Movimento dos Focolares

Os alicerces da sociedade

Mar 12, 2018

Em Castelgandofo, nos arredores de Roma, concluiu-se o congresso internacional para 300 casais de “Voluntários de Deus”, setor do Movimento dos Focolares que reúne pessoas que optaram por viver com radicalismo e liberdade o carisma da unidade. Narrado por Chiara, da Itália.

DSC_8354 copia«Eu e meu marido estivemos no Congresso para casais de Voluntários. Seiscentas pessoas, 14 línguas. Uma porção de sociedade, com participantes dos cinco continentes. Mas vamos começar… do início. Um dia antes dei uma olhada no programa. Eu sabia que, no dia 3 de março, o congresso iria ter a feliz coincidência com o evento dedicado ao décimo aniversário da morte de Chiara Lubich. Mas, e os outros dias? A vida de família e de casal esmiuçada em múltiplas facetas, seria o ponto central de momentos de aprofundamento, com a direção de especialistas. Nós somos casados há quase 20 anos e temos dois filhos, de 18 e 16 anos. Tendo passado o “túnel” das noites em branco, das fraldas e das creches, terminada a fase do ensino médio e fundamental, dos mapas para desenhar e das provas de história, estamos navegando na adolescência deles, como filhos, e nossa como pais em busca de um presente sereno e de um futuro que dia a dia sai da casca. Um entrelaçamento de afetos, dificuldades e gincanas, surpresa diante das novidades, sofrimento pelos acontecimentos tristes, às vezes desânimo e mangas arregaçadas para recomeçar, mas também alegrias, paixão social, amor pelo belo, abertura às novidades e aos imprevistos, certas corridas de obstáculos entre os compromissos de todos. Enfim, uma família normal. Leio o programa e fico um pouco desanimada. A insistência sobre os temas ligados ao “casal” me dá uma sensação de sufocamento: e o mundo? As realidades do nosso tempo? A arte, a cultura, as relações sociais? Estaremos concentrados em olhar somente para “dentro”, e continuar ainda a nos analisar, depois de tantos anos? Sou uma voluntária, habituada a olhar mais para “fora” do que para “dentro”, a sonhar grande, a agir em contato estreito com a realidade e as durezas das pessoas, procurando dar a minha contribuição, como Chiara Lubich nos ensinou, para um mundo unido. No primeiro dia me é um tanto difícil “executar”. Além do mais meu marido não pode vir por motivos de trabalho. E à noite, confesso, fico satisfeita em ir ver a inauguração de uma exposição no Vittoriano, no centro de Roma. Era um remédio para “oxigenar” a mente. Enfrento o segundo dia um pouco desiludida, desta vez somos um casal. Tento fazer um “reset” dos meus pensamentos e entro no jogo, com todas as minhas forças. Descubro que meu marido está fazendo o mesmo esforço. Esta mudança de atitude faz com que acolhamos as várias palestras com outros olhos. É como se, pela primeira vez, recebêssemos chaves de leitura para renovar o “nosso” sim pronunciado tantos anos atrás, e a nossa família, o pequeno tijolo com o qual nós compomos a sociedade neste momento histórico, tudo isso a partir de dentro. Não posso ser uma ótima mãe e uma profissional, e dar a minha pequena contribuição se não a partir do relacionamento com o meu primeiro e único companheiro de vida, da unidade renovada entre nós. Como fica em pé uma casa se os seus alicerces não são profundos, sólidos, fortes, sadios? DSC_8553No terceiro dia, todos juntos, renovamos solenemente o nosso “sim” para sempre, emoldurados pelo Santuário do Divino Amor. Não um ato formal, mas substancial e livre, com 598 testemunhas. À tarde, enquanto vai se enchendo o auditório para o evento dos 10 anos, por acaso sento-me ao lado de dois participantes. Um casal que está no congresso, como nós. Não os tinha conhecido antes. Breves palavras de apresentação. Escuto que dois anos atrás perderam um filho. Mostram a sua foto: um rapaz lindo, olhos claros, barba castanho. Tinha só 25 anos, na flor da juventude. Os olhos se enchem de lágrimas. Naquela mãe encontro os traços da Mãe, retratada por Michelangelo na célebre Pietà. Eis o que é uma família. Um baluarte, uma rocha. Fundamentos heroicos da sociedade, sem os quais tudo pode desmoronar. Era preciso deter-nos e focalizar o casal. Sim, certamente era preciso». Chiara Favotti

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