Em 14 de março de 1989, Chira Lubich respondeu às perguntas dos Animadores dos Jovens por um Mundo Unido. Neste trecho ela se refere ao cuidado para com a criação, um tema novo naquele período e uma verdadeira urgência para toda a humanidade ainda hoje. O desenvolvimento das ciências e da técnica foi algo grandioso, maravilhoso, que deixou todos atônitos. Porém […], quase sempre, chegou prescindindo Deus. E agora estamos em um planeta, como vocês sabem, que se continuarmos assim, pode desaparecer de um momento para o outro, ou destruir todos nós numa catástrofe, que não é atômica, mas ecológica. […] É como se os homens usassem grandes botas e, ao longo das décadas, foram caminhando na lama, espalhando-a por toda a parte. Lançaram na atmosfera substâncias e coisas poluentes, como também no mar e nos rios; destruíram as árvores, estragaram tudo. No entanto, tinham feito descobertas maravilhosas que levavam a um grande progresso. Portanto existe o bem misturado com o mal, porque não estavam sob o olhar de Deus, não o escutaram. E agora este fenômeno também nos obriga a rever, todos juntos, os problemas, vendo o mundo de uma forma integral. Se não resolvermos juntos este problema, não o resolveremos Afirmar que tudo tende à unidade, mesmo coisas mal elaboradas, nos fazem compreender que sim, uma fraternidade universal deve ser realizada, mas em Deus; deve ser reformulada, vivemos neste mundo, não devemos fazê-lo explodir, mas lembremo-nos que Deus existe. […] Em suma, há um impulso, mesmo que invertido, desta tendência à unidade, e quase nos impõe a ser uma coisa só, como, por exemplo, o problema ecológico, que nos obriga a realizar uma fraternidade diferente. […] Se não resolvermos este problema todos juntos, não o resolveremos. Todos os acontecimentos, sobretudo os dolorosos, que são os mais difíceis de interpretar, podem ser entendidos de duas maneiras […] eles são como são porque materialmente são assim, mas existe algo no seu interior, a mão de Deus, a providência de Deus que os transforma, como em uma alquimia, e os transforma em combustível para nossa vida espiritual. Foi necessária a cruz para nos redimir, foi necessário aquele sofrimento, aquele grito – “Meu Deus, por que me abandonaste” – para nos redimir. É necessário também o nosso sofrimento para conseguirmos gerar um mundo novo, para transformar o mundo, as pessoas, as criaturas. É necessário sofrer.
Chiara Lubich
(Chiara Lubich, Respostas às perguntas dos animadores de Jovens por um Mundo Unido, Castel Gandolfo, 4 de março de 1989)
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