Estamos acompanhando, em tempo real, o conflito na Ucrânia, através do trabalho de jornalistas enviados, das notícias veiculadas na web e nas redes sociais. Todos os dias nós assistimos ao drama humano de grandes massas que devem escapar das bombas, na maioria crianças e mulheres. Ao mesmo tempo, os gestos de acolhida se multiplicam silenciosamente em muitos países europeus. Aqui estão alguns depoimentos. Um mês atrás, nenhum de nós poderia imaginar que hoje teríamos mais de três milhões de refugiados da Ucrânia. Mas esta é a realidade que estamos vivendo não apenas nos países próximos às áreas de conflito, mas agora em todos os países da Europa e mais além. Em prática, da noite para o dia, tivemos que nos organizar para acolher nossos irmãos e irmãs ucranianos, na maioria crianças e mulheres, que estão fugindo do horror. “Quando começou o conflito e as primeiras pessoas chegaram da Ucrânia”, diz Manuela de Berlim, na Alemanha, “para mim foi também uma resposta ao cancelamento forçado do encontro anual dos Focolares, a Mariápolis europeia, para acolher as pessoas da melhor forma possível, é essa a minha, a nossa Mariápolis”. É isto que Deus, agora, quer de mim, de nós”. E de Munique, também na Alemanha, Dora nos conta: “Na casa dos padres onde trabalho já acolhemos duas mulheres e uma criança de 12 anos. Eles não falam alemão nem inglês, mas nos entendemos utilizando o tradutor online com os nossos celulares. Há alguns dias, depois do jantar, eu perguntei se eles precisavam de alguma coisa. A mãe me respondeu: ‘Sim, eu preciso de um par de sapatos número 42 para o meu filho’. Naquele momento eu senti Chiara Lubich muito perto de mim e entendi que estávamos no caminho certo”. Dora se referiu a um fato que aconteceu com Chiara Lubich durante a Segunda Guerra Mundial, quando um pobre lhe pediu um par de sapatos número 42, e em seguida uma amiga lhe entregou um par de sapatos, para homem, daquele número, pois para a sua família era a mais. Atualmente para acolher os refugiados da Ucrânia, algumas estruturas de hospedagem do Movimento dos Focolares também estão sendo disponibilizadas. Desde o dia 3 de março de 2022, os primeiros 5 refugiados (2 jovens mães com seus filhos) encontraram alojamento, e ficaram muito agradecidos pelo banho quente e pela alimentação que receberam no centro Mariápolis ‘dialog.hotel.wien‘, próximo a Viena, Áustria. No dia seguinte, eles continuaram a viagem de trem. Dez dias depois, chegaram 34 refugiados, entre os quais 15 crianças, que ficaram alojadas por uma ou cinco noites. O mesmo aconteceu com os Centros Mariápolis na Alemanha: Zwochau-Leipzig, Solingen-Colônia, Ottmaring-Augsburg. Vinte e cinco jovens do noroeste da Alemanha participaram de uma corrida de beneficência em prol dos órfãos ucranianos, sábado, 12 de março de 2022. Um grande grupo correu em Solingen e outros participantes também se uniram em Colônia, Munique e Graz. No total, os jovens percorreram mais de 250 quilômetros e arrecadaram uma quantia superior a 10.000 euros! Em seguida eles se comunicaram por videoconferência com as focolarinas que estão na Ucrânia para um momento de partilha de experiências. E não cuidamos apenas dos refugiados ou coletamos dinheiro, roupas ou alimentos, mas é preciso também aumentar a sensibilização sobre o conceito da paz. Margarete D. é professora e iniciou uma campanha especial com sua turma em Krefeld (Alemanha). Ela percebeu, entre as crianças, um grande desejo de fazer algo concreto. Assim, iniciaram a ação “Cartões Postais pela Paz”. Algumas frases foram traduzidas em russo e cuidadosamente escritas pelas crianças utilizando o alfabeto cirílico ao lado da versão em sua língua nativa, para serem enviadas àqueles que têm a possibilidade de pôr fim ao conflito. Ainda há muito a ser feito. Enquanto isso, procuramos organizar os aspectos logísticos do acolhimento dos refugiados da melhor maneira possível, na esperança de que este conflito chegue ao fim brevemente; como disse também o Papa Francisco no Angelus de domingo 20 de março de 2022, suplicando “a todos os protagonistas da comunidade internacional que realmente se comprometam a pôr um fim a esta guerra repugnante”.
Carlos Mana
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