Movimento dos Focolares
Índia: Semana Mundo Unido 2015

Índia: Semana Mundo Unido 2015

UWW_2015_aSão mais de 120 os jovens representantes de 25 países: do Japão à Itália; da Coréia à Colômbia; do Nepal à Romênia. Um laboratório que, no âmbito da Semana Mundo Unido, que se realiza no mundo inteiro, testemunha o quanto as diferenças culturais e religiosas não são um obstáculo para o diálogo entre os povos, mas, representam um grande instrumento para um mundo mais fraterno. O título escolhido para este ano, “Fabric, Flavour, Festival – discovering fraternity”, é centralizado em um diálogo que se realiza totalmente em todos os níveis: Fabric (Tecido): Posicionar-se diante dos desafios do diálogo para construir o Mundo Unido com a descoberta da própria identidade, a acolhida e o respeito do outro, a coragem de tomar a iniciativa. Flavour (Gosto): Diálogo em ato vivendo a Regra de Ouro “Faça aos outros aquilo que gostaria fosse feito a ti” da qual se abre o caminho da reciprocidade e partilha. Festival: Alegria de constatar que somos irmãos e de viver em paz. O aspecto multicultural é o leitmotiv destes dias em Mumbai. Representantes do Shanti Ashram (movimento hinduísta) e da Rissho Kosei-Kai (movimento budista), se unem aos jovens cristãos para viver momentos de fraternidade também a serviço dos jovens hindus e da comunidade civil. UWW_EqualStreets_4Lawrence, representante do Conselho Mundial das Religiões pela Paz, nos disse que está participando porque “existe a necessidade de mostrar ao mundo coisas positivas. Devemos mostrar ao mundo que a fraternidade pode transformar a história.” Crisfan, jovem hindu, diz que conheceu os Jovens por um Mundo Unido há alguns anos e “desde então, sinto o desejo de construir pontes de fraternidade. Na Índia a religião não constitui, nunca, um obstáculo. Cada um segue um caminho, mas, todos nós somos irmãos.” Recentemente ele se casou e envolveu a sua mulher nesta caminhada. São dias intensos nos quais se partilham também as tragédias como a do país ao lado, o Nepal, onde – como se sabe – o terremoto deixou milhares de vítimas e feridos. Aqui em Mumbai estão Sana e Roshan que ainda não conseguiram entrar em contato com as próprias famílias. E, mesmo assim, parecem estar tranquilas: “Temos a certeza de que Deus cuidará deles”, nos disseram. E, neste ínterim, todos rezam. No fim daquele dia, chega a boa noticia: as famílias deles estão bem. Tiveram que sair da cidade, mas o amor de Deus providenciou tudo. Maria Chiara, italiana, nos conta que há tempos desejava viver este tipo de experiência. “Quando Christian me convidou, eu compreendi que não poderia perder esta ocasião. Estou aqui para conhecer outros jovens e para aprender a viver a cultura do outro como se fosse a minha.” Christian é romeno e estudo no Instituto Universitário Sophia, com sede na Itália. Depois de ter ido à Terra Santa, em 2013, e no Quênia, em 2014, este ano decidiu fechar os livros “para conhecer como é vivida a fraternidade em uma cultura diferente da minha.” A fraternidade vivida concretamente é já a experiência destes primeiros dias do evento internacional na Índia; enquanto realizam iniciativas de vários gêneros, a favor da paz, em muitas regiões do mundo.

Mumbai: um musical de pequenos artistas

Mumbai: um musical de pequenos artistas

20150317MusicalMumbai2Seis semanas de preparação, 34 atores protagonistas e 250 expectadores. Foram recolhidas 36.000 rúpias, o equivalente a cerca de 500 euros; nada mal se se pensa que esta cifra consentirá que dez adolescentes daquela cidade participem do programa de cinco dias, em Mumbai.

O Movimento dos Focolares está presente na Índia desde 1980. Atualmente existem centros em Mumbai, Bangalore, Goa e Nova Déli que promovem várias atividades: Mariápolis e encontros mensais para adultos, famílias e jovens. Em diversas cidades como Vasai, Pune, Panjim, Margao, Vasco e Trichy, existem grupos ativos de pessoas que aderem à espiritualidade do Focolare.

Neste ano eles têm uma grande meta: a Semana Mundo Unido (SMU), atividade anual dos Jovens por um Mundo Unido, cujo objetivo é dar visibilidade aos muitos passos dados no caminho em direção à fraternidade, em várias partes do mundo.

A SMU 2015 passa pela na Índia. Assim como aconteceu na África, ano passado, com o concerto “Ubuntu”, desta vez é o país-continente berço de uma enorme variedade étnica e religiosa a sediar o evento principal da SMU, em Mumbai, de 27 a 1° de maio, e a conclusão em Coimbatore, no Tamil Nadu (sul da Índia), no dia 4 de maio.

Já em 2009 Coimbatore havia sediado o “Supercongresso Gen 3”, com adolescentes do mundo inteiro e com a colaboração do movimento gandhista Shanti Ashram.

Pode-se imaginar o volume de trabalho para a preparação de todos os detalhes. Por isso a inteira comunidade local dos Focolares decidiu arregaçar as mangas e apoiar os jovens nesta iniciativa.

Uma primeira realização foi exatamente o musical “O riacho na floresta”, realizado no dia 22 de fevereiro passado. Uma história inspirada na mensagem de unidade que os Gen 4 (as crianças do Movimento dos Focolares) transmitem também nas suas músicas. Muitas horas de ensaio, com o entusiasmo e o compromisso das crianças, e com alguns inconvenientes: um dia antes da apresentação dois deles adoeceram, tiveram febre alta e os autores tiveram que modificar o roteiro!

“Os meus filhos estão super felizes! – disse uma senhora – Fizeram novas amizades e disseram que já sentem saudade dos ensaios. Eles dizem que sentem mais falta dos ensaios que dos amigos da escola, porque lá havia uma alegria diferente daquela quando encontram os colegas”.

“Mesmo se as crianças têm talentos para cantar e dançar – diz outra senhora – é maravilhoso ver esses talentos usados para uma coisa tão bonita, que possui valores”.

भारत की ओर से आप सभी को बधाई (Bharat ki ora se aap sabhi ko badhai).

Da Índia, uma grande saudação a todos!

Nigéria, suscitar esperança!

Nigéria, suscitar esperança!

Finalmente conseguimos mandar algumas notícias, primeiramente queremos agradecer a todos pelas orações que nos dão força neste momento crítico do nosso país”. Assim começa a carta que Friederike e George, da comunidade dos Focolares na Nigéria, nos expediram poucos dias depois dos últimos acontecimentos naquele país.

As duas bombas que explodiram em Abuja – uma localidade muito povoada e onde muitos de nós passamos todos os dias – e o rapto das estudantes, em Borno, provocaram uma nova onda de sofrimentos e de desespero no povo nigeriano. As reações da população são várias: medo, resignação, raiva, vingança…”.

Mas o testemunho deles fala de paz: “Sofremos com as famílias das várias vítimas. Tentamos aprofundar bem as raízes na vida do momento presente, conscientes que o caminho para a paz encontra-se na fraternidade universal”.

“Foi uma ‘coincidência providencial’ que, em meio à desordem, estivesse previsto o início da Semana Mundo Unido (1°-11 de maio)”. Todos os anos, neste período, os Jovens por um Mundo Unido, apresentam-se à sociedade por meio de iniciativas e atividades públicas e visíveis, com o objetivo de sensibilizar o maior número de pessoas à paz e à solidariedade. Neste ano, em várias cidades, foi apresentado o Atlas mundial da Fraternidade.

E, na Nigéria? “Junto com os jovens – continuam Friederike e George – os membros do Movimento dos Focolares no local haviam programado várias atividades, tanto em Onitsha quanto em Abuja e Jos. Mas, no dia seguinte à explosão da segunda bomba, nos reunimos com a comunidade de Abuja e nos perguntamos se deveríamos ou não continuar com a preparação das atividades para a Semana Mundo Unido. Unanimemente pensamos que naquele momento, mais do que nunca, era necessário continuar a viver pela paz e suscitar a esperança em todos!”.

Foi assim que no dia 4 de maio, no Parque Millenium, em Abuja, reuniram-se oitenta pessoas, muçulmanos e cristãos, e juntos vivemos uma jornada cujo ponto central era o tema “Acolhida e Fraternidade”. Houve uma solene pausa, ao meio dia, para o Time Out: um momento de oração pela paz.

Em Onitsha, na mesma semana, os jovens promoveram um dia de atividades em um orfanato, outra atividade foi durante a feira semanal da cidade, com limpeza do ambiente e uma breve programação para convidar a todos à jornada conclusiva.

“Com os membros do Focolare – escreveram ainda – nos empenhamos com uma fé renovada na oração do Time Out pela paz; organizamo-nos para enviar um lembrete, às 11:55h, via SMS, a todas as pessoas que conhecemos. E, ainda, toda semana enviamos a muitas pessoas (anotando números de telefones de várias regiões do país) uma frase que exorta a vivência da paz. É a nossa maneira de oferecer uma contribuição para que se estabilize a opinião pública da cultura e respeito ao próximo”.

Portugal. Agarrar o mundo

Portugal. Agarrar o mundo

Na Mariápolis Arco Íris, na abertura da Semana Mundo Unido, jovens provenientes de todo o país foram recebidos pela banda da cidade e por cerca de vinte grupos que animaram a tarde com atividades variadas: judô, música – com canções compostas para a ocasião -, dança, sem deixar de lado uma nota de internacionalidade, com os tocadores de gamelão, um instrumento típico da Indonésia, e 90 bailarinos de Cabo Verde. O evento teve a cobertura da mídia – dois canais de televisão, rádio, jornais – e envolveu também as autoridades civis. Estavam presentes o presidente e o vice-presidente da região, o prefeito da cidade e numerosos sacerdotes que acompanharam os jovens de suas paróquias. Entre estes o responsável da Pastoral da Juventude da diocese de Lisboa. Mas o Movimento dos Focolares não foi o único a dar a própria contribuição, mais de 20, entre grupos e associações, deram sua própria parte na Expo da fraternidade, uma pequena mostra “ao vivo”, do Projeto Mundo Unido, no qual os participantes eram chamados a compartilhar suas experiência sobre o tema. Um parlamentar, um músico, um ator, um cientista e um prefeito, colocaram à disposição suas competências. O programa do dia tinha cinco partes, nas quais, através de testemunhos, música e coreografias, foi explorado o tema da fraternidade: «O que é?», «Por quê?», «Como?», «Sempre?» e «Em rede», e mostrou-se como esta nova cultura estende-se a todos os setores, da arte à economia. Especialmente significativa foi a entrevista com o economista Luigino Bruni. Os workshops convidaram os jovens a comprometerem-se de maneira mais ativa na sociedade, para construir um mundo solidário, como demonstram as impressões de alguns deles: «Mudar o mundo depende de nós: é a maior certeza que levo comigo. Obrigado por nos terem dado a experiência de vocês, porque se temos a chave para enfrentar as dificuldades então o mundo unido é realmente possível». «Este encontro foi a minha primeira experiência com os Jovens por um Mundo Unido. Fiquei fascinada por este espírito de partilha, de ajuda mútua, de amor verdadeiro que pude conhecer e viver. Levo comigo uma vida nova!». «Num tempo marcado pelo individualismo e o desinteresse é muito bonito ver que existem tantas pessoas que lutam por um mundo melhor e não se detém diante das adversidades. Hoje entendi que a fraternidade está realmente ao alcance de todos, concretiza-se no cotidiano. Depende também de mim “segurar o mundo” e procurar mudá-lo». Galeria de fotos

“Sharing with Africa”, no coração da Semana Mundo Unido

“Sharing with Africa”, no coração da Semana Mundo Unido

Ubuntu: eu sou porque nós somos. É neste conceito, fundamento de muitas culturas africanas, que se concentra o projeto “Compartilhando com a África”. De 27 de abril a 4 de maio reuniram-se em Nairobi cerca de cem jovens de 29 nações. Mas, o que é Ubuntu, mais precisamente? O professor Justus Mbae, reitor da Universidade Católica da África do Leste, o explicou num diálogo sem relógio: “Cada situação ou coisa que nos diz respeito pessoalmente vem depois da comunidade, porque o indivíduo é parte dela e é por meio da relação com as outras pessoas que a compõem que ele se torna uma pessoa”.

Na pequena cidade dos Focolares, no Quênia, no projeto Compartilhando com a África, os jovens partilham projetos e histórias, para responder aos desafios dos próprios países. São surpreendentes a criatividade e o compromisso, capazes de interpelar inclusive as instituições públicas.

O manifesto deles inspira-se num discurso de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, que sugere os passos para mudar a própria cidade: escolher amigos que compartilhem o projeto, optar pelos últimos e socorrê-los em suas necessidades, e pedir com fé, a Deus, aquilo que falta. Assim são lançados os alicerces de uma nova cidade e alarga-se o próprio olhar para o mundo.

Benedito é um jovem enfermeiro que trabalha no hospital de Iringa (Tanzânia). No seu país o sangue é um bem realmente precioso. A impressionante carência de sangue nas estruturas públicas é uma das causas de mortalidade. Um dia, na maternidade, muitas mães foram mandadas de volta para casa porque no laboratório não havia nem uma bolsa de sangue. Benedito falou com os jovens dos Focolares com quem, há algum tempo, trilha um caminho espiritual e de assistência aos mais necessitados. A solução chegou justamente do grupo. Por que não propor uma coleta pública de sangue? “É verdade que em nosso país temos pouco para partilhar, a miséria muitas vezes esmaga. Mas todos temos sangue, está dentro de nós”. Começa a circular uma carta de apelo e em poucas horas são recolhidas 22 bolsas. O chefe do laboratório confessou nunca ter visto tanta generosidade. Era o ano de 2010. Nos últimos quatro anos a iniciativa estendeu-se a ponto de ser uma referência oficial para as instituições sanitárias do país, e em janeiro os jovens da Ruaha University, em Iringa, e os do instituto islâmico de Dar el Salam, tornaram-se doadores voluntários.

Este é apenas um dos “fragmentos de fraternidade” coletados, de 2012 até hoje. São chamados assim para salientar que, embora pequenas, são ações capazes de gerar uma mudança e uma novidade. Os outros estão registrados no Atlante da Fraternidade, a novidade desta 17ª edição da Semana Mundo Unido, evento anual que mostra às instituições internacionais as iniciativas que tornam possível a fraternidade entre os homens. Na abertura oficial, dia 1º de maio em Nairobi, em 20 minutos de conexão streaming, o mundo inteiro foi conectado com “Compartilhando com a África”.

Em sua mensagem, a presidente dos Focolares, Maria Voce, parabenizou pela “obstinada coragem” com que trabalhou-se no Projeto e no Atlante, “mergulhados nas complexas vicissitudes do mundo contemporâneo”, conscientes de que trabalha-se em “uma construção imane, mas trata-se do sonho de um Deus”, como Chiara Lubich gostava de defini-lo. E isso é também uma garantia. “A fraternidade universal não é utopia, ao contrário, se exige o caminho árduo da humanidade é também a sua perspectiva irrefreável”. O objetivo do próximo ano será envolver as delegações nacionais da Unesco no reconhecimento oficial da Semana Mundo Unido, pela contribuição dada à unidade da família humana.

A todos os Jovens por um Mundo Unido: bom trabalho!