O Movimento dos Focolares tomou conhecimento da publicação do livro “La setta divina” do jornalista Ferruccio Pinotti (PIEMME Ed.), lançado hoje nas livrarias italianas. O volume chega em um momento difícil e crucial da história do Movimento dos Focolares: o da passagem da fase de fundação à pós-fundação. Ao longo da história da Igreja, este é um período que muitas vezes pôs à prova ordens religiosas, movimentos e comunidades, nascidos de uma inspiração carismática. O livro de Ferruccio Pinotti pretende demonstrar que também no Movimento dos Focolares o zelo inicial às vezes levou a interpretações errôneas do carisma de Chiara Lubich e/ou a ações equivocadas. Todavia, dos documentos que Pinotti granjeou e publicou no livro referentes a alguns debates internos do Movimento dos Focolares, verifica-se maior conscientização, nos membros, destes e de outros desvios de sua história e da necessidade de remediá-los. No entanto, o volume não logra oferecer uma apresentação objetiva e ponderada de tal carisma, reconhecido pela Igreja Católica, e não considera o empenho de milhares e milhares de pessoas que, inspiradas na vida e no ensinamento da fundadora, dedicam-se diariamente, no mundo inteiro, com generosidade, a criar relações, a sanar feridas e a superar divisões em todos os âmbitos da vida eclesial e social, a fim de construir um mundo mais fraterno e mais unido. Consideramos indiscutível a dor das pessoas que, nessas páginas, contam suas histórias de grandes sofrimentos, decepções, enganos e abusos sofridos, assim como daquelas que não quiseram tornar públicos os próprios testemunhos. O Movimento dos Focolares, na pessoa da Presidente Margaret Karram e do Copresidente Jesús Morán, exprime mais uma vez a vergonha e a dor em relação às vítimas e a todas as pessoas que de algum modo se sentiram ofendidas, bem como a sua proximidade e o desejo de continuar ou de empreender um caminho de diálogo com elas. Reafirma o seu compromisso no combate a todas as formas de abuso, na continuidade dos percursos de prevenção e de formação para os membros e as lideranças. Reitera também o convite a todas as pessoas que tenham fatos ou histórias de abusos a relatá-los, entrando em contato com a Comissão Nacional do Movimento dos Focolares para a Proteção integral de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis (COPAC[2]) ou com os respectivos órgãos eclesiais. Apesar da leitura parcial, unilateral, por vezes imprecisa ou reducionista da história, da espiritualidade e da atividade do Movimento, consideramos este livro como um impulso a mais na continuação dos processos de conversão e renovação em curso, na fidelidade ao carisma de fundação e no desenvolvimento de um diálogo aberto, livre e crítico dentro do Movimento e com todos os que desejarem compreender plenamente a sua realidade e colaborar com ele.
Stefania Tanesini
[1]Em tradução livre “A seita divina” (n.d.t.). [2]Nome e sigla da Comissão brasileira (n.t.d).
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