Movimento dos Focolares

Fontem: uma estrada de unidade

Jan 31, 2018

Desde 2016, o país sofre uma grave crise sócio-política, especialmente na parte anglófona, onde se encontra Fontem, a cidadezinha dos Focolares. Apesar das dificuldades, o testemunho da unidade possível.

20180131-01A República dos Camarões, na região equatorial da África ocidental, se compõe, em seguida a duas histórias coloniais paralelas, de dois grupos de regiões que falam respectivamente francês e inglês. As diferenças não se limitam à língua, mas incluem também aspectos da administração pública. Uma escalation de violência está ameaçando o país, ao todo 23 milhões de habitantes num território de 475 mil quilômetros quadrados. Raphaël Takougang, advogado camaronense, membro dos Focolares, agora na Itália, explica: «A parte francófona se tornou independente no dia 1º de janeiro de 1960. Para a parte anglófona houve um referendum, no dia 1º de outubro de 1961, para decidir se unir-se à vizinha Nigéria (já anglófona) ou permanecer com a Rep. dos Camarões. O norte desta região escolheu unir-se à Nigéria, o sul preferiu permanecer com a Rep. dos Camarões. Nasceu assim uma República Federal com dois estados, o Cameroun Oriental e o Southern Cameroon, cada um com próprias instituições (Parlamento, governo, sistema jurídico, etc.) e outras em nível federal. No dia 20 de maio de 1972, outro referendum deu à luz a República Unida dos Camarões. Em 1984, uma simples modificação da constituição tirou a palavra “unida” e, desde então, o país tomou o nome de República dos Camarões. De 1972 em diante o mal-estar dos anglófonos, em forte minoria no país, foi cada vez mais aumentando e tomou o nome de anglophone problem». Fontemo_01Desde 2016, esta situação de crise na parte anglófona desencadeou uma série de greves, inicialmente dos professores, depois dos advogados. Os habitantes da cidadezinha dos Focolares de Fontem, no coração da floresta camaronense, explicam: «Se de um lado os bispos sempre encorajaram o diálogo, o boicote das instituições incumbidas da educação e da justiça deram uma reviravolta inesperada à crise, que se agravou com a escalation de greves também das atividades comerciais e dos sistemas de transporte, segundo uma estratégia definida “Cidade Morta”. No início do ano escolar, em setembro passado, nenhum estudante se apresentou. Apesar das ameaças de represálias para os transgressores, aqui e ali, corajosamente, algumas escolas reabriram e outras estão seguindo o seu exemplo. Inclusive o nosso colégio em Fontem retomou as atividades». A cidadezinha nasceu do testemunho de amor concreto de alguns médicos, que chegaram lá em 1966, após um apelo do bispo local a Chiara Lubich, para cuidar do povo Bangwa, afetado por uma altíssima mortalidade infantil que estava causando a sua extinção. Em breve tempo, graças à contribuição de pessoas de toda parte do mundo, Fontem se dotou de escolas, de um hospital e de outras estruturas de serviço. Desde então, o povo Bangwa e diversos outros povos confinantes se encaminharam pela estrada da fraternidade, visível agora também em outras cidadezinhas nascidas nestes anos no continente africano. Com os seus 80 mil habitantes, Fontem é um centro de encontro e formação para pessoas que chegam de toda parte da África e do mundo. Aqui descobrem como o intercâmbio e a colaboração entre homens e mulheres de raças, culturas e tradições diferentes possa dar frutos de fraternidade até em regiões martirizadas por conflitos. 20180131-02«O Colégio de Fontem sofreu um ataque – ainda explicam os habitantes –, mas muitas pessoas da aldeia acorreram para ajudar estudantes e professores, inclusive arriscando a própria vida. Com a aproximação do dia 1º de outubro, data histórica para a Rep. dos Camarões anglófono, na recorrência do referendum citado, se temiam manifestações violentas, e a comunidade dos Focolares organizou uma corrente de orações à qual aderiram pessoas também de outras regiões do país e do exterior. Até agora em Fontem ninguém perdeu a vida. Cada ocasião é propícia para cultivar relacionamentos com as várias autoridades civis, tradicionais e eclesiais. Procuramos ajudar aqueles de quem nos aproximamos a irem além dos medos, a criarem momentos de família, começando por aqueles mais próximos, frequentemente confusos por muitas vozes e pelos meios de comunicação. Os jovens organizaram noites de “talent show” e o evento “Sports for peace” para promover um espírito positivo». «Em todo este período, embora no meio das dificuldades – concluem – a vida da comunidade dos Focolares foi para a frente também aqui. Desejamos que este desafio de amor para com todos obtenha para nós a capacidade de discernir e agir para o bem do nosso país».

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