«O hoje da história nos apresenta num ritmo frenético as imagens de um mundo dilacerado por conflitos de todos os tipos, de muros que se erguem, de migrantes e refugiados que fogem da miséria e da guerra, de egoísmos políticos que encaram com negligência os problemas da humanidade». Deste modo, Maria Voce, presidente del Movimento dos Focolares, descreve o atual cenário mundial em um discurso que, por não estar presente, será lido por Catherine Belzung. Cenário sintetizado pelo papa Francisco – recorda a presidente – «na expressão: terceira guerra mundial em partes”. Uma violência não convencional, universal e penetrante, difícil de ser derrotada com os instrumentos até agora utilizados.[…] São conflitos que só podem ser resolvidos com uma atuação conjunta, não só da comunidade internacional, mas da comunidade humana mundial. Ninguém pode se sentir excluído dessa ação: ela deve passar pelas nossas ruas, nos lugares de trabalho, de instrução e de formação, do esporte e do divertimento, das comunicações, do culto. À “guerra mundial em partes” se responde com uma paz mundial feita também ela de “partes individuais”, de pequenos passos, de gestos concretos. Todos têm um papel, cada um tem uma responsabilidade». Maria Voce evidencia o empenho das organizações internacionais, da sociedade civil, das associações e movimentos. Como aquele que ela mesma representa e que se fundamenta em uma experiência de mais de setenta anos de trabalho pela unidade e pela paz iniciado por Chiara Lubich e desenvolvido nos mais variados pontos críticos do planeta em um diálogo em todos os níveis no mundo cristão, com outras religiões, com pessoas de convicções não religiosas. Um diálogo «baseado na acolhida das pessoas, na compreensão profunda das suas escolhas, das suas ideias, valorizando a beleza, o positivo, o que pode ser comum, que pode criar vínculos». «É a fraternidade – afirma Maria Voce citando Chiara Lubich – que pode fazer florescer projetos e ações no complexo tecido político, econômico, cultural e social do nosso mundo. É a fraternidade que faz sair do isolamento, abrindo as portas do desenvolvimento aos povos que ainda permanecem excluídos. É a fraternidade que indica como resolver pacificamente as controvérsias e que relega a guerra aos livros de história. É em virtude da fraternidade vivida que se pode sonhar e até mesmo esperar com alguma forma de comunhão de bens entre países ricos e pobres, já que o escandaloso desequilíbrio, que existe hoje no mundo, é uma das causas principais do terrorismo. A profunda necessidade de paz, que a humanidade hoje expressa, demonstra que a fraternidade não é só um valor, não é só um método, mas o paradigma global de desenvolvimento político».[1] «Sobre esta base – prossegue Maria Voce – é possível rever o que é a paz, aliás, é possível reinventá-la». E indica âmbitos e significados: em primeiro lugar empenhar-se até o fim no diálogo; realizar projetos políticos que não sejam condicionados pelos interesses de parte; abater o muro da indiferença e reduzir as desigualdades; promover uma cultura da legalidade; preocupar-se em proteger a criação. «Reinventar a paz significa amar o inimigo […], significa perdoar. O perdão não é contrário à justiça internacional, mas oferece a possibilidade de restabelecer relacionamentos com novas bases. […] Por isso é necessária uma profunda operação cultural. É preciso investir na cultura e na instrução, como recomenda esta Instituição […]. Por fim, reinventar a paz significa amar a pátria alheia como a própria, o povo, a etnia, a cultura alheia como as próprias». Leia o texto integral [1]Ao prof. Benjamin Barber, Mensagem para a Jornada da Interdependência, Filadélfia, 12 de setembro de 2003.
Colocar em prática o amor
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