Quando diminuiu a necessidade de correr para caçar ou escalar, na conquista de novos territórios, ou de remar para atravessar um rio, o homem começou a correr, escalar, remar por divertimento e para competir e desafiar. A competição é a razão última daquela apaixonante, mas para muitos injustificada, atividade do ser humano chamada esporte, que hoje, mais do que nunca, é metáfora da vida. É por isso que Sportmeet, expressão do diálogo do Movimento dos Focolares com o mundo do esporte, decidiu girar os refletores do próximo congresso internacional, programado para 3 a 6 de abril, em Pisa (Itália), justamente sobre esse tema.
«Live your challenge», viva o seu desafio, é o título do evento. Mas existe ainda uma competição sadia? «Queremos dialogar, com a ajuda de especialistas internacionais e testemunhas do esporte – explica Paolo Cipolli, presidente de Sportmeet – sobre o valor e a criticidade da competição. Esta encontra no esporte uma modalidade de expressão regulamentada, sadia, embora frequentemente exasperada, envolvente e agregadora, educativa e salutar. Todos os dias temos desafios a enfrentar, cada um o próprio, e o prêmio não é uma medalha, mas o gosto de ter conseguido dar o melhor de nós. Este é o sentido da haste oblíqua, no logo do Congresso: um obstáculo sob medida para a nossa diferente e específica capacidade».
Perguntados sobre o evento de Sportmeet, os especialistas e atletas que serão os seus protagonistas deixam entrever que o congresso trará pistas de reflexão e experiências de vida de grande interesse.
«A competição esportiva – explica Bart Vanreusel, da Universidade de Lovanio (Suíça) – é uma preocupação, mas também uma chance, é idealizada e desprezada, mas certamente é hoje uma expressão extremamente interessante do ser humano».
O futebol é a modalidade na qual, em todos os níveis, o espírito competitivo mostra o seu lado melhor e o mais deteriorado, como afirma Michel D’Hooghe, membro do conselho internacional da Fifa, organismo máximo do futebol mundial.
Um paralelo entre esporte e economia é traçado por Benedetto Gui, docente de economia política na Universidade de Pádua: «A competição é um mecanismo social indispensável, seja na economia seja no crescimento da pessoa, mas vale o princípio que doses excessivas podem ser nocivas. No esporte aprende-se a concorrer com os outros, mas também a compartilhar, e se coloca-se muita ênfase no resultado perde-se a oportunidade de gozar daqueles “bens relacionais” para os quais a experiência esportiva é um espaço privilegiado».
Lucia Castelli, psicopedagoga de Bérgamo (Itália), tutora das jovens promessas do clube italiano Atalanta, há anos atua na promoção do valor educativo do esporte. E Roberto Nicolis, educador no Centro Esportivo Italiano oferece uma abordagem original sobre a competição: «O termo competição tem sua etimologia no latim “cum petere”, que significa querer juntos a mesma coisa; e “cum petizio” quer dizer estimular-se reciprocamente à mesma meta. “Cum petere” é o que deseja a criança que pede: “Posso brincar com vocês?”, disponível a entrar no jogo, a aceitar as regras, a confrontar-se consigo mesma e com os outros, com a natureza, sabendo, responsavelmente, que poderá vencer, mas também perder».
0 Comments