chance é o amor, ainda que nos sintamos imperfeitos, ainda que nos pareça ter errado tudo. O importante é acreditar que no momento presente podemos ser a pessoa certa para o outro, e o somos no instante em que decidimos amá-lo assim como é, sem pretender que mude, colocando em ação as três palavras “mágicas” que nos ensina o Papa Francisco: com licença, obrigado, desculpe. Diz-se que a família está atravessando hoje a mais trágica das suas crises. Não lamentemos os belos tempos que passaram. O tempo favorável é hoje. É na família que a vida se acende. É lá aonde aprende-se a compartilhar, a alegrar-se e a sofrer, a encontrar a doença e a enfrentar a morte. É o amor que a torna o lugar do impossível. Dão testemunho disso as tantas famílias que acolhem os filhos mesmo se portadores de deficiências, que os adotam precisamente por as possuírem, que hospedam os pais idosos, que abrem suas casas aos migrantes, que cooperam com a recuperação dos filhos vítimas das dependências. Nestes mais de cinquenta anos a vida nos ensinou muitas coisas. Aprendemos a alegrar-nos e a rezar, a acolher e a esperar. Erramos muitas vezes, mas com a Sua graça e no perdão, recomeçamos. Ao recolocar continuamente o nosso amor nas mãos de Deus, Ele jamais hesitou, como em Caná, em mudar a nossa pobre água em vinho generoso, tornando-o prodigiosamente disponível também a quem está ao nosso redor. E agora, não obstante o passar dos anos que atenua a paixão e evidencia os limites dos nossos caráteres, continuamos confiantes a beber da Sua fonte inexaurível, felizes por sentir-nos companheiros e cúmplices até o fim.

Carta da terra dos Bangwas

Carta da terra dos Bangwas

Chegou, dias atrás, do distrito de Lebialem, na República dos Camarões, assinada pelo presidente da organização Lecudo (Lebialem Cultural Development Organisation), Mbeboh John, uma carta de saudação e agradecimento à presidente dos Focolares, Maria Voce, e ao copresidente Morán, pela escolha dos focolarinos de permanecerem no local, ao lado de «velhos, doentes, crianças, homens e mulheres que se refugiaram no centro Mariápolis», apesar dos riscos que tal escolha comporta. Há quase dois anos, nas regiões anglófonas da República dos Camarões, situadas no Noroeste e no Sudoeste, onde também se encontra a cidadezinha de Fontem com o hospital “Mary Health of Africa”, fundado em 1964 pela vontade de Chiara Lubich, está em andamento um conflito armado entre grupos separatistas anglófonos e o governo central do país, de maioria francófona. No ano passado, um grupo radical declarou a independência da zona anglófona. Seguiram-se – como denunciaram os bispos da República dos Camarões – “violências desumanas, cegas, monstruosas e uma radicalização das posições”. É neste contexto que se insere a escolha dos Focolares de ficar ao lado do povo Bangwa, que «nos remete – escreve o presidente Mbeboh John – à chegada do Movimento, quando Chiara decidiu combater três guerras: contra a doença do sono induzida pela mosca tsé-tsé, contra a pobreza educativa e contra a material» do povo Bangwa. Leia a carta em inglês

Summer campus nas periferias

Summer campus nas periferias

A Cartiera, ex-fábrica na periferia de Turim, no norte da Itália, há diversos anos, graças a uma obra de requalificação, não tem mais o aspecto de uma estrutura abandonada. Por aqui passou uma ventada de ar fresco e vitalidade, graças ao Turim Summer Campus organizado pelos Jovens por um mundo unido, de 28 de julho a 6 de agosto. Uma experiência, na sua primeira edição, nascida para reconduzir a periferia ao centro, que viu uma alternância de momentos de formação e de ação. Ponto de força foi a participação das crianças da região, de nacionalidades e culturas diferentes, que junto com os jovens do Campus realizaram, com simplicidade e divertimento, um recital, fruto do empenho e da colaboração experimentados durante as oficinas artísticas (pintura-reciclagem, música, teatro, dança, canto). Uma riqueza de talentos que valorizou as diversidades culturais presentes no bairro, consideradas não um motivo de discriminação social, mas de diálogo e confronto. Também as temáticas tratadas durante os momentos formativos foram causa de reflexão que interpelou os jovens a se tornarem cidadãos ativos, abrindo debates sobre o diálogo intercultural, sobre o final da vida, sobre a engenharia “green”. Em Roma, o Summer Campus 2018 se realizou seguindo as pegadas do compromisso e do divertimento. As atividades propostas no bairro de Corviale – um edifício com cerca de um quilômetro de comprimento, conhecido como o “Serpentão” – foram de vários tipos: oficinas de música, murais e argila para as crianças; e debates sobre temáticas de atualidade, com a participação de especialistas, para refletir sobre notícias e desafios do nosso quotidiano: as periferias, a legalidade organizada “a partir da base”, a acolhida dos migrantes a partir de um ponto de vista social e jurídico, a participação na vida política, a inutilidade da guerra e a manipulação mediática, origem e causa de novos conflitos. Além das diversas associações do bairro, também algumas das 8 mil famílias que vivem no “Serpentão” abriram as portas de casa e contaram as suas histórias de dor e esperança. O que, à primeira vista, parece um grande e imponente predião, do qual a olho nu não se vê o fim, semelhante a uma colmeia de casas e janelas todas iguais, por dentro não dá medo: é o que experimentaram os jovens do Campus, graças ao encontro com pessoas, rostos e histórias que consentiu ir além das fronteiras e preconceitos, e sobretudo além do muro de cimento que cada um traz dentro de si. Jovens do campus, crianças e famílias de Corviale trabalharam juntos para a realização da festa conclusiva na paróquia do bairro. Uma ocasião para mostrar o fruto das oficinas, mas também para construir uma rede entre as realidades do território, frequentemente distantes, e redescobrir um sentido de comunidade e família. O “caminho contínuo” deste campus se concluiu, nos dias 11 e 12 de agosto, no Circo Máximo de Roma, com o encontro dos mais de 70 mil jovens peregrinos, provenientes de toda a Itália, com o Papa Francisco, depois na Praça São Pedro, com a Missa e o Angelus. O Papa convidou cada um a não ser “jovem de divã”, a não aspirar à tranquilidade, mas a arriscar para, com coragem, correr atrás dos próprios sonhos. As experiências vividas nas periferias de Turim e Roma são um motor que impeliu cada participantes dos campi a mover os primeiros passos na estrada, desafiadora, mas necessária, para realizar os próprios sonhos.

Um verão jovem

Um verão jovem

«Neste ano tivemos o nosso Youth Camp em Mafikeng, na África do Sul, exatamente ao mesmo tempo que o Genfest nas Filipinas, com participantes do Zimbabwe, do Malawi, de Zâmbia, do Lesoto e da África do Sul. A presença de jovens provenientes dos vários países por si só já era um sinal visível do nosso desejo de superar as fronteiras pessoais e culturais». Mafikeng (até 1980 Mafeking) é a capital, além de centro comercial, da província do Noroeste, fundada em 1885 como posto militar britânico avançado. Atualmente é uma etapa importante na linha ferroviária da Cidade do Cabo a Zimbabwe. «Foi muito interessante e até divertido descobrir o quanto são diferentes as nossas culturas e como seja possível se amar reciprocamente nas nossas diversidades. Aprendi muitas coisas – escreve Teddy, de Zâmbia – que não quero ter só para mim, mas quero compartilhar com os meus irmãos. O Youth Camp – é Nkosiphile, do Zimbabwe quem diz – me abriu os olhos. Não vejo a hora de pôr em prática tudo aquilo que aprendi». Contemporaneamente à manifestação das Filipinas, também a que se realizou na Albânia, com cerca de 120 participantes, cristãos, muçulmanos e não crentes, provenientes de várias partes e cidades da Albânia, junto com jovens de Skopje (Macedonia) e uma jovem alemã de Stuttgart. «Como um entrelaçamento, passando do local ao global, realizamos quatro workshops no âmbito da economia civil, da cultura da legalidade, bem como sobre temas como os preconceitos, as relações interpessoais e as redes sociais, com a presença de especialistas italianos e albaneses. Visitamos casas para pessoas com deficiências e para os sem teto, e conhecemos algumas realidades ecumênicas e inter-religiosas da capital, Tirana. A visita à Catedral, acompanhados pelo bispo da Igreja ortodoxa da Albânia, à Mesquita e ao Centro Nacional das Igrejas evangélicas foram seguidas por um “flash mob” realizado por todos os jovens no Parku Rinja, no centro da cidade. O Genfest foi acompanhado por momentos de festa e de oração, num clima de alegria. Serviu para pôr em rede jovens do norte e do sul do país, para fazer com que eles experimentassem a internacionalidade das novas gerações, levadas por si só a superarem as fronteiras. Uma sua nota característica foi a de trabalhar junto com a Igreja na Albânia no percurso rumo ao Sínodo sobre os jovens, além de uma etapa importante para retomar muitos relacionamentos com cristãos de outras Igrejas e com muçulmanos que agora querem prosseguir neste caminho de diálogo». Bragança, na parte norte oriental do Brasil, é a cidade onde se realizou o Genfest para 300 jovens provenientes de diversas cidades do Estado do Pará, que hospeda uma grande fatia do Parque nacional da Amazônia. «Muitos deles – escrevem – estavam tendo o primeiro contato com a comunidade dos Focolares. No programa, além de muita música, incluímos muitos testemunhos, a visita e a participação em alguns projetos sociais da cidade, como a Fazenda da Esperança, um hospital, um grupo ecumênico, e outras atividades que nos ajudaram a entrar no espírito verdadeiro desta manifestação. Depois, explicamos o “Mundo Unido Project” e a proposta de Manila, “Percursos para a unidade”». Na margem oposta do estuário do Rio Amazonas, em Macapá, outro Genfest acolheu 140 jovens. «Uma experiência única, que pudemos realizar graças ao apoio de todos os membros dos Focolares, que nos apoiaram desde o início. Apesar das dificuldades, achamos que o nosso objetivo tenha sido alcançado: “além de todas as fronteiras”».

Em Dublin, a concretude  de “Amoris laetitia”

Em Dublin, a concretude de “Amoris laetitia”

Eles participaram de todos os Encontros mundiais das famílias, desde o de Roma em 1994, e agora preparam-se para viver o evento de Dublin, quando darão o próprio testemunho no Congresso Pastoral. São Anna e Alberto Friso, ex-responsáveis por “Famílias Novas”, realidade surgida dentro do Movimento dos Focolares. Ao microfone de Vatican News falam dos desafios que as famílias cristãs devem enfrentar atualmente e das expectativas para o encontro de Dublin, iluminado por Amoris laetitia, do Papa Francisco. Vocês participaram de todos os encontros mundiais, um quarto de século! O que mudou para as famílias cristãs, na opinião de vocês, nestes 25 anos? Anna Friso: Especialmente para as novas gerações, ter sido acentuado o fato de não acreditar mais no “para sempre”. O desafio a ser enfrentado é fazer com que os jovens percebam que o amor é um componente excepcional da vida e que constitui uma fonte de felicidade que o casal carrega. Direcionar-se ao matrimônio não significa perder a liberdade, mas obter uma linda possibilidade de vida! Alberto Friso: Dois aspectos caracterizam, de modo especial, a nossa sociedade hoje: o individualismo e o relativismo. Diante destes dois impulsos veio a faltar a coesão, a unidade no casal. Isso exigiu que nós cristãos, nós famílias cristãs, olhássemos mais profundamente ao desígnio de Deus e víssemos como Ele nos chamou a viver à sua imagem e semelhança. Como família que testemunha há tanto tempo a vida cristã, o que vocês diriam a um jovem casal que dá o passo do matrimônio, do amor para sempre? Alberto Friso: O que diríamos é: tenham presente que o amor que vocês perceberam no primeiro momento em que sentiram nascer este sentimento tem uma capacidade extraordinária, eterna! É uma centelha do valor mais profundo que constituirá a base de toda a vida de vocês, também quando chegarem as tempestades, e é o amor de Deus. Portanto, vocês não são dois que casam, mas três, porque Jesus estará com vocês. E isso, graças a Deus, traz respostas. Durante a vida, depois, estes jovens se tornam, eles mesmos, testemunhas e colaboradores em transmitir a alegria. Sentem-se imagem de Deus e testemunhas desta realidade. Anna Friso: O desafio é não se deixar influenciar pela cultura dominante, que sublinha a centralidade dos sentimentos, ou os direitos pessoais que prevalecem sobre os do outro, ou sobre o valor do casal. No desígnio do matrimônio existe esta marca de felicidade que é possível realizar justamente porque faz parte do destino da pessoa, do DNA da pessoa. Em Dublin, obviamente, Amoris laetitia terá um papel particularmente importante. O que esta Exortação pós-sinodal está dando às famílias, mas não só? Alberto Friso: Especialmente ela nos impulsiona a testemunhar, com a vida, a realidade cristã do amor de Deus. Diante do mundo, não devemos tanto defender uma ideia, um pensamento, um valor, devemos testemunhar que Deus é caridade e que a caridade está no profundo do coração, inclusive de quem se encontra nas crises mais negras e profundas. Anna Friso: Nós a apreciamos muito justamente pela sua luminosidade, e também pela sua concretude, que não desce a pactos com a doutrina, mas sabe compreender e dar a mão a quem se encontra ferido na vida. E a estas pessoas, em especial, dá a esperança de poder alcançar um caminho de felicidade mesmo nas adversidades, nas dificuldades. A sua beleza é exatamente ser um hino ao amor. Nós vimos neste documento toda a ternura da Igreja. Creio que seja um presente justamente para as novas gerações que se casam. Fonte: Vatican News, 10 de agosto de 2018