Movimento dos Focolares

Ecumenismo: a escolha de Mirvet

Jan 18, 2018

A Semana de oração pela unidade dos cristãos (18-25 de janeiro) é ocasião propícia para se conhecer melhor. A história de uma jovem siro-ortodoxa que descobre nos Focolares uma estrada para contribuir, com a própria vida, para a unidade.

syria-1886425_PixabayO avô de Mirvet Kelly era diácono: «Lembro a alegria de ir com ele, quando eu era pequena, todos os domingos à Divina Liturgia siro-ortodoxa. Orgulhosa, o via vestido de branco recitar, no altar, a sua parte de orações». Em Homs, na Síria, onde Mirvet cresceu, estão presentes várias Igrejas: armênio-apostólica, grego ortodoxa e católica de vários ritos, maronita, melquita e siro católica. Antes da guerra, embora estando ligados à própria Igreja, os fiéis frequentavam também outra sem problemas. Apesar disso, a partir de conversas aqui e ali, ela percebia também as dificuldades desta pluralidade, por exemplo que um jovem não pôde se casar com a sua namorada porque era católica, ou vice-versa. «Crescendo – continua – muitas coisas mudaram: o vovô veio a faltar e a Divina Liturgia me parecia longa e antiquada. Na escola eu era a única cristã no meio de muitos muçulmanos. No Natal e na Páscoa eu era a única a me ausentar, e ao meu retorno era assaltada por perguntas às quais não sabia responder: “Por que são tantas as Igrejas? Por que o Jesus de vocês é crucificado e ressuscita em datas diferentes, segundo as Igrejas?” Com outras amigas decidimos não querer pertencer a uma ou a outra igreja, mas de sermos cristãs e basta. E como muitas delas, eu também deixei de frequentar a minha Igreja». 20180118-01Após algum tempo, Mirvet se depara com um grupo que procura viver o Evangelho à luz da espiritualidade dos Focolares. «Com eles, descobri que Deus é pai de todos e que todos somos amados por ele como filhos. A minha vida começou a mudar. Cada vez que procurava amar, por exemplo, indo visitar os idosos e os pobres, a alegria e a paz me enchiam o coração. Um dia, num escrito de Chiara Lubich encontrei a frase: “Devemos amar a Igreja dos outros como a própria”. Eu não só não amava a Igreja dos outros, mas nem mesmo a minha, que tinha criticado e abandonado. Hoje sou grata aos Focolares que me acompanharam numa nova inserção nela. Comecei pelo serviço, ajudando no catecismo, no coral e em outras coisas: um primeiro passo para me abrir, no decorrer do tempo, para conhecer e amar também as outras Igrejas». A este ponto, a história de Mirvet, já tão fecunda no plano pessoal e ecumênico, dá um novo salto de qualidade. Percebe que Deus a chama para a extraordinária aventura de se doar totalmente a Ele. «Nos vários focolares onde vivi – explica – me encontrei sendo a única ortodoxa junto com católicas de idades, países, línguas, culturas, Igrejas, pensamentos diferentes. Procurar viver a unidade com todas estas diferenças é sempre um desafio, porque cada uma de nós tem os próprios gostos e ideias também nas pequenas coisas. Mas quando se procura assumir como própria a realidade do outro, experimentamos que as diversidades se tornam riqueza. Frequentemente rezamos uma pela Igreja da outra, num crescimento que é, ao mesmo tempo, na fé e no relacionamento com Deus. E quase sem nos apercebermos levamos o fruto desta nossa comunhão às respectivas Igrejas, ao trabalho, à vida quotidiana. MirvetKelly._01Parece uma gota no mar, mas também os menores passos, unidos aos de muitos outros no mundo, podem fazer a diferença. Nos países médio-orientais onde vivi, por exemplo, vi sacerdotes ajudar as pessoas sem se perguntarem a qual Igreja pertencessem, ou fazer projetos entre Igrejas diferentes em prol de todos os que passavam por necessidades, indiferentemente se cristãos ou muçulmanos. No ano passado, católicos e ortodoxos festejaram a Páscoa no mesmo dia. Dois amigos sírios que agora vivem em Viena me contaram recentemente como eles e muitos outros tinham sido ajudados, por um pároco e pelas focolarinas católicas, a procurar casa, medicamentos, trabalhos, e de ter formado um grupo no qual compartilham e se ajudam na comum experiência cristã. Algumas sírias, agora nos EUA, me disseram que são mais de cinquenta os imigrantes siro ortodoxos que se encontram regularmente, uma vez no ambiente dos ortodoxos e outra no dos católicos, experimentando que Deus está sempre conosco e que devemos rezar, viver e amar para que o testamento de Jesus: “Que todos sejam um”, se realize o quanto antes».

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