«Sou a filha preferida do meu pai – nos conta Mary – porque sou a primogênita. Quando eu tinha oito anos eu presenciei uma briga dos meus pais. Um dia meu pai me obrigou, com os meus irmãos, a entrar no carro para sair de casa e abandonar a mamãe; mas, ela nos impediu. Eu vi, sem nada poder fazer, as coisas terríveis que meu pai fez à minha mãe e, depois disso, ele deixou a nossa casa. Desde aquele dia, quando eu vi meus pais juntos pela última vez, eu rejeitei o meu pai.
Eu procurei me convencer que ele não existia mais. Foi uma decisão dramática que me acompanhou durante o período da adolescência.
A experiência de crescer sem a presença do papai influenciou muito o meu modo de tratar as pessoas, especialmente os homens.
Durante muitos anos eu estudei em uma escola exclusivamente para meninas e, quando eu comecei a estudar na universidade, não foi nada fácil conviver com os meus colegas.
Quando eu conheci o Movimento dos Focolares, recebi o convite para visitar a cidadezinha de Loppiano, na Itália, onde encontrei pessoas que procuram viver o amor recíproco, com respeito e confiança uns com os outros.
Naquele mês todos nós queríamos colocar em prática a frase do Evangelho “Perdoar setenta vezes sete” (Mt 18,21). Lendo o comentário desta frase, escrito por Chiara Lubich, me dei conta de que o meu coração estava repleto de hostilidade pelo meu pai. Mas, foi quando eu também decidi viver esta Palavra que senti no meu coração que toda a “amargura” que eu experimentava, aos poucos, se transformava em perdão e eu senti o desejo de encontrar o meu pai.
De volta a Manila, mesmo se a ferida ainda está aberta, eu encontrei a força de telefonar ao meu pai e de ir ao seu encontro. Fomos a um restaurante e, só nós dois, conversamos por muitas horas. Eu me sentia feliz e em paz, embora minha mãe não concordasse comigo, mas, me deixara livre na decisão de encontrá-lo.
Continuo a me comunicar com meu pai, ainda que não seja constantemente. Mas, todas as vezes que eu posso, encontro uma maneira de demonstrá-lo o meu amor misericordioso.
Embora sabendo que meu pai e minha mãe jamais voltarão a viver juntos porque ele já constituiu outra família, sinto que, no meu perdão, permanecemos todos unidos. E isto me proporciona muita paz!
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