Movimento dos Focolares

Juntos, com Maria

Nov 12, 2018

Foi o nome dado a uma iniciativa que reúne muçulmanos e cristãos desejosos de construir uma civilização de paz, no respeito às diferentes identidades. Em Lausana, na Suíça, dia 30 de setembro passado, um encontro no Centro Cultural muçulmano, presentes representantes do Movimento dos Focolares.

A falta de confiança e a suspeita muitas vezes nascem do parco conhecimento. Diante das tensões de identidade, cada vez mais fortes, que ameaçam a coesão social, são numerosas e frutuosas as ocasiões de diálogo e partilha espiritual criadas por associações ou instituições religiosas. É o caso de Ensemble avec Marie”, nascida de uma experiência realizada no Líbano e difundida na França, Bélgica e vários países da África, com o objetivo de facilitar e promover, “com uma abordagem espiritual e popular”, uma sociedade mais fraterna. Aberta a todos os cidadãos que buscam modos de convivência pacífica, respeitosa da liberdade de culto e do direito a ser diferentes, “Juntos, com Maria” parte precisamente da única mulher mencionada pelo nome, 34 vezes, no Alcorão (uma sura inteira, cada uma das 114 repartições do texto sagrado, é dedicada a ela) e pela narrativa da Anunciação, reconhecida como verdadeiro momento de contato entre o Alcorão e o Evangelho. Ambas as tradições, cristã e muçulmana, reconhecem, com efeito, a concepção virginal de Jesus no seio de Maria (Mariam), após o anúncio do anjo Gabriel (Jibril), O encontro de Lausana foi aberto com a leitura, em árabe e francês, da sura sobre Maria, seguida pela narrativa bíblica. «Colaboramos com a construção de uma civilização do amor e da paz, no respeito pela identidade de cada um», afirma o presidente da Associação, Gérard Testard. Também o Movimento dos Focolares, ativo no diálogo ecumênico e inter-religioso, em nível local e internacional, participa da iniciativa. «As palavras diálogo, encontro, comunhão, são essenciais para mim. No plano vertical como no horizontal. Este é o motivo pelo qual me comprometo com tudo o que contribui à unidade e à renovação da Igreja», afirma Martin Hoegger, membro da comunidade dos Focolares, pastor da Igreja Evangélica reformada do Cantão de Vaud, na Suíça, um dos participantes do encontro. E Gwenaelle Dalalande, atuante no diálogo inter-religioso: «Falar de Maria como modelo era um tema muito vasto. Fiz uma escolha e salientei só alguns aspectos. Alguns momentos da sua vida podem enriquecer as etapas da nossa. Com relação à Anunciação perguntei: “Não existe, talvez, também na nossa vida, momentos de anunciação?”. São aqueles nos quais Deus se manifesta, e nós somos chamados a responder. Chiara Lubich sublinha a ligação entre a Palavra de Deus e Maria, apresentando-a como aquela que é “totalmente revestida de Palavra”. Na conclusão, compartilhei uma minha experiência pessoal. O exemplo de Maria e a sua perseverança no sofrimento, ajudaram-me a superar um período muito difícil. Renovando o meu sim a Deus, como ela fez, reencontrei uma nova vida». Naceur Ghomraci, Imã e assistente espiritual na penitenciária do cantão Vaud: «A força e o empenho de Chiara Lubich são uma grande descoberta para todos os fiéis. O seu convite a colocar como fundamento do agir a regra de ouro (“faça aos outros o que gostaria que fosse feito a você”, presente em todas as religiões), tocou-me muito. É um projeto de Deus ao qual todos devem contribuir». Na sua comunidade, está em fase de construção uma nova mesquita. «Gostaria de dedicá-la a Maria», afirma o Imã, que participou inclusive do congresso internacional dos muçulmanos e cristãos organizado pelo Movimento dos Focolares, no mês de abril passado. «Um mistério, um oceano sem fundo», é como o responsável pelo centro que hospeda o encontro, o Imã Abdel Ahid Kort, define Maria, exprimindo a opinião de muitos exegetas muçulmanos: «Uma profetiza e uma mulher realizada, que nos conduz, de uma espiritualidade individual à sua comunhão com Deus, a uma espiritualidade comprometida, ao encontro com os outros. Sempre animada pelo amor. Como superou as provações? No silêncio, na oração e no altruísmo. Viveu o verdadeiro jejum: o do coração, das palavras e das vaidades mundanas». Quem é, para o imã, o seu filho, Jesus? «É o sorriso e a humildade dos meus irmãos cristãos. Ensina-me o perdão e o amor pelo inimigo».

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