Movimento dos Focolares

Uma visão da unidade

Jan 25, 2022

Recentemente saiu o livro "L’unità. Uno sguardo dal Paradiso’49 di Chiara Lubich”, A Unidade. Um olhar a partir do Paraíso ’49 de Chiara Lubich (N.d.T.), editado por Stefan Tobler e Judith Povilus (Città Nuova, Roma 2021). Em breve será publicado em outros idiomas. É um estudo aprofundado, com muitas vozes, que nos ajuda a entender o que é a unidade, o ponto central da espiritualidade dos Focolares.

Recentemente saiu o livro “L’unità. Uno sguardo dal Paradiso’49 di Chiara Lubich”, A Unidade. Um olhar a partir do Paraíso ’49 de Chiara Lubich (N.d.T.), editado por Stefan Tobler e Judith Povilus (Città Nuova, Roma 2021). Em breve será publicado em outros idiomas. É um estudo aprofundado, com muitas vozes, que nos ajuda a entender o que é a unidade, o ponto central da espiritualidade dos Focolares. “A unidade é nossa vocação específica”[1]; “A unidade, portanto, é o nosso ideal e não outro”[2]. Chiara Lubich estava bem ciente da missão da obra à qual ela havia dado vida. Se “a unidade é o que caracteriza o Movimento dos Focolares”[3], este é chamado a se questionar sobre a herança recebida e sobre como se desenvolver de forma criativa e fiel. Como podemos viver hoje a unidade nos focolares, nos núcleos, entre aqueles que compartilham a “Palavra de Vida”? Como percorrer com coragem e liberdade um caminho que evite o autoritarismo e o individualismo, que permita o pleno desenvolvimento de dons pessoais e a busca de objetivos comuns? Como podemos trilhar o difícil caminho da comunhão que exige a salvaguarda da autonomia legítima e a busca de identidade e aceitação, integração e abertura à diversidade? Este tema toca a Obra inteira. Ao mesmo tempo, o legado de Chiara Lubich é muito mais amplo: a unidade diz respeito ao mundo eclesial, às relações entre religiões, culturas, nações… A pedido do Centro da Obra de Maria, a Escola Abbà vem examinando este tema há alguns anos, começando, como é sua natureza, a partir da experiência de Chiara Lubich nos anos de 1949-1951. Assim nasceu o livro “L’unità. Uno sguardo dal Paradiso’49 di Chiara Lubich”, “A Unidade. Um olhar a partir do Paraíso ’49 de Chiara Lubich (N.d.T.). O volume está dividido em três partes. A primeira – “Fundamentos” – oferece uma visão global da unidade do ponto de vista bíblico, teológico e espiritual. Os escritos de Chiara são analisados em toda a sua profundidade e ousadia. Tomados em seu contexto, eles mostram a “lógica” divina, a de um Deus cujo “interior” “não deve ser pensado como um todo no qual as diferenças desaparecem, ao contrário: Deus é o Único, precisamente porque Ele é infinita multiplicidade”, uma dinâmica que se reflete na criação. Como Chiara escreve, o Pai “diz ‘Amor’ em tons infinitos”, indicando a extraordinária riqueza das manifestações infinitas de seu amor. A segunda parte do livro propõe uma leitura de alguns dos textos do Paraíso ’49, a fim de trazer à tona as intuições fundadoras sobre a unidade. Desta forma, páginas ou fórmulas que o desgaste do tempo ou a repetição preguiçosa às vezes tornaram incompreensíveis ou inaceitáveis são iluminadas com nova luz. Para viver a unidade, é necessário anular a própria personalidade, ou o “entrega sem reservas de si, na lógica da vida de Deus, que nos leva a ‘correr o risco’ de ‘perder’ a própria”? O que significa viver “do jeito da Trindade”? Na unidade há nivelamento ou não é antes a epifania da pluralidade? Trata de mal-entendidos e desvios aos quais uma compreensão inexata de expressões como “perder”, “morrer”, “anular-se” pode levar, e destaca a fecundidade de um amor exigente e total que leva à plena autorrealização: “Vimos claramente”, afirma Chiara, “que cada um de nós tem uma personalidade distinta e inconfundível”, que é “a palavra que Deus pronunciou quando nos criou”. A unidade aparece então dinâmica, em constante transformação, criativa, necessitada da contribuição de todos e de cada um, respeitosa de todos e de cada um. Isto também inclui a contribuição e a posição única e irrepetível da pessoa de Chiara como instrumento de mediação do carisma e fundadora. A terceira parte do livro abre-se a diferentes disciplinas que são inspiradas pelos ditames do Paraíso ’49 para uma proposta relevante para seu campo específico. Esta última parte foi a que exigiu maior atenção metodológica. Como a linguagem do Paraíso ’49 é predominantemente de natureza religiosa, nos perguntamos como escrever um livro transdisciplinar sobre uma palavra plurissemântica – unidade – sem o risco de falar sobre coisas diferentes e misturar linguagens. Se um Movimento e uma espiritualidade que se definem como “da unidade” deram origem a realidades sociais e contribuições acadêmicas nos mais diversos campos, isso significa que existe um denominador comum, um ponto de partida e uma base estável que torna possível para todos, mesmo trabalhando em campos diferentes, reconhecer na unidade um horizonte comum, mesmo quando se expressam na linguagem específica de sua própria disciplina. Apenas algumas linhas intuitivas são traçadas em certos campos da vida social e do pensamento que exigirão maior desenvolvimento. O livro é o resultado de um processo lento na Escola Abbà. Por mais de dois anos, a partir de 2017, o Paraíso ’49 foi lido à luz deste tema específico. Cada uma das doze contribuições traz a assinatura dos respectivos autores, que mantêm seu estilo, experiência e metodologia específicos. Ao mesmo tempo, é fruto da comunhão de todo o grupo: uma forma de trabalho que exigiu um exercício de “unidade” – em consonância com o próprio tema! – o que nem sempre foi fácil, a fim de acolher e compreender o outro em sua diversidade, devido ao fato de que eles vêm de países diferentes, têm formações científicas diferentes e áreas disciplinares e metodológicas específicas. O livro é limitado à leitura de algumas páginas do Paraíso ’49. Não pretende, portanto, esgotar um tema tão vasto e exigente, mesmo se, graças à profundidade dos textos de referência, oferece uma grande riqueza de intuições e propostas.

Fabio Ciardi

[1] L’unità e Gesù Abbandonato, Città Nuova, Roma 1984, p. 26. [2] Ibid., p. 43. [3] Ibid.,  p. 26.

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