Movimento dos Focolares

O segredo de Palmira

Jan 11, 2022

Palmira Frizzera, uma das primeiras companheiras de Chiara, nos deixou no dia 05 de janeiro de 2022, mas viverá nas recordações e na vida de muitos – focolarinas, focolarinos, jovens, famílias – que foram acompanhados por ela em sua formação na Mariápolis Foco (Montet, Suíça), a mariápolis permanente do Movimento dos Focolares, onde viveu por mais de 40 anos. Recordamos, por meio de suas palavras, alguns momentos que marcaram seu caminho de vida.

Palmira Frizzera, uma das primeiras companheiras de Chiara, nos deixou no dia 05 de janeiro de 2022, mas viverá nas recordações e na vida de muitos – focolarinas, focolarinos, jovens, famílias – que foram acompanhados por ela em sua formação na Mariápolis Foco (Montet, Suíça), a mariápolis permanente do Movimento dos Focolares, onde viveu por mais de 40 anos. Recordamos, por meio de suas palavras, alguns momentos que marcaram seu caminho de vida. “Senhorita, nada mais pode ser feito pelos seus olhos.” O médico deu a Palmira Frizzera um diagnóstico muito duro alguns meses depois da sua chegada ao primeiro focolare na Praça dos Capuchinhos em Trento. Palmira tinha 18 anos quando, três anos antes, em 1945, havia conhecido o primeiro grupo de focolarinas. Tinha um problema nos olhos há muito tempo e, por causa dele, não realizou seu sonho de partir como irmã missionária para Índia. E agora, esse problema se reapresentava com gravidade. Depois de várias visitas a especialistas, naquele dia havia ido a um oculista de Trento, acompanhada por outra das primeiras companheiras de Chiara Lubich, Natalia Dallapiccola. “O médico me examinou minuciosamente”, contou Palmira a um grupo de meninas em 2004, “e depois disse: o olho direito já está perdido e está a ponto de perder o olho esquerdo”.

© CSC Audiovisivi

Que balde de água fria! “Assim que saí daquela consulta, ainda nas escadas, caí em prantos, eu soluçava e dizia para mim mesma: ficarei cega com apenas 21 anos, e justamente agora que encontrei o ideal mais bonito da minha vida, que ninguém pode tirar de mim. Agora que encontrei a alegria de viver e que gostaria de gritar ao mundo inteiro, devo me tornar cega. E chorava.” Estava chovendo e, debaixo do guarda-chuva, Natalia a segurava pelo braço e a acompanhava em silêncio. “Em um certo momento”, continua, “parei no meio da rua e disse: Mas Natalia, como é que estou chorando tanto porque perderei a vista? Para ver Jesus no irmão, esses olhos não me servem, preciso dos olhos da alma e esses, se não quiser, não perderei jamais (…). Vou fazer agora um pacto com Jesus e você será testemunha. Se dou mais glória a Deus com os olhos, que ele deixe-os para mim; mas se dou mais glória sem os olhos que ele os tome, porque quero fazer somente a sua vontade. Depois, pensei: Jesus no Evangelho não disse que é melhor ir para o Paraíso sem olhos do que para o inferno com dois olhos? A partir daquele momento, não sofri mais”. “Depois, escrevi a minha experiência para Chiara Lubich”, continua Palmira, “cheia de alegria, porque eu estava feliz, não me faltava realmente nada”. Nesse ínterim, outros especialistas foram consultados, entre eles um que, depois de tê-la examinado atentamente, lhe disse que a doença era grave, mas unilateral, ou seja, havia atingido apenas o olho direito, o qual provavelmente perderia, mas o esquerdo estava saudável e não corria perigo algum. “Foi assim”, continua Palmira, “que perdi o direito, mas o esquerdo nunca me causou, em todos esses anos, o menor problema. Ficou entendido que eu teria dado mais gloria a Deus com os olhos. E, para dizer a verdade, com este olho esquerdo sempre enxerguei por dois”. E conclui: “Muitas vezes temos medo de dar algo a Jesus, um afeto, um apego, alguma coisa dos estudos. Quando, em vez disso, valeria a pena dar-lhe tudo sempre, porque Ele não se deixa vencer pela nossa generosidade que é sempre pouca em comparação à sua, pois Deus é Amor e ele responde sempre com o cêntuplo”.

© CSC Audiovisivi

Nos anos seguintes, Palmira teve diversas responsabilidades pelo Movimento dos Focolares na Itália. Em 1981, Chiara Lubich pediu-lhe que fosse, juntamente com outros focolarinos, a Montet, na Suíça, onde estava nascendo uma mariápolis permanente. Deveria permanecer apenas três dias para avaliar os trabalhos necessários de reestruturação. Passados os três dias, os outros partiram e ela ficou sozinha, em um apartamento em Estavayer-le-Lac, a cidade vizinha. A um certo ponto, sentindo um desconforto diante da grandeza do que a esperava, se ajoelhou e recitou o Pai-Nosso. Recorda: “Quando cheguei na frase ‘seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu’, a disse em voz alta e encontrei uma paz que ainda não perdi”. Aqueles três dias se transformaram em 40 anos. Palmira construiu a mariápolis permanente junto com outros, acompanhou e formou gerações de jovens. Com simplicidade e franqueza, suas características peculiares, se perguntava em 2017: “Eu consegui? Não sei. Sempre procurei amar com o coração para não me enganar, porque com a cabeça sempre posso errar, mas, se ama-se com o coração, prontos a vida, não. Acredito que quem ama, nunca erra”.

Carlos Mana

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