Movimento dos Focolares

“Habitandando”: construindo pontes entre Itália e Colômbia

Ago 30, 2017

Também este ano a Universidade de La Salle de Bogotá, em colaboração com Diálogos em Arquitetura, laboratório de pesquisa sobre os temas da relação entre espaço, arquitetura e sociedade, inspirado pelo carisma da unidade, trouxe à Itália alguns estudantes de arquitetura colombianos.

7Habitar um lugar em apenas duas semanas. Um lugar, além do mais, muito distante – geograficamente e culturalmente – do próprio país de origem. É o desafio de Habitandando: construir pontes inéditas entre Itália e Colômbia. Por um lado, um país celebrado por arte, história e cultura, por outro, um povo jovem e de contrastes, em que riquezas e desigualdades se refletem inclusive no território, feito de megalópoles e imensas regiões ainda virgens. Como se constrói, em apenas quinze dias, uma ponte entre Itália e Colômbia? Como chegar a habitar um lugar, e a conhecê-lo como se fosse a própria casa? “A viagem como método, o território como sala de aula” é o segredo, a moldura que acompanha cada workshop, mesmo se de ano para ano mudam os lugares visitados na Itália e o fio condutor. A viagem como método, portanto. Conhecer um lugar fazendo experiência direta dele, o usando como banco de prova para gerar e testar novas ideias. E as experiências, também este ano, foram diferentes: atravessar várias vezes, de carro, a Itália central, atentos a como mudam as paisagens na passagem do mar à montanha; vivenciar a Praça do Campo, em Sena, para observar como funciona, há séculos, um perfeito lugar de descanso; percorrer sem parar quilômetros a pé no centro de Roma, notando como uma época histórica siga lado a lado com as outras, nos milhares de estratos que compõem a cidade; explorar Tor Bella Monaca, bairro na periferia romana onde projetos infrutíferos de arquitetura se acrescentam à fragilidade do tecido social. 3Cada etapa da viagem é dedicada a um tema específico: por exemplo, os campos da Toscana explicam território e paisagem, a Costa Amalfitana narra moderno e antigo, os lugarejos atingidos por terremotos na Itália central mostram a relação entre memória e catástrofe. A escolha do território como sala de aula permite observar cada um dos temas em primeira pessoa. Não só um expediente para ir além das simples explicações de guias turísticos e manuais escolares, mas antes, uma ocasião para construir por si só, de modo incremental, o saber sobre um dado lugar. Aos jovens em viagem é pedido que exercitem, de diversas maneiras, o próprio olhar sobre os lugares visitados: escrevendo textos que tenham em mente destinatários diferentes, fazendo fotografias que respondam a diversos registros comunicativos, elaborando explicações próprias sobre específicos contextos e fenômenos. Com o passar dos dias, às primeiras reações se substituem ponderações mais profundas. O exemplo mais interessante é talvez dado por Tor Bella Monaca, a periferia romana onde o ceticismo inicial («Este seria um bairro pobre e degradado? Ah, se houvessem lugares pobres assim, na Colômbia!») deixa espaço à dúvida e a novas reflexões («Talvez a realidade é mais complicada do que parece, se as crianças de um centro de verão acabaram de nos dizer “Nós parecemos bonitinhos, mas na realidade causamos repugnância”»). Nos jovens, os olhares desorientados dos primeiros dias desaparecem para abrir caminho a uma predisposição diferente, que entra em relação com os contextos visitados e, de algum modo, os desafia. A tensão entre memória e inovação, fio condutor das duas semanas, emerge inclusive nos comentários que acompanham a conclusão da viagem. Aos olhos de um jovem colombiano, a Itália traz consigo traços de séculos de história, mas talvez não sabe como administrar tanto patrimônio e como este possa falar de modo novo às exigências do habitat atual. Estas reflexões nascem nos últimos dias, passados em Montefalcone Appennino. Um primeiro germe de pensamento, sugestões para um diálogo que poderiam ter resultados diferentes, mas já mostram o que pode gerar a simples escolha de estudar o habitat saindo das salas de aula, indo ao território, o habitando em movimento: habitar um lugar não é só conhecê-lo, mas também começar a imaginá-lo de modo diferente daquilo que é.   Organizado por Diálogos in Arquitetura

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