Movimento dos Focolares

Março de 2001

Fev 28, 2001

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado» (Lc 15,32).

Esta frase se encontra no final da chamada parábola do filho pródigo – que certamente você conhece – e quer revelar-nos a grandeza da misericórdia de Deus. Ela conclui todo um capítulo do Evangelho de Lucas, no qual Jesus narra outras duas parábolas para ilustrar o mesmo assunto.
Lembra-se do episódio da ovelha desgarrada, em que o dono do rebanho procura aquela que se perdera, deixando as outras noventa e nove no deserto?
Lembra-se também da história da dracma perdida e da alegria da mulher que, após encontrá-la, chama as amigas e as vizinhas para se alegrarem com ela?

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado».

Estas palavras são um convite que Deus dirige a você, e a todos os cristãos, para rejubilar-se com ele, para festejar e participar da sua alegria pela volta do homem pecador que antes estava perdido e depois foi encontrado. E, na parábola, são estas as palavras dirigidas pelo pai ao filho mais velho que havia compartilhado toda a sua vida mas que, após um dia de trabalho duro, se recusa a entrar em casa, onde se festeja a volta de seu irmão.
O pai vai ao encontro do filho fiel – assim como foi ao encontro do filho perdido – e procura convencê-lo. Mas é evidente o contraste entre os sentimentos do pai e os sentimentos do filho mais velho: de um lado o pai, com seu amor sem limites e com sua grande alegria, da qual gostaria que todos participassem; do outro lado o filho, cheio de desprezo e de ciúmes de seu irmão, que ele não reconhece mais como irmão. Com efeito, falando dele, diz: “Este teu filho, que devorou teus bens”.
O amor e a alegria do pai pelo filho que voltou evidenciam ainda mais o rancor do outro, rancor que indica um relacionamento frio – diríamos até falso – com o próprio pai. A este filho importa o trabalho, o cumprimento do seu dever; mas ele não ama o pai como um verdadeiro filho. Ao contrário, mais parece que lhe obedece como a um patrão.

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado».

Com estas palavras Jesus denuncia um perigo em que também você pode incorrer: viver apenas para ser uma “pessoa de bem”, baseando sua vida na busca da perfeição e criticando os irmãos “menos perfeitos” que você. Na verdade, se você estiver “apegado” à perfeição, construirá o seu ego, ficará cheio de si mesmo, cheio de admiração pela própria pessoa. Será como o filho que permaneceu em casa, e que enumera ao pai os seus méritos: “Há tantos anos que eu te sirvo e jamais transgredi um só dos teus mandamentos”.

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado».

Com estas palavras, Jesus censura aquela atitude segundo a qual a relação com Deus estaria fundamentada apenas na observância dos mandamentos, porque essa observância não é suficiente. Disso também a tradição judaica está bem consciente.
Nesta parábola Jesus põe em evidência o Amor divino, mostrando como Deus, que é Amor, dá o primeiro passo em direção ao homem sem levar em consideração se ele merece ou não; Deus quer que o homem se abra a ele para poder estabelecer uma autêntica comunhão de vida. Naturalmente, como você pode entender, o maior obstáculo diante de Deus-Amor é justamente a vida daqueles que acumulam ações, obras, enquanto Deus quer simplesmente o seu coração.

“Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado”.

Com estas palavras, Jesus convida você a ter, diante do homem pecador, o mesmo amor sem limites que o Pai tem para com ele. Jesus o convida a não julgar segundo a sua própria medida o amor que o Pai tem para com qualquer pessoa. Convidando o filho mais velho a compartilhar a sua alegria pelo filho encontrado, o Pai pede também a você uma mudança de mentalidade: na prática, você deve acolher como irmãos e irmãs também aqueles homens e mulheres pelos quais nutriria apenas sentimentos de desprezo e de superioridade. Isto provocará em você uma verdadeira conversão, porque o purifica da sua convicção de ser “mais perfeito”, evita que você caia na intolerância religiosa e o faz acolher como puro dom do amor de Deus a salvação que Jesus lhe proporcionou.

Chiara Lubich

 

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