Movimento dos Focolares

Janeiro 2012

“Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus.” Entretanto – como afirma são Paulo – nós não somos apenas chamados ao mundo de Cristo, mas já pertencemos a Ele. A fé nos diz que mediante o batismo nós somos inseridos Nele e, por isso, participamos da sua vida, dos seus dons, da sua herança, da sua vitória sobre o pecado e sobre as forças do mal: nós, de fato, ressuscitamos com Ele. Mas, diversamente das almas santas que já alcançaram a meta, a nossa pertença a este mundo de Cristo não é ainda plena e manifesta, nem tampouco estável e definitiva. Enquanto vivermos nesta terra estaremos expostos a mil perigos, dificuldades e tentações que podem fazer-nos vacilar, podem frear a nossa caminhada ou até mesmo desviá-la para falsas metas. “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus.” Compreende-se então a exortação do Apóstolo: “Procurai as coisas do alto”. Isto é, procurai sair deste mundo – não no sentido material mas espiritual – abandonando as regras e as paixões do mundo para deixar-se guiar em todas as situações pelos pensamentos e sentimentos de Jesus. Com efeito, “as coisas do alto” indicam a lei do alto, a lei do Reino dos céus que Jesus trouxe à terra e quer que realizemos desde já. “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus.” Como viver então esta Palavra de Vida? Ela nos alerta contra a tentação de ficarmos satisfeitos com uma vida medíocre, feita de meias medidas e ambiguidades, e nos estimula – com a graça de Deus – a aderir à lei de Cristo com a nossa vida. Impele-nos a viver e a nos empenharmos em testemunhar no nosso ambiente os valores que Jesus trouxe à terra: o serviço aos irmãos, a compreensão e o perdão, a honestidade, a justiça, a retidão no nosso trabalho, a fidelidade, a pureza, o respeito pela vida, o espírito de concórdia e de paz etc. Trata-se, como se vê, de um programa vasto quanto a vida; por isso – para não ficarmos apenas em considerações abstratas – procuremos colocar em prática durante este mês aquela lei de Cristo que é a síntese de todas as outras. De que modo? Reconhecendo o próprio Jesus em cada irmão e irmã e colocando-se a seu serviço. Não é exatamente isso que nos será pedido ao término da nossa existência terrena? Chiara Lubich Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em abril de 1988

Dezembro 2011

“Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para Ele.” Mas se, por um lado, essa frase fala de alegria, por outro, ela é também um convite para darmos um novo rumo a toda a nossa existência, para mudarmos radicalmente de vida. O Batista convida-nos a preparar o caminho do Senhor. Mas qual é esse caminho? Antes de sair à vida pública para iniciar a sua pregação e anunciado pelo Batista, Jesus passou pelo deserto. É esse o seu caminho. E no deserto, ao mesmo tempo em que encontrou a profunda intimidade com seu Pai, encontrou também as tentações, tornando-se assim solidário com todos os homens. E de lá saiu vencedor. É o mesmo caminho que encontramos mais tarde, na sua morte e ressurreição. Tendo-o percorrido até o fim, Jesus torna-se, Ele próprio, “caminho” para nós que estamos peregrinando. Ele mesmo é o caminho que devemos percorrer para podermos realizar completamente a nossa vocação humana, que é entrar na plena comunhão com Deus. Cada um de nós é chamado a preparar o caminho para Jesus, que deseja entrar na nossa vida. É preciso, então, aplainar as veredas da nossa existência para que Ele possa vir habitar em nós. É preciso preparar-lhe o caminho, eliminando um a um todos os obstáculos: tanto os que são colocados pelo nosso modo limitado de ver, quanto os que provêm da nossa vontade enfraquecida. É preciso ter a coragem de optar entre um caminho que nos agrade e aquele que Ele escolheu para nós; entre a nossa vontade e a vontade Dele, entre um programa desejado por nós e aquele que foi imaginado pelo seu amor onipotente. Uma vez tomada essa decisão, é preciso trabalhar para moldar a nossa vontade teimosa de acordo com a Dele. De que forma? Os cristãos realizados ensinam um método bom, prático, inteligente: “agora, já”. No momento presente, eliminar pedra após pedra, para que em nós viva não mais a nossa vontade, mas a Dele. Desse modo teremos vivido a Palavra: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para Ele.” Chiara Lubich   Esta Palavra de Vida foi publicada em dezembro de 1982

Novembro 2011

“Portanto, vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora.” Com essas palavras, Jesus lembra primeiramente que Ele virá. A nossa vida na terra terminará e começará uma vida nova, que não terá mais fim. Hoje, ninguém quer falar da morte… Às vezes as pessoas fazem de tudo para se distrair, mergulhando completamente nas ocupações do dia a dia, chegando até a esquecer Aquele que nos deu a vida e que nos haverá de pedi-la para introduzir-nos na plenitude da vida, na comunhão com o seu Pai, no Paraíso. Estaremos prontos para encontrá-lo? Teremos a lâmpada acesa, como as virgens prudentes que esperam pelo esposo? Em outras palavras: estaremos no amor? Ou a nossa lâmpada estará apagada, porque, tomados pelas muitas coisas que temos a fazer, pelas alegrias passageiras, pela posse dos bens materiais, acabamos esquecendo a única coisa necessária, que é amar? “Portanto, vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora.” Mas, vigiar de que modo? Primeiramente, como sabemos, quem ama vigia bem. Sabe disso a mulher que fica à espera do marido que trabalha até tarde ou que volta de uma viagem distante; sabe disso a mãe preocupada com o filho que ainda não voltou para casa; sabe disso o namorado que não vê a hora de se encontrar com a namorada… Quem ama sabe esperar, mesmo quando o outro demora a chegar. Estaremos à espera de Jesus, se o amarmos e se desejarmos ardentemente encontrá-lo. E estaremos à sua espera, amando concretamente, servindo-o, por exemplo, nos que estão próximos ou nos engajando na construção de uma sociedade mais justa. É o próprio Jesus que nos convida a viver assim, ao contar a parábola do administrador fiel que, enquanto espera a volta do senhor, cuida do pessoal e dos negócios da casa; ou a parábola dos empregados que, sempre à espera da volta do patrão, se esmeram em fazer frutificar os talentos recebidos. Portanto, vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora. Justamente por não sabermos nem o dia, nem a hora da sua chegada, podemos concentrar-nos mais facilmente no instante que nos é dado, nas preocupações do dia, no momento presente que a Providência nos oferece para viver. Tempos atrás, veio-me espontânea esta oração. Gostaria agora de relembrá-la: “Sim, Jesus, faz que eu fale sempre como se fosse a última palavra que profiro. Faz que eu aja sempre como se fosse a última ação que faço. Faz que eu sofra sempre como se fosse o último sofrimento que tenho pra te oferecer. Faz que eu reze sempre como se fosse a última possibilidade que aqui na terra tenho, de conversar contigo.” Chiara Lubich A oração citada foi publicada no livro: Chiara Lubich, Cada momento é uma dádiva de amor, Cidade Nova 2002, p. 63. Esta Palavra de Vida foi publicada em novembro de 1996 e em novembro de 2002.

Outubro 2011

“Segue-me.” Jesus já havia havia chamado André, Pedro, Tiago e João, às margens do lago. O mesmo convite Ele dirigiria depois, com outras palavras, a Paulo, a caminho de Damasco. Mas Jesus não se limitou àqueles chamados; no decorrer dos séculos, Ele continuou a chamar para si homens e mulheres de todos os povos e nações. E chama ainda hoje: Ele passa pela nossa vida, encontra-nos em diferentes lugares, de diferentes modos, e faz-nos ouvir novamente o seu convite a segui-lo. Jesus chama-nos a estar com Ele, porque deseja estabelecer um relacionamento pessoal; ao mesmo tempo, convida-nos a colaborar com Ele no grande projeto de uma nova humanidade. Ele não se importa com as nossas fraquezas, os nossos pecados, as nossas misérias. Ele nos ama e nos escolhe do jeito que somos. É o seu amor que nos vai transformar e dar forças para responder-lhe e a coragem para segui-lo, como aconteceu com Mateus. E, para cada um de nós, Ele tem um particular amor, projeto de vida e chamado. É algo que percebemos no coração por meio de uma inspiração do Espírito Santo, ou mediante determinadas circunstâncias, ou por um conselho ou orientação de alguém que nos quer bem… Embora se manifeste nos modos mais diferentes, a mesma palavra continua ecoando:

“Segue-me!” Lembro-me de quando também eu percebi esse chamado de Deus. Foi numa manhã gelada de inverno, em Trento, Itália. Minha mãe pediu à minha irmã caçula que fosse comprar leite, a dois quilômetros de casa. Mas fazia frio demais e ela não teve coragem. Também minha outra irmã recusou-se a ir. Então eu me adiantei: “Mamãe, eu vou!” Dizendo isso, peguei a garrafa e saí. A meio caminho, acontece um fato especial: tenho a impressão de o Céu se abrir e Deus me convidar a segui-lo. “Entregue-se inteiramente a mim”, é o que percebo no coração. Era o chamado explícito, ao qual quis responder imediatamente. Falei sobre isso com o meu confessor, que permitiu a minha doação a Deus para sempre. Era o dia 7 de dezembro de 1943. Nunca serei capaz de descrever o que se passou no meu coração, naquele dia: Eu tinha desposado Deus! E Dele eu podia esperar tudo.

“Segue-me!” Essa palavra não se refere apenas ao momento em que decidimos a nossa opção de vida. Dia após dia, Jesus continua a dirigi-la a nós. “Segue-me!”, é o que Ele nos parece sugerir diante dos mais simples deveres cotidianos; “Segue-me!”, naquela provação a ser abraçada, naquela tentação a ser superada, naquele serviço a ser executado… Como podemos responder concretamente ao seu apelo? Fazendo o que Deus quer de nós no momento presente, pois cada instante contém sempre uma graça especial. O nosso empenho para este mês, portanto, será entregar-nos à vontade de Deus com decisão; doar-nos ao irmão e à irmã que devemos amar; doar-nos ao trabalho, ao estudo, à oração, ao repouso, à atividade que temos de desempenhar. Será aprender a escutar, no profundo do coração, a voz de Deus que fala também pela voz da consciência, dispostos a sacrificar tudo para atuar aquilo que Ele deseja de nós em cada momento e que essa voz nos revelará. “Faz que te amemos, ó Deus, não só cada dia mais – porque podem ser pouquíssimos os dias que nos restam –; mas faz que te amemos em cada momento presente, com todo o coração, a alma e as forças, naquilo que é a tua vontade”. Este é o melhor sistema para seguir Jesus. Chiara Lubich

Setembro 2011

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado».

Essas palavras são um convite que Deus dirige a você, e a todos os cristãos, de rejubilar-se com ele, de festejar e participar da sua alegria pela volta do homem pecador que antes estava perdido e depois foi encontrado. E, na parábola, essas palavras são ditas pelo pai ao filho mais velho que havia compartilhado toda a sua vida mas que, após um dia de trabalho duro, se recusa a entrar em casa, onde se festeja a volta de seu irmão. O pai foi ao encontro do filho fiel – assim como foi ao encontro do filho perdido – e procurou convencê-lo. Mas é evidente o contraste entre os sentimentos do pai e os do filho mais velho: de um lado o pai, com o seu amor sem limites e com sua grande alegria, da qual gostaria que todos participassem; de outro lado o filho, cheio de desprezo e de ciúme de seu irmão, que ele não reconhece mais como irmão. Com efeito, falando dele, diz: “Este teu filho, que devorou teus bens”. (Lc 15,30) O amor e a alegria do pai pelo filho que voltou evidenciam ainda mais o rancor do outro, rancor que indica um relacionamento frio – diríamos até falso – com o próprio pai. A este filho importa o trabalho, o cumprimento do seu dever; mas ele não ama o pai como um verdadeiro filho. Ao contrário, mais parece que lhe obedece como a um patrão.

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado».

Com essas palavras Jesus denuncia um perigo em que também você pode incorrer: viver apenas para ser uma “pessoa de bem”, baseando sua vida na busca da perfeição e criticando os irmãos “menos perfeitos”. Na verdade, se você estiver “apegado” à perfeição, construirá o seu ego sem Deus, ficará cheio de si, cheio de admiração pela própria pessoa. Será como o filho que permaneceu em casa, e que enumera ao pai os seus méritos: “Há tantos anos que eu te sirvo e jamais transgredi um só dos teus mandamentos” (Lc 15,29).

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado».

Com essas palavras, Jesus se contrapõe à atitude segundo a qual a relação com Deus estaria fundamentada apenas na observância dos mandamentos. Essa observância, porém, não é suficiente. Também a tradição judaica está bem consciente disso. Nessa parábola Jesus põe em evidência o Amor divino, mostrando como Deus, que é Amor, dá o primeiro passo em direção ao homem, sem levar em consideração se ele merece ou não; Deus quer que o homem se abra a ele para poder estabelecer uma autêntica comunhão de vida. Naturalmente, como você pode entender, o maior obstáculo diante de Deus-Amor é justamente a vida daqueles que acumulam ações, obras, enquanto Deus quer simplesmente o coração deles.

«Mas era preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado».

Com essas palavras, Jesus convida você a ter, diante do homem pecador, o mesmo amor sem limites que o Pai tem para com ele. Jesus o convida a não julgar, segundo a sua própria medida, o amor que o Pai tem para com qualquer pessoa. Convidando o filho mais velho a compartilhar a sua alegria pelo filho encontrado, o Pai pede também a você uma mudança de mentalidade. Na prática, você deve acolher como irmãos também aqueles homens e mulheres pelos quais nutriria apenas sentimentos de desprezo e de superioridade. Isto provocará em você uma verdadeira conversão, porque o purifica da sua convicção de ser “mais perfeito”, evita que você caia na intolerância religiosa e o faz acolher, como puro dom do amor de Deus, a salvação que Jesus lhe proporcionou. Chiara Lubich Esta Palavra de vida foi publicada originalmente em março de 2001.

agosto 2011

“Eis-me aqui para fazer a tua vontade”.

Esta Palavra nos oferece a chave de leitura da vida de Jesus, ajudando-nos a colher o seu aspecto mais profundo e o fio de ouro que liga todas as etapas de sua existência terrena: a sua infância, a sua vida particular, as tentações, as suas escolhas, a sua atividade pública, até a morte na cruz. Em cada momento, em cada situação Jesus visou uma única coisa: fazer a vontade do Pai; e a cumpriu de modo radical, não movendo um dedo fora dela e repelindo até as propostas mais sugestivas que não estivessem em pleno acordo com aquela vontade.

“Eis-me aqui para fazer a tua vontade”.

Esta Palavra nos faz compreender a grande lição que Jesus com toda a sua vida nos quer dar. Isto é, que a coisa mais importante é fazer não a nossa, mas a vontade do Pai; tornarmo-nos capazes de dizer não a nós mesmos para dizer sim a Deus. O verdadeiro amor a Deus não consiste em belas palavras, ideias e sentimentos, mas na obediência efetiva aos seus mandamentos. O sacrifício de louvor que ele espera de nós é que lhe ofertemos tudo o que temos de mais íntimo, o que é radicalmente nosso: a nossa vontade.

“Eis-me aqui para fazer a tua vontade”.

Como viveremos então a Palavra de vida deste mês? Também esta é uma das palavras que ressalta explicitamente o aspecto do Evangelho que vai contra a corrente, porque combate uma tendência profundamente enraizada em nós: satisfazer a nossa vontade, seguir os nossos instintos, os nossos sentimentos. Esta Palavra é também uma das que mais se choca com o homem moderno. Vivemos na época da exaltação do eu, da autonomia da pessoa, da liberdade como fim a si mesma, da auto-satisfação como realização do indivíduo, do prazer considerado como o critério das próprias opções e o segredo da felicidade. Mas conhecemos também a que consequências desastrosas esta cultura nos conduz. Pois bem, esta cultura fundada na satisfação da própria vontade encontra a oposição daquela de Jesus totalmente orientada ao cumprimento da vontade de Deus, com os efeitos maravilhosos que ele nos garante. Procuremos então viver a Palavra deste mês, escolhendo também nós a vontade do Pai e fazendo dela, como Jesus fez, a norma e a motivação de toda a nossa vida. Assim vamos nos aventurar numa divina aventura que nos encherá de gratidão a Deus. Graças a ela nos faremos santos e irradiaremos o amor de Deus em muitos corações. Chiara Lubich Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em dezembro de 1991.