Todos nós somos chamados a realizar em nós mesmos esta conversão, recomeçando a amar constantemente a todos, se tivéssemos parado. Devemos experimentar essa espécie de renascimento, essa plenitude de vida. Por isso, é necessário tentar, ao máximo, transformar em caridade para com o próximo todas as expressões da nossa existência. […] Deparei-me com o maravilhoso trecho do Juízo Final. Jesus, que virá para nos julgar, nos dirá: “Tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber”*. Lendo essas palavras fiquei impressionada, como se lesse aquela frase pela primeira vez. Descobri mais uma vez que no exame final, Jesus não me perguntará sobre isso ou aquilo que eu deveria ter feito. Ele fará convergir tudo no amor ao próximo. E, como alguém que inicia agora a sua caminhada em direção a Deus, comecei a amar a todos, a todos aqueles com quem tenho algum contato durante o dia. E acreditem, tive a impressão de nascer novamente! Percebi que a minha alma, antes de tudo, tem fome de amor, fome de amar, e que no amor para com todos encontra realmente o seu alimento, a sua vida. Na verdade, muito antes eu já me esforçava por fazer muitos atos de amor, mas agora me dou conta, alguns deles eram, de fato, expressão de uma espiritualidade muito individual, uma espiritualidade que se alimenta de penitências. E, apesar de nossa boa vontade, para nós, que somos chamados ao amor, essas penitências podem se constituir num motivo de fechamento em nós mesmos. E agora, neste esforço renovado de amar a todos, posso ainda realizar atos de amor durante o dia, mas todos eles direcionados aos irmãos, nos quais vejo e amo Jesus. E só assim poderei experimentar a plenitude da alegria. Meus amigos, todos nós somos chamados a realizar continuamente em nós mesmos esta conversão. Todos devemos experimentar essa espécie de renascimento, essa plenitude de vida. Por isso, procuremos ao máximo transformar em caridade para com o próximo todas as expressões da nossa existência. É nosso dever cuidar da casa? Não o façamos só por motivos humanos, mas sim porque é Jesus quem está presente nos irmãos a serem amados, vestidos, saciados e servidos. Devemos fazer qualquer outro trabalho? Lembremo-nos de que Jesus está presente em toda pessoa, individualmente, e também nas comunidades, às quais nós levamos a nossa contribuição. Devemos rezar? Rezemos sempre, seja por nós mesmos, seja pelos outros, usando aquele “nós” que Jesus nos ensinou no Pai-Nosso. Estamos sofrendo? Ofereçamos o nosso sofrimento para os irmãos. É vontade de Deus entrar em contato com alguém? Que exista sempre a intenção de, naquela ocasião, escutar a Jesus, de aconselhar a Ele, de instruí-Lo, de consolá-Lo, em síntese, de amar a Jesus. Devemos repousar, alimentar-nos, divertir-nos? Que todas essas ações realizem a intenção de retomar forças para servir melhor o irmão. Enfim, façamos tudo em função do próximo. […] Então, a fim de que se verifique em nós essa nova conversão, nos próximos […] dias lembremo-nos destas palavras: “Renascer com o Amor”.
Chiara Lubich
*Mt 25, 35. (em uma conexão telefônica, Rocca di Papa, 20 de março de 1986) Tirado de: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, Città Nuova Ed., 2019, pag. 235.
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