Movimento dos Focolares

O “Tempo da Criação”

Ago 25, 2019

Com o dia mundial de oração pelo cuidado da criação, o dia 1º de setembro iniciará um mês rico de iniciativas pelo cuidado do meio ambiente e não só. Entrevista com Cecilia Dall’Oglio do Global Catholic Climate Movement.

Com o dia mundial de oração pelo cuidado da criação, o dia 1º de setembro iniciará um mês rico de iniciativas pelo cuidado do meio ambiente e não só. Entrevista com Cecilia Dall’Oglio do Global Catholic Climate Movement. O que têm em comum a questão ambiental e o Ecumenismo? Muito, aliás, muitíssimo se se considera que em 1989 foi o patriarca da Igreja Ortodoxa de Constantinopla, Demétrio, a dar o impulso decisivo às diversas Igrejas cristãs para declarar conjuntamente o dia 1º de setembro Dia mundial de oração pelo cuidado da Criação. Neste ano a celebração se insere num ano carregado de ações globais pelo clima, graças inclusive à aceleração impressa pelos milhões de jovens que, com Greta Thunberg, se mobilizaram e sacudiram consciências e bateram às portas dos Parlamentos. “Não só os indivíduos, mas também as nossas comunidades deveriam se interrogar sobre a sustentabilidade ambiental das suas atividades”, defende Luca Fiorani, físico e coordenador internacional de EcoOne, movimento cultural que se inspira na espiritualidade dos Focolares em campo ambiental. “E para começar a mudar a mentalidade e adotar um estilo de vida ecológico é preciso antes de tudo se informar. Faço publicidade de mim mesmo: acabei de publicar um pequeno livro de menos de 80 páginas: “O sonho (louco) de Francisco. Pequeno manual (científico) de ecologia integral”. Conduzo pela mão o leitor entre os conceitos chave da encíclica Laudato Si’, os recentes resultados da negociação internacional sobre as mudanças climáticas e os dados científicos mais atualizados sobre o estado de saúde do nosso planeta”. Luca Fiorani nos explica também que faz uns dez anos que EcoOne colabora com o Global Catholic Climate Movement. Cecilia Dall’Oglio é responsável pelos programas da organização e lhe dirigimos algumas perguntas. Quais são as suas motivações pessoais de compromisso pelo meio ambiente? O desejo de não abandonar os meus irmãos e irmãs no mundo, que sofrem pelas mesmas causas pelas quais sofre a nossa Mãe Terra. O desejo de dar a minha contribuição a fim de que outros possam fazer a experiência direta de encontro, que pude fazer eu, com testemunhas de esperança, de Igreja viva empenhada pela justiça social. Na Laudato Si’ o Papa Francisco nos recorda, de fato, que não há duas crises diferentes, ambiental e social; mas uma única crise socioambiental a ser enfrentada com “uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” (LS 139). Eu me empenhei por mais de vinte anos com a FOCSIV na coordenação de campanhas pela justiça social junto com os departamentos da CEI e com as agremiações leigas católicas e gostaria aqui de lembrar de modo especial o querido Marco Aquini do Movimento dos Focolares. Este anúncio, esta resistência ativa, deve ser realmente eficaz e libertar o pobre que grita e por isso agora estou feliz por colher o desafio atual a serviço do Global Catholic Climate Movement do qual o Movimento dos Focolares é membro ativo. Qual é o “algo mais” que a fé pode levar ao movimento ambiental? A fé é fundamental para levar ao campo ambientalista a abordagem da ecologia integral. A conversão ecológica e a adoção de novos estilos de vida são propostas para a alegria plena, aquela “sobriedade feliz” de que fala também o Instrumentum laboris do Sínodo especial da Amazônia, a plenitude da vida, a verdadeira liberdade. Todos os cristãos são chamados a serem guardiões da Criação de Deus porque “Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa.” (LS 217). O Global Catholic Climate Movement nasceu em 2015 para apoiar as comunidades católicas no mundo inteiro na resposta ao apelo urgente do Papa Francisco na Laudato Si’ através de uma conversão ecológica em nível espiritual que conduza a estilos de vida renovados e a uma participação conjunta dos católicos nas mobilizações pela justiça climática. O que é o “Tempo da Criação” e o que cada um de nós pode fazer para aderir? season of creation 2017O Tempo da Criação é um “tempo favorável”, um Kairós, durante o qual rezar e agir pelo cuidado da nossa casa comum. Acontece a cada ano de 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, a 4 de outubro, festa de São Francisco, e é celebrado por milhares de cristãos em todo o mundo. O tema deste ano, “A rede da vida: biodiversidade como dom de Deus”, é estreitamente conectado ao Sínodo dos Bispos para a região Pan Amazônica que acontecerá no próximo mês de outubro. Milhares de cristãos em todo o mundo celebram o tempo da criação realizando eventos. No site do Tempo da Criação estão disponíveis o guia para as celebrações e outros instrumentos em várias línguas. Graças ao tema escolhido para as celebrações, os eventos realizados farão sentir a nossa proximidade aos irmãos e irmãs na Amazônia e a todos aqueles que sofrem pela “mentalidade extrativista” que está destruindo não só a Amazônia, mas toda a Criação e são, portanto, um claro sinal da comunhão eclesial e do apoio na caminhada da Igreja rumo ao Sínodo.

Stefania Tanesini

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