Chiara Lubich, Brasil 1991 – © Centro S. Chiara Audiovisivi
«Passaram-se 25 anos desde que, em maio de 1991, Chiara Lubich lançou no Brasil a semente da
Economia de Comunhão (EdC). Naquele tempo eu era um jovem recém-formado em economia e compreendi que aquele acontecimento em São Paulo dizia respeito também a mim. Eu não sabia ainda como, mas, intuía que eu fazia parte daquela história que estava iniciando. Hoje sei que ter acompanhado o desenvolvimento daquele “sonho” foi um evento decisivo na minha vida, que seria muito diferente se não houvesse aquele encontro profético entre o olhar de uma mulher e o povo brasileiro.
O muro de Berlim havia já caído e, naquele mundo e naquele tempo a proposta que Chiara lançara aos empresários de partilhar talentos, riqueza e lucros para ocupar-se diretamente da pobreza, soou como grande inovação, que tornou a EdC uma importante novidade econômico-social e na vanguarda da responsabilidade social da empresa, que estava nos seus primórdios. (…) No DNA daquela semente também já existia uma ideia diferente da natureza dos lucros e, portanto, de empresa, entendida como bem comum, em uma perspectiva global e mundial (não comum naqueles anos). Desta forma, os empresários foram muito envolvidos na solução de um problema social de desigualdade.
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Chiara ficou impressionada pelo contraste entre as favelas e os arranha-céus na cidade de São Paulo, mas, ao invés de lançar um projeto nas periferias da cidade ou uma campanha para angariar fundos, ela convidou os empresários que, como sabemos, não têm como primeiro objetivo a geração de lucros a serem doados fora da empresa (…). No âmago da EdC existe, portanto, a intuição que para reduzir a pobreza e a desigualdade é necessário reformar o capitalismo e, portanto, a sua principal intuição: a empresa. A linguagem e a primeira mediação cultural e econômica da intuição de Chiara foram aqueles que existiam à disposição na sociedade, na Igreja, no povo brasileiro e no Movimento dos Focolares.
Após 25 anos, porém, o grande desafio coletivo que se apresenta à EdC é o de procurar expressar as intuições fundamentais de 1991 em palavras e categorias capazes de expressar e de fazer-se entender em um mundo cultural e socioeconômico que, nesses 25 anos, mudou radicalmente. Também a fronteira da responsabilidade social das empresas e a compreensão das pobrezas avançaram muito com a passagem do milênio. O empreendimento social tornou-se um movimento variado, dinâmico e em constante crescimento. A assim chamada economia de partilha está gerando, no mundo inteiro, experiências inovadoras.
A reflexão sobre a pobreza e as ações para aliviá-la se enriqueceram, graças ao pensamento e a ação de economistas como Amartya Sen ou Muhammad Yunus.
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No final do segundo milênio, partilhar os lucros das empresas a favor dos pobres e dos jovens representava, por si só, uma inovação. Mas, se em 2016 continuamos a encarnar a proposta EdC com aquelas mesmas formas, a proposta parece não muito atraente, obsoleta, especialmente para os jovens. Em um mundo social e econômico que passou por mudanças radicais, a EdC é chamada a regenerar-se, como já está fazendo e como sempre fez para ter chegado viva nas suas “bodas de prata”. E de bodas se trata, porque todas as vezes que um carisma consegue encarnar-se, existe um encontro esponsal entre céu e terra, entre ideal e história. Bodas como aquelas de Caná, quando a água torna-se vinho porque uma mulher viu que o povo não tinha mais vinho, acreditou, pediu e obteve o milagre.
A Economia de Comunhão continuará a viver e chegará ao 50º aniversário e irá mais além, se existirão mulheres e homens com “olhos diferentes”, capazes de compreender o que falta para o povo do seu próprio tempo, de pedir o milagre da água que se tornou vinho, dos lucros que se tornam alimento para o corpo e o coração. Meus votos de sucesso, EdC!». Fonte:
Città Nuova online http://www.cittanuova.it/c/455448/L_Economia_di_comunione_ha_25_anni.html
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