Movimento dos Focolares

Movimentos eclesiais, encarnação do Evangelho

Abr 17, 2018

A comunhão dentro da Igreja é uma opção irrenunciável. Assim na Escola para o diálogo promovida em Castel Gandolfo pelo Movimento dos Focolares.

Marc St. Hilaire. dos Focolares

“A dimensão institucional e a dimensão carismática, de que os Movimentos são uma expressão significativa (…) são coessenciais à constituição divina da Igreja fundada por Jesus, porque concorrem juntas a tornar presente o mistério de Cristo e a sua obra salvífica no mundo”. Vinte anos atrás – era Pentecostes de 1998 – falando aos 250.000 membros de 50 movimentos e comunidades vindos a Roma para o Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais, João Paulo II esclarecia pela primeira vez qual é, na Igreja, o lugar das numerosas realidades nascidas dos carismas. Desde então, milhares de iniciativas no mundo nutriram a caminhada de comunhão entre os movimentos. No encontro de Castel Gandolfo – de 5 a 8 de abril – com o título “Comunhão – Uma promessa que completa 20 anos”, discursaram membros do Movimento dos Focolares de várias proveniências geográficas que colaboram com diversas realidades eclesiais e que evidenciaram os frutos deste percurso, dando novo impulso ao empenho pela unidade. «A palavra coessencial evoca a natureza da Igreja – salienta Marc St-Hilaire dos Focolares, conselheiro, junto com Margaret Karram, para a comunhão na Igreja católica –. Significa que não pode existir Igreja se não existe instituição, e não pode existir Igreja se não existem os carismas”.

Salvatore Martinez, Aurelio Molè, P. Marmann, D. Angelo Romano

Na tarde do dia 7 de abril, abrindo-se a representantes de outras realidades carismáticas, dedicou um momento de reflexão àquele início. “É o Espírito que pede isso a nós” afirma Salvatore Martinez, presidente da Renovação Carismática Católica na Itália, segundo o qual “A comunhão é um grande desafio dentro das realidades carismáticas, dentro da Igreja” e a amizade espiritual “nasce no Espírito e é um dom maravilhoso”.Chiara Lubich (fundadora dos Focolares) deu algumas indicações para cultivar a comunhão – conta Margaret Karram –. Antes de tudo, construir relacionamentos pessoais, não com os movimentos em si, mas com as pessoas que fazem parte deles. Depois, rezar uns pelos outros, oferecer as nossas casas para encontros e atividades, colaborar com várias iniciativas em nível social e eclesial e dar espaço nos próprios órgãos de imprensa”. Para desenvolver um diálogo frutuoso – explica Pe. Michael J. Marmann, ex presidente geral do Movimento de Schöenstatt – “Não serve a técnica. Este diálogo deve ser inspirado a partir de dentro, ou seja, pelo amor”, com a consciência de que a diversidade é uma riqueza e a comunhão e a corresponsabilidade uma opção irrenunciável. Nascem daqui as iniciativas que floresceram no mundo. Partindo de um pequeno grupo, a experiência de Juntos pelo México chegou, em 2015, a envolver 5 mil pessoas de 60 movimentos, desejosas de fazer algo pelo seu país. “Agora estão preparando o evento de 2019 com 80 movimentos conta Margaret Karram – enquanto em outros países se compartilham atividades ecológicas ou pelo desarmamento, no Oriente Médio se reza pela paz, na Itália foram realizados concertos para recolher fundos para os países pobres ou em guerra”. Segundo Pe. Angelo Romano, Reitor da Basílica de S. Bartolomeu em Roma, e do departamento de relações internacionais da Comunidade de Sant’Egídio, “existem alguns setores em que a caminhada comum deve crescer: como cristãos não podemos deixar de nos interrogar sobre o fenômeno das migrações e promover iniciativas comuns. Outro tema a ser aprofundado é o dos conflitos, geradores de pobreza e sofrimento e de uma mensagem contrária ao Evangelho pela qual se somos diferentes não podemos viver juntos, enquanto que nós acreditamos que o Evangelho é fermento de unidade e paz e os cristãos são chamados a suscitar perspectivas novas”. Além do mais, a obra dos movimentos é uma encarnação do Evangelho: “Nós somos a resposta – afirma Martinez – àquela dicotomia que muitos gostariam de pôr entre doutrina e misericórdia, porque a teologia do espírito se faz com a vida”. E a proposta de uma Igreja pobre e missionária não está em antítese com a doutrina, mas parte dela: “É aquele diálogo com o mundo e a modernidade que o Vaticano II tinha profetizado – diz Martinez –, que Paulo VI antes de todos procurou encarnar e, depois, todos os pontífices que acompanharam a nossa história. É esta síntese original que o Papa nos pede que testemunhemos: uma doutrina que se encarna na história”. Nesta perspectiva, a vinte anos da investidura de 1998, os movimentos eclesiais se mostram cada vez mais como “a resposta providencial às necessidades do nosso tempo”. Uma resposta que implica um trabalho constante pela unidade, para levar o rosto de Cristo às periferias do humano. Claudia Di Lorenzi  

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