Movimento dos Focolares
Festival Ecumênico da Juventude

Festival Ecumênico da Juventude

O Festival Ecumênico da Juventude floresceu do coração de muitos jovens cristãos e teve como lema “Caminhar todos juntos na luz de Cristo”. O evento teve lugar em Timisoara (Romênia), Capital Europeia da Cultura, de 1 a 7 de maio de 2023.

O evento

Uma verdadeira festa na qual os jovens são protagonistas e onde cada um é testemunha da fraternidade gerada pelo encontro com Cristo. Este foi o cerne do Festival Ecumênico da Juventude que aconteceu de 1 a 7 de maio na Romênia, em Timisoara. A motivação, que envolveu um grupo de jovens de seis diferentes confissões – católica romana, greco-católica, ortodoxa romena, sérvia, luterana e calvinista – partiu da Semana de Oração pela Unidade Cristã, de 2022 e o evento contou também com a presença de alguns jovens das igrejas neo-protestantes e de alguns representantes da comunidade mosaica (israelita).O bispo católico romano, József-Csaba Pál, conta que os 14 meses de preparação, feita por todos juntos, foram uma “verdadeira escola de unidade”.

O programa do Festival foi rico de encontros, conferências, debates e workshops, momentos enriquecidos inclusive por uma significativa procissão ecumênica, pela visita às igrejas e aos museus das várias Igrejas de Timisoara. E não faltaram momentos de relax, por exemplo, no Parque Carmen Sylva, na Casa Kolping e o passeio de barco no rio Bega.

O grupo Juntos pela Europa colaborou em um workshop sobre a questão da cidadania e da transformação das cidades, com a participação de 100 jovens. Uma iniciativa importante, parte do Projeto Diálogo.

No dia 6 de maio, a banda Gen Verde fez um concerto da Sala Capitol, da Filarmônica do Banato, em Timisoara. A apresentação foi o fruto do Projeto Start Now: cinco dias de workshops de dança, canto, percussão e teatro, que envolveram os jovens de diferentes Igrejas, que se apresentaram para uma plateia de cerca 850 pessoas.

A cidade

Timisoara foi escolhida como Capital cultural da Europa para o ano de 2023. A cidade, de mais de 300 mil habitantes, permanece fiel ao seu espírito e nela residem, atualmente, pessoas de 21 culturas e 18 religiões. Numa atmosfera acolhedora, este local reúne comunidades culturais diferentes, entre as quais romenos, alemães, húngaros, sérvios, croatas, italianos, eslovacos e búlgaros. “Timisoara é o local onde se pode viver da melhor forma o ecumenismo”, explica a jovem ortodoxa Cezara Perian.

Muito se inspira no passado dessa cidade (que recebeu a primeira biblioteca pública com sala de leitura, no Império Habsburgo, e a primeira projeção cinematográfica), e, ao mesmo tempo, explora-se o poder transformador da cultura para plasmar o futuro. Timisoara é uma cidade fácil de percorrer, com mais de 40 mil estudantes, um setor artístico muito vivo e uma série de instituições culturais.

A riqueza da trama urbana, que compreende mais de 20 mil edifícios históricos, grandes espaços públicos e bairros históricos com identidades diferentes, unida ao desenvolvimento de corredores verde-azul, ao longo do Canal Bega, torna a cidadã atraente para as famílias ou para a transferência de profissionais do mundo inteiro, mas também para os espíritos livres, que viajam com a mochila nas costas pela Europa.

Os jovens

Durante estes dias do Festival, andando pelas ruas de Timisoara, muitos eram os jovens que vestiam a camiseta do evento. Vários participaram como voluntários, organizando os almoços, passeios e atividades por toda a cidade.

Na quinta-feira, 4 de maio, rapazes e moças de várias confissões, junto às suas comunidades e aos sacerdotes, fizeram uma procissão com etapas em quatro igrejas. Partindo da igreja greco-católica Sfânta Maria Regina Păcii, 300 pessoas ocuparam as ruas de Timisoara cantando o hino do Festival Ecumênico da Juventude.

A primeira etapa foi a Paróquia Reformada Timisoara, da Igreja Reformada, por onde os jovens passaram em silêncio e oração, acompanhando as mensagens inscritas nos muros que encorajavam a reflexão. Chegando à Catedrala Mitropolitană Orthodoxă, os participantes rezaram juntos e ouviram um coral lírico ortodoxo. E enfim, na Catedral São Jorge, da Igreja Católica Romana, todos depuseram suas velas formando um coração diante da igreja. Ciobotaru Luca Paul, jovem católico, afirmou: “Neste festival ecumênico renovamos a nossa fé, colaboramos e não deixamos que as coisas em que acreditamos nos dividam”.

Duas mulheres, de passagem pela cidade, perguntaram do que se tratava aquela manifestação. Eram ortodoxas e ficaram surpresas porque reconheceram que as velas utilizadas eram da igreja delas, mas não conheciam os cantos. Quando entenderam tratar-se de uma procissão ecumênica, disseram: “Mas, como é possível, tantos cristãos assim juntos?”. Esta é a mensagem de unidade na diversidade que o evento desejava transmitir.

Ana Clara Giovani

Assembleia continental da América Latina: um chamado a ser escutados

Assembleia continental da América Latina: um chamado a ser escutados

As Assembleias regionais da fase continental do Sínodo 2021-2024 foram concluídas com a Assembleia do Cone Sul, que ocorreu em Brasília em março de 2023. Partilhamos algumas reflexões sobre este percurso de alguns membros do Movimento dos Focolares que participaram da Assembleia de conclusão. “Do momento no qual soube da minha eleição, além da grande alegria de poder participar, senti uma grande responsabilidade: aquela de poder ser um verdadeiro canal através do qual passa o Espírito Santo.” São as palavras de Mercedes Isola, voluntária do Movimento dos Focolares, leiga eleita pelos bispos da região de La Plata (Argentina) para participar da Assembleia continental para o Sínodo do Cone Sul que ocorreu em Brasília (Brasil) na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). “Um espaço de grande partilha no qual foi possível redescobrir”, continua Mercedes, “a ‘dignidade’ batismal que nos torna todos irmãos, povo de Deus, corresponsáveis na missão, independentemente da vocação de cada um. As ‘comunidades de discernimento’, compostas por pessoas de diversas realidades e vocações, foram a confirmação dessa realidade: o Espírito Santo sopra em todos, sem distinções”. O encontro, do qual participaram mais de 200 pessoas, começou com a entrada da imagem da Virgem Maria, padroeira de todos os países, a quem foram confiados os trabalhos da Assembleia, que reuniu brasileiros, chilenos, uruguaios, argentinos e paraguaios. Na diversidade de cada povo está a beleza do singular que, em diálogo com o outro, se torna construtor da verdadeira sinodalidade. “Abrir-se a uma Igreja com maior participação dos leigos, inclusiva, transparente, coerente, seguindo Jesus e concreta em seu serviço e missão. Esses são somente alguns pontos que foram abordados e aprofundados naqueles dias”, nos conta Eliane de Carli, focolarina casada do Brasil. “Essa experiência”, continua, “feita a partir de uma prática chamada ‘conversão espiritual’, nos proporcionou uma comunhão muito profunda nos grupos de trabalho. Além disso, a riqueza dessa inernacionalidade nos permitiu conhecer os desafios da Igreja em cada país, alguns muito similares entre si”. Foi uma semana de trabalho intenso que se transformou em experiência de vida. É isso que se percebe também nas palavras de Marise Braga, focolarina brasileira: “o dia começava com um momento de oração, organizado cada vez por um país diferente. Para a elaboração do documento final, tendo como base os questionários recolhidos nos vários países na fase local, era necessário que se respondesse em grupo a três perguntas sublinhando as luzes que emergiam daqueles relatórios, evidenciando as sombras, as tensões e os desafios de determinados temas em cada país e, enfim, reconhecendo as prioridades a serem abordadas no Sínodo”. O papel das mulheres na Igreja foi um dos temas recorrentes durante essa Assembleia Continental do Cone Sul, uma questão que está adquirindo cada vez mais importância juntamente com as problemáticas dos jovens que precisam ser enfrentadas. “Antes da missa de conclusão dessa fase sinodal, os jovens pediram a palavra”, diz Mercedes Isola. “Foi muito forte ouvir da boca deles o porquê de seus amigos não estarem mais na Igreja. Os jovens mesmo pediram uma abertura maior, uma Igreja que permita que todo o povo de Deus seja protagonista, com as portas abertas, como diz o papa Francisco.” É uma exigência que parece unir todos os continentes nesse processo sinodal e que, como afirmou o padre Pedro Brassesco, secretário adjunto do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho) nos impulsiona a “aprender um novo modo de ser Igreja”. “A Igreja, nos chamou a ser escutados”, conclui Marise, “não só os bispos, mas todo o povo de Deus. Muitas vezes é preciso inverter a pirâmide para saber o que há no fundo, mas para ver os frutos desse trabalho, é preciso ter paciência. Talvez os nossos filhos, netos e bisnetos poderão gozar disso. Agora estamos plantando uma semente, mas devemos ter esperança. É um primeiro passo em direção a uma Igreja mais próxima”.

Maria Grazia Berretta

Japão: Abram o coração a todos!

Japão: Abram o coração a todos!

A viagem na Ásia e na Oceania de Margaret Karram e Jesús Morán, Presidente e Copresidente do Movimento dos Focolares, continua em direção às Ilhas Fiji, depois de ter concluído a segunda etapa em solo japonês. A seguir, algumas atualizações sobre a estadia deles no Japão. ありがとう    Arigato           Obrigado 思いやり        Omoiyari        Consideração pelas outras pessoas 健康               Kenko            Saúde 平和               Heiwa            Paz 美しさ           Utsukushisa  Beleza 正直               Shojiki”           Honestidade   De acordo com uma enquete da TV nacional nipônica NHK, estas são as 6 palavras mais amadas pelos japoneses. Descrevem bem a alma deste povo e o valor que eles atribuem à harmonia na vida social e com a natureza. E é na riquíssima cultura japonesa que Margaret Karram e Jesus Morán, Presidente e Copresidente do Movimento dos Focolares, juntos à delegação do Centro do Movimento dos Focolares imergiram-se para a segunda etapa da viagem à Ásia Oriental, de 25 de abril a 2 de maio 2023. A Igreja no Japão: recriar a comunidade Quem lhes abriu as portas do “País do sol levante” foi o arcebispo de Tóquio, Dom Tarcisius Isao Kikuchi, que define a Igreja Católica local “pequena e silenciosa”. Os cristãos são 536.000; 0,4% em uma população de 130 milhões, na qual as religiões budista e xintoísta são majoritárias, mas estabelecer qual é a principal é difícil, uma vez que muitos japonese seguem ambas e, portanto, existe a tendência em unir vários elementos de várias religiões. Ele explicou que o estilo de vida atual está levando a uma desagregação da família e isto provoca nas pessoas solidão e alienação. É preciso recriar a comunidade – afirmou – e o Focolare pode ser uma ajuda para a Igreja. Encorajo-os a apresentar a espiritualidade de vocês, antes de tudo aos bispos (no Japão são 16), para que por meio deles possa entrar nas comunidades”. Com a visita a Dom Leo Boccardi, Nuncio apostólico em Tóquio, o discurso continuou: na Ásia os cristãos não são mais que 2%. Portanto, qual é o papel deles? O Núncio também encorajou os Focolares a difundir o carisma da fraternidade. “No Japão existe ordem, respeito entre as pessoas – explicou ele –, mas existe também muita indiferença. A pandemia deixou uma ferida aberta: precisamos recuperar os relacionamentos”. “Eu vi a Igreja nascente”, escreveu Igino Giordani (Foco), já em 1959, compreendendo a sacralidade da história cristã deste país, quando foi a Tóquio, a convite das Irmãs Canossianas. Foi ele quem lançou a primeira semente da espiritualidade da unidade nesta terra. Os focolares chegariam apenas em 1976 e 77 e hoje são três, em Tóquio e Nagasaki, enquanto a comunidade tem cerca de mil pessoas espalhadas nas cinco principais ilhas do arquipélago japonês. Entre modernidade, tradição e sede de espiritualidade Oito dias, no entanto, são muito poucos para conhecer em profundidade a alma de um povo, então cada encontro e intercâmbio é precioso para Margaret Karram e Jesús Morán, bem como uma visita a alguns lugares em Tóquio, como o Santuário Xintoísta Menji Jingu ou o bairro ultramoderno de Shimbuya. É assim que o Japão mostra sua face multiforme: é um dos países mais avançados do planeta, mas firmemente vinculado à tradição. A sociedade é muito homogênea e privilegia o bem comum acima do bem individual. As pessoas são dotadas de sensibilidade, delicadeza e atenção ao outro e também de grande habilidade no trabalho e senso do dever. Aquilo que guia os japoneses é “sentir o coração”, que consegue captar dos fatos concretos o que é essencial. E é significativo que os primeiros a encontrar a Presidente e o Copresidente  dos Focolares tenham sido justamente os jovens do Movimento, os Gen, que com eles encontraram uma linda sintonia, dialogando juntos, num clima de simplicidade e família. Experimentaram a mesma profundidade de relações e comunhão nos encontros com as focolarinas, focolarinos e voluntários. Jesuítas e Focolares juntos, sinal de esperança para o mundo No dia 29 de abril, a Universidade Católica de Tóquio, Universidade Sophia, sediou o tão esperado simpósio “Podemos ser um sinal de esperança para o mundo?” (Can we be a sign of hope for the world?), ao qual Margaret Karram e Jesús Morán foram convidados como oradores. O seminário propôs um encontro excepcional entre dois carismas: o “histórico” de Santo Inácio, que levou o cristianismo ao Japão no século XVI, e o carisma de Chiara Lubich. No centro estão os temas do diálogo e da unidade em um contexto social e religioso sedento de espiritualidade. Os outros palestrantes eram os padres Renzo De Luca, provincial dos jesuítas no Japão, Augustine Sali e Juan Haidar, professores da universidade. Todo o potencial dessa sinergia emergiu dos discursos. Margaret Karram iniciou, dizendo que aquilo que a humanidade mais precisa é a esperança e podemos encontrá-la dialogando sem nunca se cansar, mesmo com aqueles que são muito diferentes de nós. E conclui: “Os pequenos e grandes esforços de diálogo que cada um de nós pode fazer, de relações sinceras e calorosas, são a base sólida sobre a qual construir um mundo mais fraterno”. O Pe. De Luca explicou como o diálogo faz parte do DNA dos cristãos japoneses desde o início. “Durante as perseguições, eles não retribuíram a violência recebida com outra violência, e é por isso que os Papas os apresentaram ao mundo como modelo”. O Pe. Sali refletiu sobre os desafios da Igreja japonesa diante da secularização, que deve encontrar novas formas de diálogo para oferecer a espiritualidade cristã à comunidade global. E o Caminho sinodal que a Igreja Católica está percorrendo – explicou Jesús no seu discurso – pode ser uma resposta, mas só será assim se for animado pela comunhão. “A comunhão e a sinodalidade dão naturalmente um novo impulso ao diálogo, cada vez mais necessário devido à crescente polarização das sociedades em todos os níveis”. Pe. Haidar retoma o tema da esperança e assegura que “não temos razão para perdê-la, porque o bem é mais forte do que o mal e Deus está sempre do lado do bem”. Um dos participantes do simpósio definiu essa reflexão em conjunto, Jesuítas e Focolares, como uma “reação química” que pode produzir vida nova. “Entendi que para dialogar é necessário a coragem, a perseverança e a paciência; e sobretudo que devo começar por mim.” “Abram o coração a todos”, a recomendação de Margaret Karram à comunidade dos Focolares “Estamos aqui, porque queremos compartilhar o que recebemos como um dom de Deus”, disseram Natzumi e Masaki, na abertura do encontro da comunidade dos Focolares no Japão na mesma tarde. Sentimos alegria e emoção por nos encontrarmos pela primeira vez de modo presencial, após a pandemia, há quase três anos e meio. Os testemunhos mostram a grande fidelidade na vivência do Evangelho na vida quotidiana, em um contexto social muitas vezes hostil, devido à indiferença ou ao distanciamento social. Uma voluntária tocou em um ponto desafiador para todos os cristãos no Japão: a dificuldade em transmitir a fé, especialmente para as novas gerações. “Se você viver a Palavra”, respondeu Jesús Morán , “pode ter certeza de que está transmitindo Jesus. Gostaríamos de obter resultados, mas Jesus não se importa com isso porque Ele quer tocar as pessoas com Sua vida. Vamos dar-lhe tudo, depois Ele recolherá o que Ele quer e como quer.” “Vocês têm uma mensagem para a comunidade dos Focolares no Japão?” Foi a última pergunta surpresa para a Presidente e o Copresidente : “A mensagem é o diálogo”, responde Margaret Karram. Encorajo-os a abrir o coração a todos de modo novo. É verdade que aqui os cristãos são uma minoria, mas a nossa vocação, como membros do Movimento dos Focolares, é ir ao encontro das pessoas com coragem e abrir novos caminhos para construir a fraternidade e um mundo em paz”. “A nossa especificidade é viver a unidade – continuou Jesús Morán – por isso cada um de nós está em plena vocação. Somos o “sacramento do amor de Deus” para os outros, como diz Chiara. Que ninguém se sinta sozinho, mas sigam em frente juntos, porque a fé se vive juntos”.   Visitando a Rissho Kosei-kai: somos uma única família Dia 1º de maio, depois de 42 anos da visita de Chiara Lubich, Margaret Karram e a delegação do Movimento dos Focolares que a acompanha, entraram na grande sala sagrada do Centro da Rissho Kosei-kai (RKK). É difícil descrever a alegria e a comoção, visíveis no rosto de todos: é o abraço entre irmãos e irmãs que caminham juntos há muitos anos. Um afeto expresso pelo presidente Nichiko Niwano e sua filha Kosho. A Rissho Kosei-kai é um movimento budista leigo, fundado em 1938 pelo reverendo Nikkyo Niwano. Possui cerca de um milhão de fiéis no Japão, com centros em vários países. É muito ativo na promoção da paz e do bem-estar por meio de ações humanitárias e de cooperação. Em 1979, Nikkyo Niwano viu Chiara pela primeira vez. “Conheci uma pessoa extraordinária com quem posso viver em comunhão”, disse ele sobre Chiara. Desde então, a relação entre os dois Movimentos nunca foi interrompida. “Hoje estamos aqui como uma única grande família – disse Margaret Karram em seu discurso de saudação aos muitos presentes e àqueles que acompanharam a cerimônia pela internet – o que toda a humanidade mais preza é o valor supremo da paz. (…). Juntos podemos ser um sinal de esperança no mundo; juntos, como uma única família, nossos dois Movimentos podem ser pequenas luzes que brilham na sociedade, vivendo a compaixão e o amor, que são nossas armas mais poderosas”. “Hoje é um dia inesquecível – continuou Nichiko Niwano – pelo qual somos gratos, porque nossos Movimentos se encontram: são irmãos e têm muito em comum”. “É o diálogo entre nós que nos faz ser assim – continua sua filha Kosho, futura sucessora da presidência da RKK –; agradeço ao meu avô Nikkyo Niwano que fez do diálogo e do encontro o alicerce da minha vida”. “Vivemos uma manhã de recolhimento e sacralidade – concluiu Margaret Karram – e levo comigo o que aprendi graças a vocês: ser sempre grata pelo que recebo como um dom. Renovo o compromisso do Movimento dos Focolares a seguir adiante juntos para realizar o sonho de um mundo melhor.”

Stefania Tanesini

Semana Mundo Unido 2023: #DARETOCARE – Ousar cuidar das pessoas e do planeta

Semana Mundo Unido 2023: #DARETOCARE – Ousar cuidar das pessoas e do planeta

De 1º a 7 de maio de 2023, ocorre a 28ª edição da Semana Mundo, o laboratório e expo global de ações e iniciativas pela fraternidade, unidade e paz entre pessoas e povos, promovida pela comunidade do Movimento dos Focolares no mundo inteiro. A abertura será no dia 1º de maio, transmitida ao vivo pelo Youtube, na Mariápolis Permanente de Loppiano (Itália). No dia 07 de maio, haverá a conclusão com a corrida mundial “Run4Unity”, promovida e apoiada pela Plataforma de Ação Laudato Si’ do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé.   Uma comunidade de Pont-à-Mousson, na França, converterá o esporte e os quilômetros percorridos em árvores a serem plantadas na paróquia gêmea em Burkina Faso. Justamente ali, em Bobo Dioulasso, os Jovens por um Mundo Unido do Sahel caminharão ao longo das ruas da cidade para limpá-la do plástico, com o qual construirão uma simbólica “montanha da paz”. Em São Mauro Pascoli, na Itália, jovens e adultos, promoverão juntos esportes ecológicos para atrair a atenção das pessoas para o cuidado com o meio ambiente e arrecadar fundos para obter equipamentos esportivos para jovens ciclistas da Ucrânia. Em Palawan, nas Filipinas, centenas de pessoas limparão as praias púbicas, para cuidar da natureza e da saúde de seus conterrâneos. Eles explicam: “Acreditamos que hoje, mais do que nunca, a unidade e a fraternidade podem ser alcançadas somente se tomarmos conta, se assumirmos a responsabilidade de cuidar juntos do planeta, com ações concretas, começando por onde estamos”. Do Paraguai à Índia, passando pelo Togo, Benin, Líbano, até a Austrália, ocorrerão centenas de iniciativas como essas, de dimensões pequenas e grandes colocadas em prática com as mesmas motivações. É isso que acontece todos os anos, no mundo inteiro, para celebrar a Semana Mundo Unido. Sete dias de laboratório e expo, promovidos pela comunidade do Movimento dos Focolares no mundo em sinergia com outros movimentos, associações, instituições locais que compartilham os mesmos valores, para atrair a opinião pública para a paz, para o cuidado com o meio ambiente, para a conversão ecológica, para o cuidado com a pessoa que parte da fraternidade concreta. O tema principal da 28ª edição é o cuidado com a humanidade e com o planeta. De fato, o título é: “Dare to Care: as Pessoas, o Planeta e a nossa conversão ecológica”. São temas que se tornam ainda mais urgentes pelo momento que vivemos, com os efeitos catastróficos da crise climática e a proliferação desumana de guerras e conflitos espalhados pelo planeta. As iniciativas que se ativam no mundo durante o ano sobre esse tema, encontram nessa semana uma vitrine em muitos encontros, virtuais e presenciais, com uma diversidade de acordo com os locais e comunidades que os promovem: expo, eventos culturais, laboratório de diálogo e ideias, ações solidárias ou ecológicas, eventos esportivos. Se localmente o objetivo é incidir sobre a opinião pública dos respectivos países, o objetivo internacional é iluminar de esperança a Casa Comum, partindo da ação perseverante e incansável do povo que se empenha em construir a fraternidade. O parceiro principal da Semana Mundo Unido 2023 é o Movimento Laudato sì. A Semana Mundo Unido é financiada também pela União Europeia por meio do projeto AFR.E.SH”.

Os eventos internacionais da Semana Mundo Unido

Na noite do dia 30 de abril, às 21h, horário da Itália, terá início a Semana Mundo Unido com o show “The reason we care” (a razão pela qual cuidamos/nos importamos), da banda internacional Gen Rosso, transmitido pelo canal oficial no YouTube (https://youtube.com/@GenRossoOfficial). O concerto é fruto dos últimos anos de trabalho da banda que, por meio da música, levou adiante atividades de acolhimento e formação com jovens refugiados e migrantes na Bósnia e no Líbano. No dia 1º de maio, às 12h, um grande espetáculo intitulado “Common Ground, me you and us”, transmitido ao vivo mundialmente do palco do Auditorium da Mariápolis Permanente de Loppiano (Itália), abrirá a 28ª edição da Semana Mundo Unido. Qual é a proposta? Redescobrir o valor do cuidado, do tomar conta de si e do outro, das relações que nos ligam e do relacionamento com a Mãe Terra. No programa, os testemunhos de jovens changemakers, italianos e de vários países do mundo, empenhados nas redes e, muitas vezes, corajosamente contra a corrente, cuidando de pessoas e do meio ambiente, pelo bem comum de seus povos. Como Mimmy, do Burundi, que, no âmbito da luta contra a poluição causada pelo plástico, foi eleita embaixadora do “plástico zero”, porque, com a sua associação, transforma o plástico em lâminas ecológicas e planta árvores no Parque Nacional de Rusizi. Ou Ivan, que em Damaguete, nas Filipinas, com a sua comunidade, cuida de seu povo, comprometido em favor do ambiente marinho e plantando no mangue, porque diz: “Sendo um dos países mais pobres da Ásia, a pesca é o meio de sustento de muitos. A nossa gente precisa do mar para sobreviver, para a vida cotidiana”. A transmissão poderá ser acompanhada pelo site www.unitedworldproject.org. Sábado, 6 de maio, será a vez de Peace Got Talent, evento artístico promovido pela rede “Living Peace International” que, se inspirando no famoso formato televisivo, dará espaço a jovens talentos comprometidos em promover a paz por meio da música, cantos e danças. Cada apresentação que competirá é fruto e expressão de projetos informais de educação para a paz. Entre as escolas e grupos participantes, estão inclusive os provenientes da Ucrânia, Síria, Rússia, Myanmar, Congo: países atingidos pela guerra e conflitos armados, que não quiseram renunciar a levar sua música e sua voz de esperança. A transmissão será pelo site www.unitedworldproject.org. Domingo, 7 de maio, mais de 200.000 adolescentes, jovens e famílias em muitos países e centenas de cidades participarão do “Run4Unity”, uma corrida mundial que unirá de modo transversal etnias, culturas e religiões para construir a paz e plantar árvores. Promovida e apoiada pela Plataforma de Ação Laudato Si’ do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, Run4Unity 2023 será conduzida pelos adolescentes do Movimento dos Focolares. Os participantes de todas as idades cuidarão do próprio corpo fazendo exercícios físicos e cuidarão da Terra trocando os quilômetros percorridos ou os minutos de exercícios por árvores que serão plantadas no mundo inteiro (https://www.teens4unity.org/run4unity). O Run4Unity começará nas Ilhas Fiji, ou seja, o primeiro fuso-horário que dá início a um novo dia com um país ecologicamente simbólico, porque já é fortemente atingido pelas mudanças climáticas. Dalí, os jovens passarão o “bastão” virtual de um fuso ao outro por meio de uma série de videoconferências nas 24 horas sucessivas, para concluir com a comunidade da Califórnia. Os participantes correrão, trotarão, caminharão ou participarão de eventos esportivos locais, alguns dos quais acontecerão em locais simbólicos de paz, nas fronteiras entre países, ou comunidades em conflito, ou em locais ecologicamente significativos, para testemunhar a unidade e a paz. Entre os participantes, estarão algumas das 1000 escolas de Laudato Si’ em todo o mundo, empenhadas na educação ecológica por meio da Plataforma de Ação Laudato Si’, como também grupos e escolas que fazem parte do Projeto Living Peace International. Todos os eventos locais da Semana Mundo Unido 2023 podem ser consultados na página: https://www.unitedworldproject.org/uww2023/.

Tamara Pastorelli (Foto: Pixabay)  

Evangelho vivido: a amizade verdadeira

Um vínculo profundo, no qual não está em jogo apenas o nosso destino, mas também o destino do outro, a sua história. Essa é a amizade verdadeira: um bem gratuito, que não tem preço; uma relação autêntica na qual cada um, ao apoiar o outro, encontra sempre a si mesmo no final. O amigo em dificuldades Eu estava indo para o trabalho de carro quando avistei na rua um ex-colega da universidade. Dei-lhe uma carona e durante o trajeto ele me contou sobre seus problemas: devido à Covid, havia perdido seu trabalho como garçom; além disso, o local em que morava não tinha água quente e eletricidade porque ele não tinha pagado as contas. Foi espontâneo o meu convite para que tomasse banho e lavasse as roupas na minha casa quando precisasse. Ele aceitou de bom-grado. Um dia, veio até a minha casa como de costume, e não estava bem, mas não teve coragem de me dizer. Depois de dois dias, descobri que eu estava com Covid. Quando o meu amigo ficou sabendo, entendeu que ele havia me passado o vírus, então não se sentia à vontade de voltar a tomar banho na minha casa. Porém, lhe assegurei que não tinha nada contra ele, e voltamos a nos visitar. Se encontrei a força de ir ao encontro desse meu irmão, foi porque, como cristão, me sinto chamado a parar para colher as exigências e necessidades do próximo, a ajudá-lo e amá-lo como Jesus nos diz no Evangelho. (Steve – Burundi) Casamento em crise Do Brasil, pátria de seu “grande amor”, Brigitte me escreveu contando que seu marido, que havia se tornado alcoolista, havia abandonado a ela e os três filhos. Depois de conversar e chegar a um acordo com o meu marido, decidi ir encontrá-la. Apesar de a viagem ser um gasto que pesaria nas nossas finanças, o desejo de estar perto dessa amiga de longa data prevaleceu. Reencontrei Brigitte destruída, desiludida, desorientada; se perguntava o porquê daquele destino: longe da pátria e dos parentes, sozinha, falida em todos os sentidos. Conversamos sobre a possibilidade de ela voltar para a França. Porém, ela não via como algo positivo para os filhos o cenário de se distanciar totalmente do pai. E eu a entendia. Para as suas finanças, enquanto estava ali, contatei a editora para a qual eu trabalhava, e eles lhe enviaram traduções em francês. Mas o verdadeiro dom para Brigitte, e também para mim, foi que, nos lembrando da nossa juventude, repensando as perguntas sobre a fé e o desejo de construir um mundo mais humano, pareceu que aquele sonho havia se reavivado. Finalmente, ela mesma identificou o modo mais concreto de se empenhar pelos outros, um caminho em direção à reconstrução. Parti revigorada. (J.P. – França)

Por Maria Grazia Berretta

(trecho de O Evangelho do Dia, Città Nuova, ano IX – n.1- março-abril de 2023)

Coreia: o diálogo é a cultura da família humana

Coreia: o diálogo é a cultura da família humana

Margaret Karram e Jesús Morán, Presidente e Co-presidente do Movimento dos Focolares, acabaram de concluir a etapa coreana da sua primeira viagem oficial à Ásia e Oceânia, que prosseguirá com visitas ao Japão, Ilhas Fiji, Austrália e Indonésia, até 25 de Maio. Eis um breve resumo do que aconteceu na Coreia.

“Ensina-nos, Senhor, a caminhar juntos, olhando na mesma direção, unidos pelo mesmo objetivo, buscando os mesmos valores rumo Àquele que nos ama e nos espera: é a base de toda nova amizade”.

Essa oração, que abriu o encontro de 160 focolarinos e focolarinas da região Ásia Leste no dia 22 de abril (com vários deles conectados online), expressa bem o significado da primeira viagem oficial de Margaret Karram e Jesús Morán à Ásia e à Oceania. A primeira etapa foi na Coreia,  a seguir eles vão visitar o Japão, as Ilhas Fiji, a Austrália e, no fim, a Indonésia. Eles estão acompanhados por Rita Moussallem e Antonio Salimbeni, conselheiros da região e corresponsáveis ​​pelo diálogo inter-religioso do Movimento dos Focolares. No Leste Asiático (a região inclui a Coreia, o Japão e a área geográfica de língua chinesa), o Movimento está presente desde o final dos anos 1960. O padre Francesco Shim levou a espiritualidade da unidade à Coreia em 1967 e o primeiro focolare de Hong Kong foi inaugurado em 1970. Entre membros internos e aderentes, cerca de 10.000 pessoas vivem a Espiritualidade da Unidade nesta parte da Ásia.

Margaret Karram: recomeçar a partir do diálogo

“Por que você escolheu a Ásia para sua primeira viagem?”, perguntou a Margaret o repórter do “Catholic Chinmoon”, principal jornal católico da Coreia. Ela respondeu: “Estou aqui para escutar, conhecer, aprender, mas sobretudo para amar o ‘continente da esperança’”. A riqueza espiritual desses povos será um dom para todos. Sinto que é muito importante reavivar o caminho do diálogo no Movimento, instrumento por excelência para construir a paz, bem de que o mundo mais precisa hoje”.

Coreia: entre contradições e esperança de paz

Com seus quase 10 milhões de habitantes, a capital Seul mostra a fisionomia de um país que vem acelerando há 50 anos e se transformou em um dos lugares mais avançados e tecnológicos do planeta. “Rapidez, eficiência e competitividade são os traços distintivos da sociedade coreana moderna – explica Matteo Choi, jornalista e focolarino coreano –, tanto do ponto de vista econômico quanto cultural, mas isso traz consigo muitas contradições”. “Aqui há grande ênfase nos resultados – acrescenta Kil Jeong Woo, responsável pelo Movimento Político pela Unidade na Coreia –, com um sistema acadêmico altamente competitivo e uma forte ética do trabalho. Temos problemas ligados às desigualdades sociais, mas existe o esforço para resolver isso por meio de reformas sociais e políticas, porém o progresso é lento.”

A Igreja coreana, ponte em uma sociedade dividida

O Arcebispo de Seul, dom Pietro Chung Soon-taek, destaca entre os desafios sociais os conflitos intergeracionais e o envelhecimento da população. “Na Igreja – explica –, existe o risco de nos fecharmos em nossas comunidades. É preciso se abrir, e essa é a contribuição que o Movimento dos Focolares pode dar”. Margaret Karram e Jesús Morán se encontraram com dom Taddeo Cho, arcebispo de Daegu, dom Augustino Kim, bispo de Daejeon, e dom Simon Kim, bispo de Cheng-ju. No clima social e político de forte polarização entre progressistas e conservadores, a Igreja procura ser uma ponte e um antídoto contra a secularização que atinge particularmente os jovens.

Diálogos e Inundações: um caminho que já começou

O Movimento dos Focolares na Coreia oferece sua contribuição ao diálogo ecumênico e inter-religioso, assim como aos diversos âmbitos culturais. Um exemplo foi o evento de 14 de abril em Seul, intitulado: “O diálogo se torna a cultura da família humana“. Houve a participação e a contribuição de representantes de várias Igrejas Cristãs, de várias Religiões, expoentes da esfera social, animados por um espírito construtivo de colaboração para a reconciliação social e a paz. “É muito importante que todos possam gerar ambientes que abram as portas para o ‘diálogo da vida’ – disse Margaret Karram em seu discurso –, colocando em prática os ensinamentos da própria fé religiosa”. Jesús Morán encorajou a continuar nesse caminho comum: “Não importa quão grandes ou pequenas sejam as coisas que fazemos. O importante é levar a semente de algo novo. Os testemunhos que vocês apresentaram têm essa marca”. Sa Young-in, Diretora do Departamento ONU para o Budismo Won, disse que, quando jovem, sonhava com uma “aldeia religiosa”, onde fiéis de várias religiões pudessem compartilhar amor, graça e misericórdia. “Parece que estou vendo realizado aqui – disse –, hoje, aquilo que imaginei”.

Gen 2: “Coragem, vão em frente!”

No dia 15 de abril, no Centro Mariápolis, estavam presentes 80 pessoas: 70 gen da Coreia, 9 de Hong Kong e outros conectados do Japão e de áreas de língua chinesa. Trouxeram para Margaret e Jesús o fruto do trabalho realizado em quatro oficinas sobre como encarnar a Espiritualidade da Unidade na vida cotidiana; as relações dentro e fora do Movimento; as dificuldades em encontrar a própria identidade humana e espiritual e como “sonham” o Movimento. “A nossa identidade é uma só – disse-lhes Margaret. Não somos primeiramente gen e depois nos tornamos outra coisa quando, por exemplo, vamos para a universidade. O dom da espiritualidade que recebemos nos torna pessoas livres; dá coragem e força para proclamar quem somos e em que acreditamos. Gostaria de dizer a vocês o que me disse o Papa quando fui eleita presidente: ‘coragem e vá em frente’”. “Depois da morte de Chiara – conta um gen –, houve momentos em que senti saudade e escuridão. Hoje a proximidade, a confiança e a escuta de Margaret e Jesús me incentivaram muito. Eles me fizeram entender mais uma vez que o legado de Chiara é um dom de Deus adequado para todas as épocas”.

Mariápolis permanente Harmonia

No dia 16 de abril, Margaret Karram e Jesús Morán foram ao terreno que o Movimento recebeu de presente, a cerca de setenta quilômetros ao sul de Seul, para realizar um sonho já expresso por Chiara em sua visita à Coreia em 1982: o nascimento de uma mariápolis permanente, de uma cidadezinha de formação e testemunho da vida evangélica e da Espiritualidade da Unidade para esta parte da Ásia. Na presença de cerca de 200 pessoas – membros do Movimento dos Focolares, benfeitores e amigos que contribuíram das mais diversas formas –, o terreno foi abençoado e confirmado com a colocação de uma medalha de Nossa Senhora. “Confiemos a ela esta Obra – concluiu Margaret Karram – pedindo-lhe que nos ajude a aderir aos desígnios de Deus, que talvez não conheçamos, mas Ele é maior do que nós e se lhe dermos a nossa disponibilidade e generosidade, Ele poderá agir.”

Visita a Sungsimdang

Tudo começou em 1956, com dois sacos de farinha para fazer pão cozido no vapor e vender em frente à estação de Daejeon. Hoje Sungsimdang se tornou a empresa mais famosa de restaurantes da cidade e, com seus 848 funcionários, vive em todos os aspectos o espírito da Economia de Comunhão (EdC) desde 1999. Margaret Karram e Jesús Morán o visitaram, encontrando com alegria Fedes Im e sua esposa Amata Kim, proprietários e voluntários do Movimento. “Não estudei administração nem gestão – diz Fedes –, mas segui Chiara”. “Procurar fazer o bem diante de todos os homens”, é o lema que ela deu à empresa, que atende 10.000 clientes por dia e desde o início vive a partilha, levando pão a mais de 80 centros de assistência social todos os dias. Mas o que chama a atenção é o estilo de relacionamento e de trabalho: “Para nós – diz sua filha Sole, responsável pelo setor de distribuição aos centros de assistência social –, todas as pessoas têm o mesmo valor: homens e mulheres, ricos e pobres, gerentes e funcionários, fornecedores e clientes. Procuramos colocar a pessoa no centro de todas as nossas decisões”. Jesús enfatizou a importância do impacto da empresa no território, prerrogativa das empresas que atuam segundo o estilo da EdC, e Margaret comparou o testemunho dessa empresa ao de uma mariápolis permanente, da qual se pode dizer “venham e vejam”. “Esse – disse – é o maior remédio que o mundo espera”.

Escutar, conhecer, compartilhar

Os dias de Margaret Karram e Jesús Morán na Coreia foram intensos e variados: também houve tempo para uma parada turística no antigo local de Bulguksa, para conhecer as raízes da cultura budista nacional. Com seus templos milenares, imersos no frescor da natureza, foi um dia realmente revigorante! Seguiram-se os numerosos encontros com os membros do Movimento desta vasta região, como a tarde alegre com os focolarinos e alguns membros de língua chinesa da região. O momento com os 80 sacerdotes, religiosos e religiosas foi uma experiência de “cenáculo”, com testemunhos de fidelidade e de vida evangélica autêntica, em uma conversa íntima com Margaret Karram e Jesús Morán. No dia 23 de abril, foi a vez do tão esperado encontro com todos os membros do Movimento; estavam presentes 1.200 pessoas, com cerca de 200 conectadas online de vários países. Uma celebração extraordinária, que reuniu povos e culturas que dificilmente veríamos dançando e cantando no mesmo palco e se alegrando com a beleza e riqueza de cada um. Talvez seja por isso que alguns chamaram o evento de “um milagre” e de semente de uma sociedade renovada pela unidade. No momento de diálogo, Margaret Karram e Jesús Morán responderam sobre vários assuntos, com os conselheiros Rita Moussallem e Antonio Salimbeni: o “desígnio” do continente asiático, a atualidade do diálogo entre as religiões. Respondendo à pergunta sobre como ter uma relação mais profunda com Jesus Eucaristia, Jesús explicou que não se trata de “sentir” a relação com Ele, mas de vivê-la, “porque a Eucaristia alimenta toda a nossa pessoa e nos faz viver como um corpo, no amor pelos outros”. Sobre a diminuição das vocações no Movimento, Margaret afirmou que as relações pessoais e o testemunho autêntico dos adultos são importantes para os jovens. “Se a nossa vida for fruto da união com Deus e se for coerente com o Evangelho, eles serão atraídos, porque se inspiram naqueles que ‘ousam’ viver por Deus e assim compreenderão para onde Ele os chama”. A última pergunta foi sobre como devem ser as nossas relações para poder dialogar com todos, e Margaret respondeu com uma experiência: “Este ano aprofundamos nossa vida de oração e nosso amor a Deus, um amor ‘vertical’, poderíamos dizer, como aqueles dos pinheiros cujos ramos se estendem para cima. Outro dia, enquanto caminhava, gostei muito de uma árvore que vi pelo caminho: seus ramos eram abertos, se estendiam para fora e se entrelaçavam com outras árvores. Assim devem ser as nossas relações: os nossos braços devem estar sempre abertos, voltados para os outros; devemos ter o coração bem aberto para compartilhar as alegrias, as tristezas e a vida de todas as pessoas que passam ao nosso lado”. É a vez da Ásia”, escreveu Chiara Lubich em 1986, durante sua primeira viagem a estas terras; são palavras que demonstram hoje toda a sua atualidade e valor profético.

Stefania Tanesini