Além das barreiras que impedem a liberdade e a igualdade. Após 20 anos da queda das Torres Gêmeas, as palavras de Chiara Lubich sobre o ataque que mudou o destino do mundo, ressoam mais atuais do que nunca e nos lembram o único caminho viável para a paz. No dia seguinte ao acontecimento de 11 de setembro, muitos de nós sentiram a exigência de refletir de forma aprofundada sobre as causas do terrorismo, mas sobretudo de comprometer-se na busca de uma alternativa verdadeira, responsável, decidida ao terror e à guerra. (…) Analogamente, somos muitos a nos perguntar, hoje, de Nova York a Bogotá, de Roma a Nairóbi, de Londres a Bagdá, se é possível viver num mundo de povos livres e iguais, unidos. Não só onde se respeite a identidade um do outro, mas também onde todos sejam solícitos frente às respectivas necessidades. (…) De vários pontos da terra, hoje, sobe um grito de abandono de milhões de refugiados, de milhões de famintos, de milhões de explorados, de milhões de desocupados que são excluídos e quase “cortados” do corpo político. É esta separação, e não só as privações e as dificuldades econômicas, que os tornam ainda mais pobres, que aumenta o desespero deles. (…) Liberdade e igualdade, diante dos desafios do presente e do futuro da humanidade, sozinhas não são suficientes. A nossa experiência nos ensina que é necessário um terceiro elemento, quase sempre esquecido pelo pensamento e pela praxe política: a fraternidade. (…) É a fraternidade que pode fazer desabrochar projetos e ações no complexo tecido político, econômico, cultural e social do nosso mundo. É a fraternidade que faz sair do isolamento e abre a porta do desenvolvimento aos povos que ainda estão excluídos. É a fraternidade que indica como resolver pacificamente as controvérsias e que relega a guerra aos livros de história. É pela fraternidade vivida que podemos sonhar, inclusive esperar, numa certa comunhão de bens entre países ricos e pobres, já que o escandaloso desequilíbrio, hoje existente no mundo, é uma das principais causas do terrorismo. A profunda necessidade de paz, que a humanidade hoje exprime, afirma que a fraternidade não é só um valor, não é só um método, mas é um paradigma global de desenvolvimento político. É por isso que um mundo cada vez mais interdependente precisa de políticos, de empresários, de intelectuais, de artistas que coloquem a fraternidade – instrumento de unidade – no centro da própria ação e do próprio pensamento.
Chiara Lubich
(Chiara Lubich, Mensagem à Primeira Jornada Mundial da Interdependência, Filadélfia, EUA, 12 de setembro de 2003 in Discorsi in ambito civile ed ecclesiale organizado por Vera Araujo, Città Nuova, Roma, 2020, pp. 111-113)
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