Movimento dos Focolares

Pré-sínodo: “Caminhar juntos é possível”/2

Abr 4, 2018

Segunda e última parte da entrevista de Noemi Sánches, jovem dos Focolares, feita por Claudia De Lorenzi na conclusão do encontro preparatório da XV Assembleia sinodal dos Bispos.

“Vocês vão ser levados a sério”, garantiu o Papa. Quantas vezes os jovens nesta sociedade não se sentem considerados, ouvidos de verdade, e levados a sério? “Talvez não nos levem a sério porque têm medo de que a nossa falta de experiência possa nos levar a errar tudo. Talvez é verdade que ainda devemos aprender, mas por outro lado nós temos algo que os adultos não têm, que é ser jovens hoje, aqui e agora, uma experiência diferente da que eles viveram. Precisamos da experiência deles, certamente, mas temos este plus que eles não têm. Por sua parte, também o jovem não deve cair na crítica improdutiva aos adultos, procurar destruir o outro, enquanto ao invés se pode cultivar um diálogo intergeracional profundo e sem julgar. Jovens e adultos têm especificidades que oferecem a possibilidade de um enriquecimento recíproco frutuoso: a pessoa adulta rejuvenesce e o jovem amadurece”. Portanto, além da experiência do diálogo com jovens de outras Igrejas, crenças e convicções, vocês também fizeram a do diálogo entre gerações… “Na verdade, as duas dimensões não são separadas, e a dimensão religiosa não deve ser separada da nossa humanidade, da nossa realidade quotidiana, é um erro separar a vida espiritual da normal, ao invés a transcendência faz parte do homem. Entender que somos limitados e procurar as respostas indo para além de nós mesmos é uma questão antropológica, típica do nosso ser humano. O diálogo intergeracional é um fato porque existem pessoas de idades diferentes, a humanidade se renova, e dentro deste fato há também o aspecto espiritual que é próprio de todas as idades, dos grandes como dos pequenos. O Papa quis que este sínodo sobre os jovens fosse também um sínodo para os jovens, com os jovens e dos jovens. Vocês realmente se sentiram protagonistas nestes dias? “Sim, muito, e nos emocionamos por esta abertura total in primis do Papa e depois da Igreja. Os seus representantes que estavam lá para nos acompanhar não se intrometeram: o Cardeal Lorenzo Baldisseri e o D. Fabio Fabene estavam lá para nos ouvir. Neles, eu vi a figura de Maria que faz silêncio pleno e dá espaço para que a Palavra nasça, uma pintura sobre o fundo, uma presença silenciosa que faz emergir a Palavra. Estavam lá ouvindo seja durante os trabalhos seja nos momentos de recreação fora do programa, e quando perguntávamos algo, nos respondiam, caso contrário ficavam em silêncio. No rosto deles víamos o reflexo das coisas sobre as quais estavam de acordo e das quais os magoavam e isto nos ajudava a encontrar aquele equilíbrio que nos disse o Papa no primeiro dia: falem sem ter vergonha, mas sejam humildes e se errarem peçam desculpas. Isto aconteceu nos momentos da elaboração do documento final, alguém usou uma linguagem talvez crítica demais, mas aos poucos encontramos este equilíbrio, até porque tínhamos a presença deles que nos ajudava. Portanto, certamente sentimos também o apoio da Igreja hierárquica, dos adultos. Nem tudo foi perfeito, mas isto faz parte das coisas”. O que impressionou você, concluído o trabalho? “Uma vez que o documento final foi aprovado, ouvi jovens de diversos países – um das ilhas Samoa, um asiático, um africano, um europeu e um latino-americano – dizerem que este documento reflete o que o jovem é hoje. São as mesmas coisas que pensam os meus amigos, são as mesmas perguntas que nos fazemos, e isto me agradou muito porque era este o sentido do nosso encontro: o de poder tocar em temáticas que, do contrário, não teriam sido enfrentadas. É verdade que nem todos estavam de acordo sobre tudo, porque existem matizes diferentes em cada região, porém as problemáticas e os questionamentos principais, o viver e esta busca de sentido na sua profundidade está refletida no documento com todas as contradições que existiram: alguns pensam de uma certa maneira, outros pensam de modo completamente oposto, mas a busca e as aspirações são as mesmas. Portanto, gostei de ver que este trabalho de 5 dias e de 300 jovens do mundo inteiro e de todas as realidades, reflete, na essência ,o que o jovem é hoje, seja no Oriente Médio seja na Ásia, na África. Temos a consciência de que este é um momento histórico para a Igreja, não só porque é a primeira vez que se abre à escuta dos jovens deste modo, mas também porque de agora em diante não se poderá mais proceder sem levar em consideração este encontro e aquilo que veio à tona. É um início e estamos contentes por ter feito parte dele”. Ler o documento completo

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