Movimento dos Focolares

Um Centro para “gerar comunidade”

Set 9, 2018

Está completando 40 anos o “Centro Internacional de Estudantes Giorgio La Pira”, que em Florença, na Itália, dedica-se à acolhida e ao apoio a estudantes universitários estrangeiros. Desde a sua fundação foi confiado ao Movimento dos Focolares. Entrevista com o diretor Maurizio Certini.

Maurizio Certini

Jovens universitários provenientes de todo o mundo. É especialmente a eles que se dedica o Centro La Pira, procurando responder aos novos desafios colocados pelo mundo das migrações. Como vocês valorizam o sonho que estimula estes jovens a virem estudar na Itália? São rapazes e moças com um “potencial humano” muito precioso, que podem tornar-se “pontes” de boas relações culturais, econômicas e políticas, entre países. Acolhê-los e apoiá-los era o sonho do cardeal Benelli, que quis instituir, para eles, um Centro diocesano internacional, dedicando-o ao Prof. Girogio La Pira, promotor de paz no mundo inteiro e por muitos anos prefeito de Florença, de quem recentemente foi concluído o caminho canônico do processo de beatificação. Era o ano de 1978, apenas quatro meses após a sua morte, quando o cardeal Benelli dirigiu-se a Chiara Lubich solicitando a disponibilidade de algumas pessoas do Movimento a fim de iniciar esta experiência. Escreveu-lhe: «[…] Muitos jovens acabaram sozinhos, no mais impressionante desconforto e amarga desorientação. Queremos servi-los, conhecê-los, fazer com que se sintam acolhidos, colocar-nos ao lado deles, respeitando-os e ajudando-os em tudo, estabelecer com eles um diálogo que toque a nossa realidade de homens. Se são muçulmanos, os ajudaremos a sê-lo melhor, se judeus, a serem judeus. Queremos oferecer a eles um serviço que tonifique a alma e, com fineza cristã, os coloque no respeito à própria dignidade». Qual é a situação, quarenta anos depois? As condições de vida dos estudantes universitários estrangeiros, capazes, mas com poucos meios, certamente melhoraram, graças à liberação das taxas e à disponibilidade de alojamentos e restaurantes. Mas, para muitos, a trajetória de formação continua a ser uma corrida de obstáculos: a distância de casa, a necessidade de manter-se sozinhos, as dificuldades de estudar num contexto cultural pouco conhecido, a burocracia, os alarmes do consumismo. Quem conhece a história de muitos desses jovens fica tocado pela sua coragem, pelo exemplo de fortaleza nas provações e resistência das dificuldades. Os problemas mais sérios aparecem no segundo ou terceiro ano quando, ainda que bem-dispostos e motivados, não conseguem obter os créditos necessários para continuar nas residências universitárias. Para eles é como se se abrisse um abismo, e pode ser o começo de um processo deprimente, que leva ao abandono do estudo e ao desmoronamento de um sonho. Quantos jovens passaram pelo Centro nestes anos? Um enorme número. Com entusiasmo procurou-se ir ao encontro das tantas necessidades, buscando soluções, dando-lhes esperança. Muitos, desiludidos e desencorajados, conseguiram retomar a própria vida e completar os estudos. A experiência universitária no exterior representa uma ocasião cultural e profissional singular. Mas é preciso uma atenção especial para adequar, com criatividade, o trabalho institucional e associativo, que deve estar coordenado e atento às diferenças culturais e religiosas, colocando “no centro” os estudantes, para acompanhá-los integralmente em seu caminho. Uma associação sustentada prevalentemente pelo voluntariado pode incidir sobre a sociedade e a política? Giorgio La Pira assumiu para si as palavras de um grande arquiteto renascentista, Leon Battista Alberti: «O que é a cidade? É uma grande casa para uma grande família». O mundo hoje é uma cidade global. Com a nossa ação, olhamos às cidades do mundo por meio dos olhares e das histórias dos numerosos “hóspedes”, abrindo-nos à reciprocidade. Em italiano, “hóspede” é aquele que acolhe, mas também aquele que é acolhido. No Centro procuramos gerar comunidade, conscientes de encontrar-nos num contexto social cada vez mais plural, que necessita de pessoas abertas ao diálogo, capazes de integração recíproca. Atualmente é muito forte a necessidade social de comunidade: o mundo está correndo, frequentemente alienado, cresce a opressão, a falsidade, a suspeita, o medo. O nosso pequeno “campo de jogo” dilata-se todo dia em nível municipal, nacional, internacional, estamos convencidos de que se vence apenas gerando comunidade, desejando constituir a sociedade como um corpo civil, colocando no centro a pessoa humana com a sua dignidade. Edição de Chiara Favotti

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