Movimento dos Focolares
Benedetti dubbi: um podcast para explorar as nossas perguntas

Benedetti dubbi: um podcast para explorar as nossas perguntas

No dia 23 de maio de 2023 será lançado o primeiro episódio de “Benedetti dubbi” (“Benditas dúvidas”, em tradução livre), o novo podcast dos jovens do Movimento dos Focolares. Descobrimos com os idealizadores do projeto, Tommaso Bertolasi e Laura Salerno, como as dúvidas podem ser uma “bênção” para conhecer melhor a nós mesmos e aos outros. A que somos chamados? Qual é o melhor caminho a seguir diante de uma das tantas bifurcações que a vida nos coloca? Conhecemos a nós mesmos e, sobretudo, onde esconderam o antídoto contra os nossos medos? Essas perguntas que surgem no nosso cotidiano são as protagonistas de “Benedetti dubbi”, o novo podcast pensado para os jovens e pelos jovens, que será lançado no dia 23 de maio em italiano. Para saber mais, pensamos em entrevistar os idealizadores desse projeto e amigos de longa data Tommaso Bertolasi, pesquisador de filosofia no Instituto Universitário Sophia (Loppiano, Florença), e Laura Salerno, jovem do Movimento dos Focolares, estudante de letras e escritora. Laura, como se iniciou este percurso? Tudo começou em 2018. Tanto eu como Tommaso estávamos na Argentina e nos encontramos em um congresso para jovens do Movimento dos Focolares. Ele, como filósofo, havia sido chamado para falar sobre liberdade. Eu o escutei e gostei muito. No decorrer dos anos, Tommaso continuou a dialogar com e para os jovens, tanto que decidiu reunir alguns conteúdos em um livro intitulado “L’ultima ora della notte” (“A última hora da noite”, em tradução livre), que será lançado pela editora Città Nuova em agosto de 2023. E dali surgiu a ideia: “Mas se vai sair um livro, por que não fazer também um podcast que trate dos mesmos assuntos?”. E assim, há alguns meses, ele me telefonou e veio com a proposta de ajudá-lo a dar vida a este projeto. Tommaso, por que um podcast? Às vezes, as ideias são como um coquetel: surgem da mistura de várias coisas. E foi assim com “Benedetti dubbi”. A um certo ponto, me vi com um material variado nas mãos, a maior parte preparado com os jovens, para encontros, laboratórios e diálogos. Então, surgiu a ideia de não limitar a um espaço temas tão importantes como liberdade, escolhas, fragilidade, vocação, mas poder oferecê-los a todos. E me parecia que poderíamos explorar também outras linguagens e outros meios e assim surgiu o podcast. Eu tinha o desejo de criar um formato mais adaptado aos jovens que têm mais dificuldade em ler hoje em dia; ou leem depois que são convencidos de que vale a pena. Um elemento a mais neste trabalho foi dado pela JMJ, que ditou um pouco o prazo desta operação. Achei que seria legal que pudesse surgir uma proposta do Movimento dos Focolares para quem está se preparando para ir a Lisboa. Será lançado um episódio por semana, por seis semanas, nas principais plataformas de podcast (Spotify, Apple Podcast, Google Podcast). Laura, o posdcast é voltado para qual faixa etária? Pensamos em um público-alvo de 18 a 30 anos e, por isso, os temas principais são as perguntas, fragilidades, liberdade, relacionamentos, a busca pelo próprio lugar no mundo. Tudo isso buscando ver a dúvida como uma coisa positiva, como um trampolim para viver mais profundamente e com mais consciência o que acontece na nossa vida. Tommaso, como vocês estabeleceram os temas a serem abordados em cada episódio? A minha ideia inicial era replicar o conteúdo do livro, fazendo uma paráfrase. Porém, trabalhando com a Laura, percebi que as perguntas dela levavam a uma conversa sobre outros territórios, que os jovens em quem ela pensava eram seus colegas universitários que não necessariamente têm uma determinada crença religiosa. Entendi que a Laura tinha perguntas profundas que, em parte, eram suas, em parte, espelhavam seu círculo: era dessas perguntas que precisávamos partir para construir um discurso a ser feito a jovens adultos. Para você, Laura, qual foi o episódio mais complicado? Acho que o episódio mais complicado foi o primeiro. Nós dois estávamos um pouco emocionados, e tínhamos que introduzir o podcast, fazer as pessoas entenderem por que achamos que é tão importante se questionar, porém sem viver na ansiedade e na paranoia. Uma curiosidade é que, quando gravamos os primeiros episódios, eu estava muito resfriada e tinha tido febre poucos dias antes. Tudo sempre acontece justamente nesses momentos! Mas conseguimos, também graças ao supertime que nos apoiou durante as gravações. Tommaso, qual foi a sua experiência pessoal ao realizar esse percurso? Aprendi muito com todas as pessoas de competências diversas que trabalharam neste projeto. Realmente fazer o “Benedetti dubbi” foi uma operação coletiva. Para ficar por dentro também de outros projetos que já programamos, fiquem de olhos nos canais do Movimento dos Focolares. E esperamos o feedback de vocês depois de escutar o podcast no box do Spotify, nas nossas redes sociais (@Y4UW e Movimento_dei_focolari) ou por email (ufficio.comunicazione@dev.focolare.org).

Maria Grazia Berretta

Emergência inundação na Emilia-Romagna e Marche (Itália)

A Coordenação de Emergências do Movimento dos Focolares lançou uma campanha extraordinária de arrecadação de fundos para ajudar a população da Emilia-Romagna e Marche, duas regiões do centro-norte da Itália atingidas por graves inundações, por meio das ONLUS Ação por um Mundo Unido (AMU) e Ação para Novas Famílias (AFN). As contribuições feitas serão administradas conjuntamente pela AMU e AFN para iniciar as ações de reconstrução (foram danificadas muitas casas; móveis; carros, essenciais para o transporte e atividades de trabalho; também prejuízos consideráveis na avicultura, rebanhos e plantações…) É possível fazer a doação online nos sites: AMU: www.amu-it.eu/dona-online-3/ AFN: www.afnonlus.org/dona/ Ou por meio de depósito nas seguintes contas correntes: Azione per un Mondo Unito ONLUS (AMU) IBAN: IT 58 S 05018 03200 000011204344 – Banca Popolare Etica (Banco Popular Ético) Código SWIFT/BIC: ETICIT22XXX Azione per Famiglie Nuove ONLUS (AFN) IBAN: IT 92 J 05018 03200 000016978561 – Banca Popolare Etica Código SWIFT/BIC: ETICIT22XXX MotivoEmergência Emilia-Romagna e Marche Para essas doações são concedidos benefícios fiscais em muitos países da União Europeia e em outros países do mundo, de acordo com as diversas legislações. Os contribuintes italianos poderão obter deduções das taxas, de acordo com a legislação prevista para as Onlus (organizações sem fins lucrativos).

Em conexão com a família do Movimento dos Focolares na Austrália

Em conexão com a família do Movimento dos Focolares na Austrália

Chegamos à etapa australiana da viagem de Margaret Karram e Jesús Morán, Presidente e Co-presidente do Movimento dos Focolares, um continente que com extraordinárias riquezas culturais e uma família do Movimento variada e multicultural .

De Suva a Sydney

Arrivo a SidneyNesta viagem Margaret Karram e Jesús Morán percorreram grandes distâncias com ‘saltos’ radicais, basta pensar no trajeto do Japão para as Ilhas Fiji. Algo semelhante aconteceu no dia 9 de maio com o voo para a Austrália, onde as aldeias de pescadores da costa sul das Ilhas Fiji deram lugar àquela pérola resplandecente que é a cidade de Sydney. As luzes de seu célebre porto brilhavam enquanto nosso avião sobrevoava a cidade, que exibia orgulhosamente sua beleza.

Nesta metrópole multicultural, devido à diversificada comunidade local do Movimento dos Focolares, a acolhida foi feita em muitas línguas. As pessoas são provenientes da Coreia do Sul, Filipinas, China, Hong Kong, Líbano, Sudão, Iraque, Síria, Bangladesh, Brasil e, claro, Austrália. São católicos, melquitas, caldeus, anglicanos. Os focolares de Sydney também acompanham as cidades de Brisbane, a capital australiana Canberra e seus arredores.

Encontro com o arcebispo de Canberra

O contato com a Igreja local é sempre uma prioridade em cada etapa. Em um encontro profundo e descontraído, Dom Christopher Prowse, atual arcebispo de Canberra, destacou a vida de Mary MacKillop, a primeira santa da Austrália. “Se ela estivesse viva hoje, se sentiria muito à vontade com o Movimento dos Focolares”, disse o Arcebispo, ressaltando seu trabalho pelo diálogo entre as religiões. Ele nos levou ao seu túmulo e rezou para que, como aconteceu com ela, o carisma da unidade floresça como uma rosa e espalhe seu perfume por toda esta terra.

A arte, uma porta aberta para a cultura aborígine

Ad una mostra di arte aborigena contemporanea presso la Galleria d’arte del New South Wales

A arte sempre abre uma janela importante para a cultura indígena, mas para entender o que pode ser observado, a presença de um guia é fundamental. Alexandra Gaffikin, uma voluntária inglesa residente em Sydney, com vasta experiência no setor de museus e patrimônio cultural, nos acompanhou a uma exposição de arte aborígine contemporânea na Art Gallery of New South Wales.

As tradicionais pinturas em casca de árvores (bark paintings), por exemplo, retratam histórias, mas também mapas, escrituras e regulamentos. Elas podem ser tridimensionais (técnica underpaint), com camadas inferiores que representam até mesmo fontes de água subterrâneas. Na cultura aborígine, essas obras de arte, que foram originalmente pintadas no corpo humano, são coleções vivas que são transmitidas há milênios.

Uma visita a Sydney

Apesar dos muitos compromissos, Margaret Karram e Jesús Morán também conseguiram encontrar um pouco de tempo para visitar Sydney, pegando uma das muitas balsas rumo a Circular Quay e a famosa Opera House. A vista é maravilhosa!

Diferentes culturas, a novidade de caminhar juntos

Esta visita foi uma oportunidade para os focolarinos de toda a região – vindos também de Perth, Wellington na Nova Zelândia e das Ilhas Fiji – se reunirem para alguns encontros importantes. É um momento de reorganização do Movimento e, portanto, essas culturas tão diferentes (basta pensar na Coreia, no Japão e na área de língua chinesa) podem colaborar ainda mais.

“Acho que até agora não entendemos os aspectos positivos de tudo isso, mesmo que o processo não tenha sido fácil. Creio que veremos as consequências depois de alguns anos porque está nos ajudando a romper todas as barreiras… em primeiro lugar nos nossos corações, e as barreiras entre os países…

“Se queremos ter paz, devemos primeiro tê-la entre nós, focolarinos e nas comunidades. Devemos olhar para os outros países como se fossem o nosso país e descobrir que podemos ser esta “família unida (…)”.

“Não devemos dar nossa riqueza aos outros, mas ajudá-los a descobrir a deles.”

Margaret Karram

Uma presença especial, apesar dos desafios em relação à saúde

Um momento particularmente significativo foi aquele em que três focolarinas casadas gravemente doentes puderam cumprimentar a todos à distância.

“Quero apenas assegurar a vocês a minha unidade – disse uma delas.  – Eu tinha agendado e estava pronta para viajar, mas tive que mudar meus planos, porque Deus tinha reservado algo diferente para mim”.

“É maravilhoso porque sinto que estou onde Deus quer que eu esteja, mesmo que não seja onde eu quero estar”, disse outra.

“Fisicamente não consigo correr, – disse a terceira – mas dentro de mim tenho uma vontade enorme de correr, estou muito emocionada. O entusiasmo não tem idade”.

Boas-vindas da Austrália

Ali Golding

A cultura aborígene na Austrália é a mais antiga e ininterrupta do mundo e remonta a pelo menos 60.000 anos. O protocolo correto para qualquer evento ou reunião na Austrália começar com uma “recepção ao país” por um ancião aborígene, que é um reconhecimento formal dos guardiões das tradições desta terra.

Quando a comunidade do Movimento dos Focolares, vinda de toda a Austrália, se reuniu tivemos o privilégio da presença entre nós de Ali Golding, conhecida como “tia Ali”, que deu a todos as boas-vindas.  Ela é uma anciã do povo Biripi, criada em uma missão aborígene. Por mais de 20 anos ela viveu em um subúrbio de Sydney e, nos anos 80, Ali foi uma das primeiras assistentes educacionais aborígenes. Em 2004 obteve um diploma em Teologia.

Ela participou de vários fóruns locais, nacionais e internacionais, entre os quais o New South Wales Reconciliation Council (Conselho para a Reconciliação da Nova Gales do Sul) e os Australians for Native Title and Reconciliation. (Título Australiano de Nativo e de Reconciliação) Uma grande contribuição para a compreensão e aprofundamento da cultura e história indígena.

A presença de Ali no nosso evento certamente fortaleceu o apreço por esse “tesouro nacional” e pela rica herança aborígene. “Foi uma das boas-vindas mais sinceras que já experimentei”, disse Ali Golding. Aqui senti o espírito do Criador.”

O melhor encontro de toda a viagem (até agora)

Margaret Karram e Jesús Morán tiveram um encontro dinâmico e profundo com cerca de 30 jovens. Quando foram solicitados para falar sobre os desafios, eles não hesitaram, mas falaram abertamente sobre a indiferença que enfrentam todos os dias com os seus coetâneos. Eles não são muitos e as distâncias são enormes.

Margaret Karram contou sobre os seus primeiros anos de vida gen, com sua irmã, em Haifa e como eram poucas no início, recebiam o noticiário “Gen” pelo correio. Sentia-se orgulhosa pelo modo como elas tinham começado e igualmente orgulhosa por eles terem seguido em frente na vida gen.

Jesús Morán também incentivou os jovens, assegurando-os que é positivo compartilhar as dificuldades. “Este foi o melhor encontro de toda a viagem”, disse no final. Gostei muito.”

Uma experiência rica

Margaret Karram e Jesús Morán con i gen 2 e le gen 2

Entrevistados sobre como vivem o diálogo e a fraternidade em situações de conflito, Rita Moussallem e Antonio Salimbeni, Conselheiros do Centro Internacional para a Ásia e Oceania, recorreram à própria experiência.

“Na minha experiência de diálogo com pessoas de diferentes religiões entendi que estamos caminhando juntos em direção a Deus”, disse Antônio. E Rita: “O diálogo é um encontro. O que é realmente importante é conhecer o outro e descobrir que o amor afasta o temor.”

Como praticar “bodysurfing” (espiritualmente)

O surfe é um dos esportes nacionais na Austrália e é muito praticado na costa de Sydney, também por jovens e adultos que, com roupa de neoprene (wetsuit) e uma prancha, vão em busca de ondas. Também o Bodysurfing é muito popular, as pessoas surfam nas ondas do oceano mesmo sem prancha. Um espetáculo extraordinário!

Incontro con la comunità dei Focolari

Mas para chegar aonde estão as melhores ondas para surfar, primeiro é preciso lidar com as ondas mais fortes que estão vindo em sua direção – aquelas que você não quer surfar, aquelas para as quais você não está preparado.

“Alguém me explicou a dinâmica deste esporte e imediatamente me lembrei do nosso amor a Jesus Abandonado”, disse Margaret.

Quem pratica bodysurf mergulha tão profundamente, sob as ondas que não querem surfar, que quase tocam a areia no fundo. Desse modo, evitam ser surpreendidos pela força do oceano. Após a passagem da onda, retornam à superfície para encontrar uma onda na qual possam surfar.

“Assim como eles não combatem as ondas, da mesma forma nós não ‘lutamos contra as provações’, mas vamos ao fundo do coração, reconhecendo Jesus em cada dor e, continuando a amá-lo, voltamos à tona, tendo encontrado a luz por meio do amor”.

T. M. Hartmann

Evangelho vivido: “Que o amor fraterno vos una uns aos outros com terna afeição, estimando-vos reciprocamente” (Rm 12,10)

Nestas palavras de São Paulo, a fraternidade é um chamado ao bem, à vida que vem do batismo, e esta consanguinidade no amor nos permite olhar para a existência do outro como um precioso dom para nós. A nota Eu estava no terceiro ano do ensino médio e tinha uma prova oral de física, bem importante. Comecei a estudar com empenho, certa de que no dia seguinte iria ser interrogada (eu era a única da turma que ainda não tinha a nota do fim do semestre). Pouco depois, a minha irmãzinha veio me pedir ajuda para o seu estudo. Eu logo quis recusar, mas depois lembrei o que São Paulo recomenda: alegrar-se com quem se alegra, chorar com quem chora. Então comecei a estudar com a minha irmã. Precisou a tarde inteira para que ela se sentisse preparada e assim eu tive tempo só de abrir o meu livro de física. No dia seguinte fui para a escola tremendo um pouco, mas convicta de que Deus iria intervir de alguma maneira. O professor entrou e começou a fazer as perguntas a outros meus colegas. No final da aula perguntei porque ele não tinha me chamado. Ele olhou o registro e me disse: “Mas você já tem a nota, e é uma boa nota”. Eu sabia que não tinha feito a prova oral, mas ele tinha dado a nota por algo que eu havia dito anteriormente, durante as aulas. (S. T. – Itália) Como enfrentar o dia Um homem, cadeirante, estava pedindo esmola perto dos carrinhos do supermercado. Na saída eu me aproximei dele e, depois de ter conversado um pouco, disse que ele poderia escolher, das minhas compras, aquilo que precisava. Ficou feliz, pegou alguma coisa e logo começou a comer. Quando me despedi dele senti uma alegria que depois me ajudou a enfrentar os desafios do dia, que tinha começado já bem pesado. Por aquele simples fato eu percebi que fazer um ato de amor concreto é um bom início de dia. Comecei a fazer assim, vencendo muitos hábitos e surpreendendo não apenas o meu marido, mas principalmente os filhos que não se dão conta das coisas que recebem porque pensam ter esse direito. Uma noite, a notícia de um tio que estava gravemente doente criou um grande silêncio na família. O nosso filho mais velho, que está na universidade, perguntou o que poderíamos fazer por ele. Quem respondeu foi a filha menor: “Devemos fazer como a mamãe, que coloca amor em tudo o que faz. Só assim vamos descobrir o que nosso tio precisa”. (L. D. F. – Hungria) Adele “Bipolaridade”. Não podia imaginar que Adele, minha querida colega de colégio, tivesse uma doença tão séria. Foi a mãe dela que me explicou. Depois de um período no hospital, nos dias em que estava instável, ela mesma não entendia o que lhe estava acontecendo. Os remédios deviam ter um efeito equilibrado e isso exigia tempo. Mas o meu afeto e estima por ela não mudaram. Fiquei surpresa no dia em que me pediu para rezarmos o terço. Parecia que na oração a sua concentração fosse perfeita. Desde aquele dia começamos a ler livros de espiritualidade, ou histórias que tivessem um conteúdo positivo. Eu tinha a impressão que minha amiga entendesse tudo mais profundamente do que eu. Quando falávamos de certos assuntos, eu via nela um altruísmo sem limites. Entramos juntas em um grupo de voluntariado para ajudar pessoas pobres. Adele readquiriu vida, equilíbrio, coragem. Sabia estar próxima de quem precisava, mais do que ninguém. A experiência com ela me fez ver, com mais evidência, que a verdadeira realização da pessoa está na caridade. (P. A. M. – Itália)

Aos cuidados de Maria Grazia Berretta

(retirado de “Il Vangelo del Giorno”, Città Nuova, ano IX – n.1° maio-junho 2023)

Tramas do amor: um projeto para cultivar os sentimentos bons

Tramas do amor: um projeto para cultivar os sentimentos bons

Ocorreu no último dia 12 de maio, no teatro Cuminetti di Trento (Itália), a premiação da terceira edição do concurso para escolas “Uma cidade não basta. Chiara Lubich, cidadã do mundo”, do qual participaram 136 trabalhos. Compartilhamos com vocês a entrevista com Cinzia Malizia, professora do 1º A do I.C. Camerano – Giovanni Paolo II – Sirolo (Ancona-Itália), que ficou em primeiro lugar na categoria de escolas primárias. “Trama de amor”: esse é o título do gráfico-multimídia vencedor da categoria primária da terceira edição do concurso nacional para escolas 2022-2023 “Uma cidade não basta. Chiara Lubich, cidadã do mundo”, promovido pelo Centro Chiara Lubich em colaboração com o Ministério da Educação e Mérito, a Fundação Museu Histórico do Trentino e New Humanity, do Movimento dos Focolares. Quem fez esse vídeo foram as crianças do 1º A do I.C. Camerano – Giovanni Paolo II – Sirolo de Camerano (Ancona-Itália), orientados pela professora Cinzia Malizia. Professora Cinzia, como vocês ficaram sabendo desse concurso? Como fica evidenciado no vídeo que produzimos, minha classe é muito animada, às vezes até complexa e difícil de gerir. Apesar de serem crianças de 7 anos, me davam muito trabalho e, sendo também um pouco filhos da Covid, eu notava uma certa dificuldade de entrar nos sentimentos deles, em tirar deles coisas “boas”, gestos bondosos e palavras gentis. Então me perguntei: “como posso chegar ao coração dessas crianças?”. Comecei a procurar algum projeto, algum concurso entre aqueles do Miur (Ministério da educação, universidade e pesquisa) que pudesse ser útil, principalmente com alguma figura que pudesse servir de exemplo. E foi assim que cheguei a Chiara Lubich, uma figura sobre a qual ouvia falar, mas conhecia pouco. Comecei a ler a sua história e, pouco a pouco, juntamente com as crianças, construímos um percurso com o objetivo de fazê-los descobrir, principalmente guiados pela curiosidade, aquela surpresa, aquela maravilha que, infelizmente, na sociedade de hoje parece estar perdida. Com o que trabalharam em particular? Eu quis trabalhar com eles muito sobre as emoções, para entender bem o que tinham por dentro. Enfrentamos o medo, trabalhamos com a raiva, a alegria e vieram à tona muitas experiências. Começaram a falar, a se expressar do jeito deles, e aquele que era o ponto fraco da minha turma se transformou em um verdadeiro ponto forte. “No medo, encontramos a coragem”, diz o nosso vídeo e eles, por primeiro, entenderam o quanto faz bem ao coração pedir “desculpas”, dizer “obrigado” ou “bom dia”. Portanto, sinto que aquela distância inicial está começando a diminuir. Não é que agora as crianças mudaram radicalmente, são sempre aquelas que não param quietas, que gritam, que não respeitam as regras, mas começaram a fazer gestos que são pequenos, mas ao mesmo tempo, grandes, porque são parte de um percurso feito juntos. Chiara Lubich foi uma guia nesse ponto, uma figura encorajadora, quase uma “avó”, que, com sua mensagem de amor, esperança e com seu exemplo realmente trabalhou para criar um mundo melhor. Mesmo simplesmente olhar o outro com amor, sempre, independentemente da posição social, religião, cor da pele ou cultura os tocou muito. Fizeram experiências na classe, com seu colega muçulmano, e isso significa cultivar sentimentos bons, esperar uma sociedade diferente. Nós, professores, não podemos nos render. Essas crianças têm muito para dar. Como as crianças reagiram quando souberam que ganharam o prêmio? Ficaram eufóricos, realmente felizes. Trabalhamos meses e meses e acredito que eles realmente merecem. Infelizmente, não conseguimos recursos para irmos todos a Trento para a premiação. Alguns de nós conseguiram se conectar, enquanto 6 crianças foram presencialmente, acompanhadas pelas suas famílias que, com grande alegria, se colocaram à disposição para bancar a viagem. Eles também ficaram felizes com o projeto, trabalhamos tão juntos que no fim do ano vamos fazer uma apresentação sobre as emoções. Os pais mesmo colaboraram fazendo uma boa parte de todas as máscaras que as crianças usarão e levamos algumas para a premiação. Portanto nossa viagem não termina aqui. A diretora, doutora Flavia Maria Teresa Valentina Cannizzaro, me dizia no começo: “professora, são tão pequenos… eles entendem o que você diz?”, e eu espero que sim, senão, ao menos escutaram e escutar coisas boas nunca faz mal. Acredito que seja importante que as crianças entendam que antes mesmo de terem a capacidade, o que conta é ser bons, ter uma bondade de ânimo que nos permite mudar as coisas para melhor. Acredito que a experiência de Chiara Lubich realmente os ajudou.

Maria Grazia Berretta

Os Focolares no Pacífico, uma única família

Os Focolares no Pacífico, uma única família

A terceira etapa da viagem à Ásia e Oceania de Margaret Karram e Jesús Morán, Presidente e Copresidente do Movimento dos Focolares foram as Ilhas Fiji. Nessa região do Pacífico, a espiritualidade da unidade se difundiu desde o final dos anos 60.

Embora tenham chegado às Ilhas Fiji no dia 3 de maio 2023, devemos dizer que a viagem de Margaret Karram e Jesús Morán à Oceania começou oficialmente apenas dois dias depois, com a cerimônia “Sevusevu”, com mais de 200 pessoas, incluindo os representantes da Igreja local. Isso admitiu a entrada deles e da delegação do Centro que os acompanha na comunidade eclesial e social fijiana.

Sevusevu: o dom do acolhimento

Isole Fiji_cerimonia del “Sevusevu”

Com a cerimônia “Sevusevu” – que significa “dom” –, quem chega ao arquipélago é acolhido e a partir desse momento já não é visitante, mas parte da comunidade e membro, com todos os direitos e privilégios de caminhar em solo fijiano. A Presidente e o Copresidente do Movimento dos Focolares receberam guirlandas preciosas e a raiz de Kava, um derivado da planta de pimenta, com um significado ancestral. Os dois “candidatos” foram apresentados à comunidade pelos “arautos”, que falaram em seu nome. Em seguida, tomaram a bebida feita de Kava num único gole e receberam a “Tabua”, um dente de baleia com um significado sagrado: é o objeto mais precioso da cultura fijiana, oferecido a eles como sinal da mais alta estima e honra.

As tradições no Pacífico: raízes do presente e do futuro dos povos

Compreende-se imediatamente que, no Pacífico, as tradições são elementos vitais e atuais; não estão relegadas a um passado que nada tem a ver com o quotidiano das pessoas, mas constituem o fundamento do seu estilo de vida. Respeito, acolhimento, reciprocidade, solidariedade social, um vínculo muito profundo e antigo com a natureza, são os valores que as tradições continuam a transmitir.

“Margaret Karram, Jesús Morán e a delegação do Movimento dos Focolares chegaram em um momento particular da vida das Ilhas Fiji” – explica Peter Emberson, fijiano, consultor multilateral e analista político do governo de Fiji e das Nações Unidas, que cresceu no Movimento desde muito jovem –. “O atual governo é mais aberto e democrático, e vejo a visita de Margaret Karram e Jesús Morán como parte desse processo de renovação social e política. Há duas perguntas que sempre fazemos a uma delegação oficial que chega às costas de nossas ilhas aqui no Pacífico: ‘De onde você é?’ e ‘Por que você veio?’. No ‘Sevusevu’, diante do povo, Margaret Karram expressou o seu compromisso e o do Movimento dos Focolares de construir a unidade também aqui. É uma resposta identitária, que diz muito sobre a contribuição que o Movimento pode dar ao nosso país. E isso gera confiança”.

Uma região ainda muito pouco conhecida

Isole Fiji

A Oceania é um continente pouco conhecido e, embora territorialmente seja o maior do globo, em termos de massa de terra é o menor. Além da Austrália e da Nova Zelândia, inclui a região do Pacífico, composta por 26 estados e territórios nacionais. Os principais grupos étnicos são os melanésios, os micronésios e os polinésios. No total, a área do Pacífico tem uma população de 16 milhões de pessoas, e nos últimos 100 anos as Ilhas Fiji (quase um milhão de habitantes) se tornaram o coração político e econômico da região, com um panorama religioso variado. O cristianismo é a fé mais praticada, seguida pelo hinduísmo e pelo islamismo. O catolicismo chegou no século XIX, e hoje os fiéis são pouco mais de 82 mil.

O padre Soane Fotutata, secretário da Conferência Episcopal do Pacífico (CEPAC), durante um jantar no focolare, esclareceu os desafios sociais, mas também eclesiais desse vasto território no qual a Igreja Católica está presente com 14 dioceses. Ele explicou que a crise ecológica é uma ameaça existencial para as pessoas e comunidades. Manifesta-se no aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos, secas, inundações e eventos climáticos extremos, que se tornaram mais frequentes. Depois, existem feridas sociais como a emigração econômica e climática, que está despovoando muitas ilhas; prostituição, alcoolismo, pobreza a que também a Igreja local tenta responder.

2022: a chegada dos focolares em Suva

É nesse contexto eclesial que há um ano foram inaugurados os focolares femininos e masculinos em Suva, capital das Ilhas Fiji. A presença deles, de fato, está ligada também a um projeto apoiado pela Missio Escócia e Missio Austrália, para colaborar na pastoral diocesana dos jovens crismandos e pós-crismandos com um programa que visa a apoiar a transmissão das riquezas culturais entre as gerações. “Quando chegamos” – contam Lourdes Rank, do Brasil, e Stephen Hall, da Nova Zelândia – “o Arcebispo nos pediu para estarmos antes de tudo a serviço da Igreja e para participarmos de suas atividades e projetos. Atuamos na catequese, com os jovens e estamos envolvidos na vida das nossas paróquias. Uma abordagem que se revelou muito positiva: agora estamos verdadeiramente inseridos na vida eclesial e começamos a construir relações com vários sacerdotes, religiosos e leigos”.

A esse respeito, o vigário geral da arquidiocese de Suva, dom Sulio Turagakacivi, agradeceu o serviço que os focolares prestam à Igreja local. Agradecendo-lhe, Margaret disse: “Podemos aprender da Igreja aqui como viver o processo sinodal e como manter o frescor do encontro do Evangelho com a cultura e a sociedade locais”.

Em Futuna, a primeira semente da Espiritualidade da Unidade

Mas a primeira semente da Espiritualidade da Unidade no Pacífico foi plantada na ilha de Futuna, no final dos anos 1960, pela Ir. Anna Scarpone, uma missionária marista. O primeiro focolare do Pacífico foi aberto em Numea (Nova Caledônia), de 1992 a 2008, acompanhando o nascimento e o crescimento de uma viva comunidade local. Hoje os focolares das Ilhas Fiji são “casa” para todas as comunidades do Movimento na região do Pacífico, que estão presentes – assim como na Nova Caledônia e em Fiji – em Kiribati, Wallis e Futuna, com algumas pessoas que conhecem a espiritualidade também em Papua Nova Guiné, Samoa e Vanuatu.

Juntos pela primeira vez

Isole Fiji-Margaret Karram e Jesús Morán con alcuni membri della comunità dei Focolari

Isole Fiji-Margaret Karram e Jesús Morán con alcuni membri della comunità dei Focolari

Por ocasião da visita de Margaret Karram e Jesús Morán as comunidades se reuniram em Suva por alguns dias. É o primeiro encontro deles em um dos países do Pacífico. Muitos gestos, como o acolhimento e a estima recíproca, demostram a consciência de todos sobre a preciosidade desses dias. Para esses povos, reunir-se como família do Movimento dos Focolares não significa apenas fazer comunhão espiritual, mas colaborar na vida quotidiana – que inclui cozinhar, preparar a liturgia da missa, cantar e dançar –, cada um oferecendo o seu “dom” natural e cultural que se une ao dom do outro.

Também aqui Margaret Karram e Jesús Morán encontraram os focolarinos e as focolarinas em uma manhã de profunda comunhão e puderam viver vários momentos com a comunidade, como a missa, as refeições e muitos momentos espontâneos de diálogo. A partilha de experiências permitiu-lhes conhecer os desafios e o compromisso do Movimento no Pacífico. Na Nova Caledônia, a comunidade está comprometida no serviço à Igreja e, na esfera social, a criar espaços de unidade entre os diversos componentes étnicos da população. Em Futuna e Kiribati, a Palavra de Vida é central, gerando experiências de perdão e reconciliação em famílias e projetos sociais a serviço das mulheres e dos mais necessitados. Em Fiji, a comunidade cresce e compartilha com os focolarinos o compromisso de serviço à Igreja.

Run4Unity nas Ilhas Fiji: caminhar juntos

O dia 6 de maio foi dedicado a Run4Unity, e Margaret Karram deu início ao revezamento mundial no Pacífico, onde surge o primeiro nascer do sol do mundo. Com a presença dos adolescentes do Movimento Juvenil pela Unidade e com Jesús, ela plantou duas árvores típicas das Ilhas Fiji: “o sândalo, árvore nativa, e o citrus que, para crescer, precisam um do outro”, explicou. “O sândalo é perfumado, e o citrus, que é cítrico, fornece ao sândalo todos os nutrientes de que ele precisa. É um exemplo maravilhoso na natureza de cuidado mútuo. É isso que os habitantes das Ilhas do Pacífico querem dizer a todos nós: a única maneira de oferecer o nosso dom precioso, a unidade, é caminharmos juntos, cuidando uns dos outros. Dessa forma, podemos transformar o nosso mundo”.

Uma mensagem que evoca aquela que é talvez a principal característica destas ilhas: a vida comunitária, como ficou evidente na tarde e na noite de 7 de maio no encontro de Margaret e Jesús Morán com a comunidade dos Focolares. “Vim aqui para estar perto de vocês e compartilhar suas vidas pelo menos por alguns dias” – disse Margaret a todos –. “O que encontrei aqui está muito vivo no meu coração e expressa a cultura de onde venho, que incentiva o respeito pelas outras pessoas e pela língua, além do sentido de família. Vocês também são poucos, mas não se preocupem: o que importa é viver o Evangelho e levar a unidade a quem encontrarmos. O que vocês compartilharam nestes dias me impressionou muito: com o amor, a hospitalidade e a acolhida, vocês nos doaram Jesus. Mas, ouvindo-os, compreendi que a pérola mais preciosa que possuímos é Jesus Abandonado, por quem deixamos tudo, e que é o segredo para amar a todos”.

“As experiências de perdão que vocês relataram me tocaram profundamente” – continuou Jesús – “e demonstram que vocês vivem o Evangelho, porque o perdão é a maior novidade que ele contém. O perdão não é algo humano, só Jesus em nós pode perdoar, e vocês expressaram isso com uma pureza única”.

Quando lhe perguntaram sobre o que ela espera para o futuro do Movimento na Oceania, Margaret disse o que deseja para todo o Movimento no mundo, ou seja, que se torne cada vez mais uma família não fechada em si mesma, mas aberta, que dialoga para realizar a oração de Jesus ao Pai, como Chiara Lubich sonhou.

Retomando a palavra, ela acrescentou: “Gostaria de dizer novamente que, para contribuir para a realização da unidade, cada país, cultura ou continente não deve perder a própria identidade. Temos que ser nós mesmos. Esta seria uma grande dádiva para todo o Movimento e para o mundo: sermos nós mesmos, com nossas riquezas e contradições, e viver o Carisma da Unidade sem eliminar quem somos”. Os aplausos que se seguiram expressaram a gratidão das pessoas por se sentirem compreendidas.

Iniciada com a cerimônia “Sevusevu”, esta visita só poderia terminar com a mesma solenidade. A cerimônia de despedida, “I-Tatau”, parece fechar o círculo: na língua fijiana, os arautos que falam em nome de Margaret e Jesús agradecem à comunidade e pedem, em nome deles, permissão para se despedir, enquanto o orador que fala em nome da comunidade fijiana permite que eles saiam e deseja uma boa viagem na esperança de se encontrarem novamente.

O espetáculo que as comunidades do Pacífico prepararam é uma “exposição” extraordinária das expressões artísticas dos povos ali presentes, em que as danças e os cantos expressam a sua profunda ligação com a terra e com a natureza, o orgulho das suas tradições e o desejo de compartilhá-las.

Mas o que ficará impresso em todos, acreditamos, é a saudação que as comunidades da Nova Caledônia e Fiji trocaram: sentados, um diante do outro, cada um entoou a própria canção de despedida, acenou adeus olhando-se nos olhos, como quem se despede de um irmão de sangue.

“Garantimos que seremos uma só família” – dizem a Margaret – “e, apesar de nossas fragilidades, faremos de tudo para manter a presença de Jesus no meio na Oceania”.

Stefania Tanesini