Movimento dos Focolares

Eli Folonari recorda Padre Novo

Ago 28, 2012

Por ocasião do trigésimo dia da partida para o céu de Pe. Andrea Balbo (Pe. Novo), um dos primeiros religiosos que conheceu o carisma da unidade, publicamos um texto de Giulia (Eli) Folonari, que viveu com Chiara Lubich por mais de cinquenta anos.

O meu primeiro contato com Pe. Andrea Balbo e com outro frade franciscano da Ordem dos Frades Menores, foi em Roma, nas escadarias de São João de Latrão, em 1953. Foi um encontro espontâneo, “ideal”, e ele foi convidado a participar do encontro que o Movimento dos Focolares promovia durante o verão. Não sei quanto tempo ele pôde permanecer no local do encontro, nas montanhas Dolomitas; mas, na viagem de retorno, com outros, estávamos no mesmo trem para Roma. Chiara Lubich foi até o vagão onde ele estava e lhe deu o nome Pe. Novo.

Lembro-me também que, em 1954, as suas palavras foram decisivas para que Chiara, que vivia provas espirituais e físicas, participasse à celebração da ordenação sacerdotal do Pe. Pasquale Foresi, que se realizou em Trento.

Mais tarde, os superiores da Ordem enviaram Pe. Novo à Terra Santa e foi exatamente por amor a ele que, em 1956, Chiara visitou aquela região. Formávamos uma pequena comitiva: Mons. Pavel Hniliča (Pe. Maria), Pe. Angelo Beghetto (Nazareno), Pe. Pasquale Foresi, Guido Mirti (Cengia), Aletta e eu. Naquele tempo, grande extensão da Terra Santa era território palestino. Com grande competência Pe. Novo nos acompanhou na visita aos lugares de Jesus: Jerusalém, Betânia, Belém, Emaús, Jericó, o Mar Morto…

Uma semana depois, partindo de Beirute – onde Pe. Novo também nos acompanhou – vendo-o com os olhos cheios de lágrimas, Chiara me disse: “Você gostaria de permanecer?” E eu fiquei na Terra Santa por alguns meses, anunciando o Ideal aos padres franciscanos e às pessoas que eles conheciam.

Naqueles anos, como o Movimento ainda não era aprovado pela Igreja, Dom Gawlina, Pe. Maria, Pe. Nazareno e Pe. Novo, fundaram a Liga Mystici Corporis, e, com essa roupagem, o Movimento encontrou meios para continuar a desenvolver as próprias atividades.

Seguiram-se, depois, anos de muita dificuldade especialmente para os nossos sacerdotes e religiosos.

Ainda me lembro que, depois do Concilio Vaticano II, por treze anos Pe. Novo trabalhou como arquivista com o Cardeal König, no Secretariado para o Diálogo com os não Crentes, instituído naquele período por Paulo VI e que, posteriormente, foi unificado ao Pontifício Conselho para a Cultura.

Em 1962 houve uma primeira aprovação, mas somente depois dos colóquios de Chiara com Paulo VI e, ulteriormente, com João Paulo II, o Movimento dos Focolares ou Obra de Maria pôde adquirir a sua verdadeira fisionomia. Em 1990 Chiara declarou que a Obra de Maria estava constituída, completa, e Maria “contém” todas as vocações.

É o carisma da unidade, totalmente evangélico, ao qual desejam aderir também pessoas que seguem carismas antigos e novos. A Obra de Maria almeja ser “uma outra Maria” que evidencia Jesus e, n’ele, cada expressão particular que os Santos evidenciaram, sublinhando as variadas belezas da Igreja, corpo de Cristo.

Com o passar do tempo nasceram os diversos setores do Movimento: focolarinas e focolarinos, voluntárias e voluntários, sacerdotes, religiosas e religiosos, que eram unidos ao Movimento de diferentes modos, mas todos portadores do carisma da unidade.

Em 1980, sendo dispensado pelos seus superiores para dedicar-se aos religiosos do Movimento, Pe. Novo acompanhou de modo muito concreto os desenvolvimentos, tais como: uma escola de formação ao carisma da unidade para religiosos em Loppiano, a promoção de encontros durante o verão, a constituição de secretarias regionais, onde os religiosos estavam presentes nas várias regiões do Movimento em todo o mundo.

A amizade com Pe. Silvano Cola, responsável pelos sacerdotes diocesanos, era muito grande.

Quando nasceu a Escola Abba, com Dom Klaus Hemmerle, Chiara convidou também vários religiosos para compô-la e eles traziam a riqueza do próprio carisma: Pe. Jesus Castellano, carmelita, Pe. Fabio Ciardi, oblato de Maria Imaculada, e, antes de todos, Pe. Novo, franciscano.

Pe. Novo permaneceu no Centro dos Religiosos, fiel ao Ideal, até quando a saúde o permitiu.

Tinha um relacionamento pessoal com Chiara, era o seu confessor. Nos momentos difíceis, de longas provações, ele a seguiu com extraordinária disponibilidade. Ele ministrou a Chiara a unção dos enfermos, no Policlínico Gemelli.

E hoje, no céu, imaginamos que ele foi acolhido pela Trindade, por Maria como construtor da sua Obra e por Chiara, Foco, Pe. Maria, Pe. Nazareno, Pe. Massimei, Pe. Savastano, Pe. Cik, Pe. Leonardi: componentes do primeiro Centro dos Religiosos, mas também acolhido por tantos focolarinos e focolarinas e outros ainda que se beneficiaram com os seus conselhos.

Agradeçamos a Pe. Novo, pela sua fidelidade à Obra. Ultimamente ele desejava voltar ao Centro da Obra e ora, está sepultado em Rocca di Papa, no túmulo comunitário, sobre o qual se lê: “E nós acreditamos no Amor”.

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