Movimento dos Focolares

Genfest 1973: A revolução do Evangelho

Out 24, 2017

Logo Genfest A recordação de quem estava presente no primeiro Genfest, no dia 1º de maio de 1973 na cidadezinha internacional de Loppiano. 10.000 jovens que chegaram de 43 nações. O homem mundo além de todas as barreiras.

Genfest_1973-08Os ônibus carregados de jovens “escalavam” com esforço as estreitas estradas que sobem de Incisa Valdarno (Florença) na direção de Loppiano. Uma fila interminável e inesperada que arriscava fazer saltar toda organização prevista: mas quem esperava que chegassem 10.000 jovens para aquela que depois se tornou uma grande festa destinada a se repetir todos os anos e em diferentes cidades do planeta? Uma verdadeira invasão que deixou de boca aberta e de olhos arregalados os poucos habitantes do pequeno lugarejo toscano. Nascia, num dia de um sol primaveril que rachava os rostos e os corações (após o vento e a chuva da véspera), o primeiro Genfest da história! E eu estava lá! Sim, eu estava lá!Vivir para contarlo” (viver para contar), diria García Márquez. Tenho diante de mim aquele anfiteatro natural de Loppiano, apinhado de jovens provenientes da Itália e de alguns países europeus (com muitas horas de viagem nas costas) e de representantes de muitos países do mundo: como eu, que chegava da Argentina. Genfest_1973-04A festa desta “geração nova” (daqui o nome Genfest) que se autoconvocava seguindo o convite de Chiara Lubich a viver para construir um mundo unido, foi aberta por nós com uma canção da banda internacional Gen Rosso, da qual eu fazia parte. Canções, danças, testemunhos, discursos … tudo era motivo de festa, enquanto se instalava no coração a certeza de que o mundo um dia será unido, inclusive graças à contribuição de cada um de nós. Dentre todos, o discurso de Pasquale Foresi que trazia uma mensagem de Paulo VI, no qual o Papa se dizia satisfeito com o Genfest e manifestava o desejo de que o evento “contribua para formar uma consciência cada vez mais clara da responsabilidade que o Evangelho comporta na própria vida”. Genfest_1973_01aEram os tempos da contestação juvenil e pe. Foresi apresentou o Evangelho como a maior “revolução” social. Pensei nas minhas primas que corriam atrás, também elas, de uma revolução social, nos rastros de Che Guevara, “desaparecidas” (se fala de 30.000 “desaparecidos” na Argentina, jovens, além do mais) alguns anos depois. Talvez por este fato que me tocava de perto, uma canção me impressionou particularmente. Foi composta e cantada na mesma esplanada dois anos antes por Paolo Bampi, jovem trentino morto logo depois por uma grave doença. Embora não o tendo conhecido pessoalmente, através da sua canção nasceu um relacionamento ideal que me parecia me ligar ao Céu: “O que vocês querem, o que procuram… querem um Deus? Eu sou! Querem um Homem? Eu sou!”. Tenho a impressão de, como ele, ter encontrado em Jesus, o Caminho. Genfest_1973-01Lembro-me a um certo ponto de uma mulher com um sorriso melancólico, como que tremendo diante do microfone. O seu silêncio se difundiu rapidamente como fogo pelo gramado e os 10.000 jovens pareciam se tornarem uma só pessoa. Começou a falar com uma força incrível: “Deus é Amor e nos ama imensamente”. Era Renata Borlone, dentre as primeiras a seguir a estrada do focolare, hoje serva de Deus. Com Antônio, ele também argentino, cantamos Humanidad: “Uma nova aurora se anuncia …, desperta Humanidade, saúda o novo sol que se levanta…”. Terminávamos nos dirigindo a Deus com um “grita-nos bem forte: creiam no Amor”. Os rostos avermelhados pelo sol, apesar dos chapeuzinhos chineses que tínhamos improvisado em tempo recorde, tornavam visível a fortíssima “marca” que se imprimiu nas nossas almas. Partimos com a certeza de que “se anunciava uma nova aurora”, que um mundo unido era possível porque o tínhamos experimentado já entre nós naquele histórico 1º de maio de 1973. Gustavo Clariá

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