A Palavra de Vida deste mês de setembro nos convida a sermos servidores de todos. É a condição necessária para ser o primeiro. Se quisermos ser grandes, devemos nos fazer pequenos diante do irmão, cuidar de suas necessidades, estar perto dele. Se Jesus, que é Senhor e Mestre, lavou os pés (um gesto reservado aos escravos), também nós, se quisermos segui-Lo – e sobretudo se tivermos responsabilidades especiais –, somos chamados a servir o nosso próximo com a mesma concretude e dedicação. Esse é um dos paradoxos de Jesus. Ele só pode ser compreendido quando nos lembramos que a atitude típica do cristão é o amor, o mesmo amor que o leva a colocar-se no último lugar, que o leva a fazer-se pequeno diante do outro, do mesmo modo como faz um pai quando brinca com o filhinho ou quando ajuda o filho maior nas tarefas escolares. Vicente de Paula chamava os seus pobres de “patrões” e os amava e servia como se eles o fossem realmente, porque reconhecia Jesus neles. Camilo de Lélis se debruçava sobre os doentes, lavando suas feridas, acomodando-os na cama, “com aquele afeto – como ele mesmo escreve – que uma mãe amorosa costuma ter para com o seu filho único adoentado”[1]. E como não lembrar – voltando aos nossos tempos – da bem-aventurada Teresa de Calcutá, que se debruçou sobre milhares de moribundos, fazendo-se “nada” diante de cada um deles, os mais pobres entre os pobres? “Fazer-se pequeno” diante do outro significa procurar entrar o mais profundamente possível no seu estado de alma, até compartilhar os seus sofrimentos ou os seus interesses, mesmo quando estes nos parecem sem importância, insignificantes, mas, ao contrário, constituem o tudo da vida dele. (…) “Viver o outro”, portanto, e não conduzir uma vida voltada para nós mesmos, cheia das nossas preocupações, das nossas coisas, das nossas ideias, de tudo que consideramos nosso. Esquecer a si mesmo, pospor a si mesmo para pensar no outro, para “fazer-se um” com quem quer que seja, até o ponto de descer com ele e erguê-lo, para fazê-lo sair de suas angústias, das suas preocupações, dos seus sofrimentos, dos seus complexos, dos seus empecilhos, ou simplesmente para ajudá-lo a sair de si mesmo e a voltar-se para Deus e para os próximos, e assim encontrar conjuntamente a plenitude de vida, a felicidade verdadeira. Também os homens de governo, os administradores públicos (“os que mandam”), em qualquer nível, podem viver a própria responsabilidade como um serviço de amor, para criar e preservar as condições que permitem o florescimento de todos os amores (…). Da manhã à noite, de quando nos levantamos até quando vamos dormir, em casa, no trabalho, na escola, nas ruas podemos sempre encontrar a ocasião de servir e, por outro lado, também de agradecer quando somos servidos. Façamos cada coisa por Jesus nos irmãos, sem esquecer ninguém, ou melhor ainda, sendo sempre os primeiros a amar. Vamos servir a todos! Somente assim seremos os “maiores”!
Chiara Lubich
(Chiara Lubich, in Parole di Vita, a cura di Fabio Ciardi, Opere di Chiara Lubich, Città Nuova, Roma, 2017, pp. 717-719) [1] Cf. Scritti di San Camillo, Il Pio Samaritano, Milano-Roma 1965, p. 67.
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