“Esta é a morada de Deus-com-os-homens. Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus.”
A Palavra de Deus deste mês nos interpela. Se quisermos fazer parte do seu povo, devemos deixar Deus viver entre nós.
Mas de que forma isso será possível e como fazer para desfrutar um pouco, antecipando já nesta Terra, daquela alegria sem fim, procedente da visão que teremos de Deus?
Foi justamente isso que Jesus revelou; é precisamente este o sentido da sua vinda: comunicar-nos a sua vida de amor com o Pai, para que também nós a vivamos.
Nós, cristãos, podemos viver esta frase desde já e ter Deus entre nós. Para tê-Lo entre nós, são necessárias certas condições, como afirmam os Padres da Igreja. Para Basílio, é viver segundo a vontade de Deus; para João Crisóstomo, é amar como Jesus amou; para Teodoro Estudita, é o amor mútuo e para Orígenes, é o acordo de pensamento e de sentimentos a fim de alcançar a concórdia que “une as pessoas e contém o Filho de Deus” .
No ensinamento de Jesus está a chave para fazer com que Deus habite entre nós: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”
(Jo 13,34b). A chave da presença de Deus é o amor mútuo. “Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós” (1Jo 4,12) porque: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20), diz Jesus.
“Deus vai morar junto deles. Eles serão o seu povo.”
Portanto, não está tão longe e não é inatingível o dia que assinalará a realização de todas as promessas da Antiga Aliança: “Minha morada estará junto deles. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Ez 37,27).
Tudo isso já se realiza em Jesus, que continua, para além da sua existência histórica, presente entre aqueles que vivem segundo a nova lei do amor recíproco, ou seja, segundo a norma que constitui o povo de Deus como um povo.
Essa Palavra de Vida é, portanto, um convite insistente, sobretudo para nós, cristãos, a testemunharmos com o amor a presença de Deus. “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). O mandamento novo vivido dessa forma coloca as premissas para que se atue a presença de Jesus entre os homens.
Não podemos fazer nada, se essa presença não estiver garantida; presença que dá sentido à fraternidade sobrenatural que Jesus trouxe à Terra para toda a humanidade.
“Deus vai morar junto deles. Eles serão o seu povo.”
Mas cabe especialmente a nós, cristãos, mesmo pertencendo a diferentes comunidades eclesiais, dar ao mundo um espetáculo de um só povo composto por todas as etnias, raças e culturas, por adultos e crianças, por pessoas doentes e sadias. Um único povo sobre o qual se possa dizer, como se dizia dos primeiros cristãos: “Vede como se amam e estão prontos a dar a vida uns pelos outros”.
É esse o “milagre” pelo qual a humanidade anseia para poder ainda ter esperança. (…) É um “milagre” que está ao nosso alcance, ou melhor, ao alcance Daquele que, morando entre os seus que estão unidos por meio do amor, pode transformar os destinos do mundo, levando a humanidade inteira à unidade.
Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em janeiro de 1999
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