Movimento dos Focolares

Se queres a paz, prepara a paz

Out 3, 2015

O ensinamento político que perpassa todo o pensamento de Igino Giordani. Uma reflexão de Alberto Lo Presti, diretor do Centro Igino Giordani, a partir de algumas páginas do volume “A inutilidade da guerra”.

20151003-01A paz é o resultado de um projeto: um projeto de fraternidade entre os povos, de solidariedade com os fracos, de respeito mútuo. Assim constrói-se um mundo mais justo, assim afasta-se a guerra como prática bárbara, pertencente à fase escura do gênero humano.  E Giordani conhecia bem a guerra: participou dela, no primeiro conflito mundial, merecendo uma condecoração por ter sido gravemente ferido no fronte austríaco. Mas não é somente o horror pelo sangue e pela morte que deve induzir o homem a rejeitar a guerra como instrumento para resolver os problemas de ordem internacional. A guerra pode ser tida como natural por aquelas pobres mentes que pensam no homem como uma máquina sedenta de poder, e pronta a lançar-se contra qualquer inimigo para realizar os próprios sonhos de potência. Mas não existe nada de natural em procurar sofrimento, miséria e morte uns para os outros. As guerras não produzem vencedores, mas apenas derrotados. Isso a história nos ensina, e Giordani o demonstra: os graves problemas que qualquer guerra deixa são infinitamente mais angustiantes do que os que se desejava resolver desencadeando o conflito. É, portanto, a própria razão que nos sugere depor as armas e os sentimentos belicosos, e preparar uma ordem pacífica. Mas, para aqueles que acreditam que o homem é uma criatura de Deus, a ofensa ao próximo deve permanecer fora da ação. Como pode-se agradar a Deus atentando contra a vida de suas criaturas? Meio século se passou desde quando Giordani escreveu as linhas que transcrevemos abaixo, retiradas de “A inutilidade da guerra”, e, no entanto, parecem escritas para a nossa atualidade, dilacerada por conflitos tão perigosos. «A guerra é um homicídio em grande escala, revestido por uma espécie de culto sagrado, como era o sacrifício dos primogênitos ao deus Baal. E isso devido ao terror que incute, à retórica da qual se reveste e aos interesses que implica. Quando a humanidade terá progredido espiritualmente a guerra será catalogada ao lado dos ritos cruentos, das superstições da feitiçaria e dos fenômenos de barbárie. Está para a humanidade como a doença está para a saúde, como o pecado para a alma: é destruição e massacre e investe alma e corpo, os indivíduos e a coletividade». «A história confirma a lógica cristã, de que o aparelhamento das armas leva ao medo, à desconfiança, à guerra. São falsos realistas aqueles que dizem: “se queres a paz, prepara a guerra”. Basta abrir um manual de história para ver aonde conduz acumular armas e munições. A paz é difícil. Porque somos cristãos, não somos ingênuos. Nós queremos a paz e não a ilusão. A paz não cairá já feita do céu. A paz é uma ação paciente que devemos fazer juntos. A paz, enfim, obtém-se com a paz». «Defende a guerra quem tem medo. Faz-se a guerra por medo. Quem tem medo insulta e dispara por um instinto de liberação. É preciso coragem – uma coragem racional – para sustentar a paz». Alberto Lo Presti L’inutilità dela guerra (A inutilidade da guerra), Città Nuova 2003 ((pp. 7, 71-72, 83)

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