Movimento dos Focolares

Notícias do focolare da Ucrânia

Mar 1, 2022

Donatella Rafanelli conta a Maria Chiara Biagioni da agência SIR (Servizio Informazione Religiosa) sobre a vida da comunidade do Movimento dos Focolares na Ucrânia nesses últimos dias. Foi uma viagem de 29 horas por Kiev. “Agora o nosso sonho é voltar para lá.”

Donatella Rafanelli conta a Maria Chiara Biagioni da agência SIR (Servizio Informazione Religiosa) sobre a vida da comunidade do Movimento dos Focolares na Ucrânia nesses últimos dias. Foi uma viagem de 29 horas por Kiev. “Agora o nosso sonho é voltar para lá.” Uma viagem de 29 horas para sair de Kiev e chegar a Mukachevo, uma cidade no oeste do país. Trânsito nas estradas, filas longas nos caixas eletrônicos e nos postos de gasolina, carros armados e pessoas pela estrada pedindo carona. Quem conta ao SIR o que aconteceu pelo “caminho” das pessoas que estão deixando suas casas é uma italiana de Pistoia, Donatella Rafanelli, focolarina, que, desde 2019, mora em Kiev na comunidade do Movimento dos Focolares fundado por Chiara Lubich. “Estávamos em Kiev quando, na quinta de manhã, muito cedo, nos ligaram para dizer que fizéssemos logo nossas malas porque estavam atirando a 70 quilômetros da capital”, conta Donatella. “Não sabíamos o que fazer porque para todos nós era a primeira vez que nos encontrávamos em uma situação como essa. Então, fomos procurar o refúgio mais perto da nossa casa e nos indicaram um estacionamento subterrâneo. Voltamos para casa e ligamos para a embaixada italiana em um número de emergência e nos disseram para ficar em casa e ir ao refúgio somente se acionassem o alarme.” Parecia tudo normal. As pessoas estavam falando sobre a possibilidade de um ataque a Kiev há dias, “mas quando aconteceu, a primeira coisa que fizemos foi nos olhar nos olhos. Dissemos: estamos aqui, estamos em guerra. E rezamos. Pedimos a Jesus que nos desse força e paz”. Dali em diante foi sempre uma corrida contra o tempo. “Colocamos juntas três coisas em um carrinho. Levamos pouquíssima bagagem, somente o necessário e os documentos pessoais. Procuramos logo uma passagem de trem para poder ir para oeste, mas estavam esgotadas. O aeroporto estava fechado. Então, decidimos ir de carro.” As estradas para sair de Kiev estavam bloqueadas. “Havia filas longuíssimas nos bancos para sacar dinheiro e nos supermercados. Levamos muito tempo principalmente para sair da cidade. Paramos duas vezes para abastecer. No primeiro posto, ficamos uma hora na fila. E justamente ali, enquanto esperávamos, ouvimos os disparos. Foi muito forte. Ficamos imóveis, em silêncio.” Ao retomar o caminho, pela estrada via-se os carros armados e as pessoas que pediam carona. No trajeto, os celulares não paravam de enviar e receber mensagens e ligações: de quem havia partido, de quem havia decidido ficar. As ligações também serviam para dar notícias e colocar as pessoas que estavam fugindo em contato com as comunidades do Movimento dos Focolares na Eslováquia e na Polônia, que se disponibilizaram para nos acolher. “Só enquanto viajávamos”, confidencia Donatella, “nos demos conta do que havia acontecido. Não estávamos no carro para ir a um compromisso ou viajar. Estávamos deixando uma cidade, a nossa casa. Nunca gostaríamos de ter ido embora. Mas entendemos que era impossível ficar lá”. Em Mukachevo, Donatella e seus companheiros de viagem foram acolhidos por um sacerdote em uma paróquia e pela comunidade do Movimento dos Focolares daquela cidade. “Estamos aqui na Ucrânia. E isso é importantíssimo para nós. Não fugimos. Queremos viver e ficar neste país. Ofereceram para nós mil lugares para onde ir. O fato de termos saído de Kiev é somente porque neste momento é perigoso ficar. Não fazia sentido permanecer sob os bombardeamentos. Porém, agora o nosso sonho é voltar para lá.” “A guerra? É uma loucura”, responde Donatella sem hesitar. “Porque ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa assim como a possibilidade de viver uma vida normal. Aqui, as pessoas fizeram muitos sacrifícios para comprar uma casa, guardar suas economias. E agora, com a guerra, os projetos de futuro desmoronam, os sonhos acabam. Estamos rezando para que essa loucura termine o mais rápido possível. Acompanhamos as notícias das conversas entre as delegações e os esforços que estão fazendo a nível de diplomacia internacional. Acho que a única coisa que pode nos ajudar é um milagre. E todas as notícias que chegam das pessoas que estão rezando por nós e fazendo manifestações pela paz nos fazem muito bem. Precisamos de um milagre.”

Maria Chiara Biagioni (SIR)

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